99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz (USA)

 

Ação 34: Mantenha os seus sentidos aguçados.

 

A nossa visão, a audição, o olfato, o paladar, e o tato são nossas  conexões com o mundo. Eles indicam o nosso relacionamento com o que nos rodeia. Sem eles, nós viveríamos em um compartimento escuro e sossegado. Muitas pessoas mais idosas tendem a se retirar do mundo. Uma das principais estratégias para se viver até os 100 e ter vitalidade todo o tempo, é manter todos os sentidos ligados e atentos para o mundo. Administrar os nossos sentidos em um patamar mais elevado de planejamento para desenvolver a resistência. É do conhecimento geral que os nossos

sentidos vão se enfraquecendo conforme vamos envelhecendo. Noventa por cento das pessoas que chegam aos 90 anos, são portadoras de alguma forma de catarata. Igualmente, os remédios que as pessoas tomam, podem ter seus efeitos nos sentidos: por exemplo, a aspirina afeta a audição. Se nós queremos permanecer engajados por dez décadas, nós precisamos ser ágeis e estarmos motivados. Quando nós perdemos o contato com o mundo que nos cerca,  a nossa mente tende a vaguear. A privação sensorial resulta em perda de ambição e da consciência de nós mesmos no mundo. Rotineiramente, eu vejo  pacientes idosos que têm sido  trazidos por seus familiares devido a essa perda. Eles estão agindo deficientemente e com risco de cair fora da vida real.Uma das minhas primeiras verificações é avaliar os seus sentidos. Muitas vezes eu identifico as maiores perdas e prescrevo ações corretivas urgentes. É claro que a tendência é atribuir tudo ao envelhecimento. Os termos "presbiopia" e "presbicuse" ( presbi = velho, opi = visão, cuse = audição) são ouvidos muito frequentemente. Os médicos afirmam, "você não pode ver ou ouvir porque você está velho". Essas atitudes são tanto desatinadas como prejudiciais. A maior parte das deficiências dos sentidos pode ser tratada. As perdas na visão e na audição podem ser tratadas com sucesso. O tratamento pode ser com remédios, com cirurgia, mecânico , ou ambiental. Colírios, operação de catarata, filtros óticos,  e aparelhos auditivos são importantes intensificadores dos sentidos. Nunca é tarde demais para melhorar os sentidos. Nós parecemos mais condicionados em assegurar que os nossos dentes estejam bem cuidados  do que os nossos olhos e os nossos ouvidos. Eu sugiro que a cada cinco anos você precisa fazer um levantamento da situação de todos os seus sentidos, e se você descobrir que alguma deles está interferindo com a qualidade de sua vida, consulte um especialista. A vida é cheia de desafios. Nós devemos estar em condições de reagir com precisão ,rapidez, e de modo adequado para enfrentá-los e canalizar as nossas energias para nosso melhor benefício.

 

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Ação 35: Exercite o seu cérebro

 

O principal mito acerca do envelhecimento se refere ao cérebro. É comumente aceito que o vigor do nosso cérebro diminui com a idade, mas como outras dimensões da existência, a maior parte do declínio não é devido ao envelhecimento, é devido à flacidez intelectual. Como uma perna engessada, quando não usado o cérebro se deteriora. Estudos têm demonstrado que ficar vendo televisão exige menor energia do cérebro que ficar olhando para uma parede. A TV aumenta o estado de inconsciência. Quando uma certa parte do cérebro é estimulada por uma tarefa da vida, vai mais sangue para a área. Por exemplo, a nossa visão é focada atrás do nosso cérebro. Quando nós realizamos uma ação visual, a parte de trás do cérebro recebe um fluxo maior de sangue, e portanto mais oxigênio e nutrientes.

Exercícios para construir a força

O desafio intelectual  e conseqüente enriquecimento causam reais mudanças estruturais no cérebro. Ele cresce, assim como acontece com o  nosso bíceps quando nós fazemos flexão na barra. As finas ramificações  das células do cérebro fazem brotar novos ramos quando o cérebro é estimulado. Nenhuma dessas informações é de algum modo surpreendente. É exatamente o modo como a natureza trabalha. Nossa estrutura e funcionamento dependem de ativa estimulação para crescimento e vitalidade. O mundo natural tem pouca tolerância para organismos que param de crescer. Nosso cérebro não é uma exceção.

Proteção da inteligência

Foi sugerido que o Mal de Alzheimer afeta menos as pessoas inteligentes. Isso não significa que as pessoas inteligentes não pegam o Mal de Alzheimer, mas a teoria sustenta que se nós formos mais inteligentes, nós teremos um cabedal mental maior para usar antes que as deficiências do Alzheimer incomodem. Mas como treinar um cérebro? Isso é onde nós precisamos de muito trabalho. É previsível que certas substâncias do cérebro tais como certos aminoácidos surjam para fazer o nosso cérebro trabalhar para nós. Ninguém sabe se elas funcionam ou não, mas eu faço pouco do nosso eterno esforço para simplificar. Nós precisamos de um programa para exercitar o cérebro de modo a manter o nosso mais significativo órgão estimulado e reativo. Os detalhes desse tipo de currículo ainda não foram elaborados, e ele irá variar grandemente entre nós, mas para os iniciantes eu sugiro que nós escrevamos uma carta por dia, façamos trabalho voluntário, aprendamos uma língua, fiquemos em boa forma física, aprendamos a ser sociáveis, toquemos um instrumento musical, sejamos um agente comunitário e de proteção ambiental, cuidemos de bastantes coisas para sermos necessários.  Usemos o nosso cérebro. Construamos o nosso cérebro.

 

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Ação 36: Construir a memória

 

É mais importante esquecer do que lembrar. Se nós nos lembrássemos de somente 10 por cento de todas as informações que nós recebemos , nós teríamos um bocado de problemas. Os gregos costumavam considerar o cérebro das crianças como uma pedra de ardósia vazia,  aonde as experiências da vida vão sendo registradas. Agora imaginemos a confusão que iria ocorrer se tudo o que nós ouvimos, vimos, sentimos, cheiramos, provamos, e aprendemos estivesse junto em um quadro negro. Nós precisamos de um eficiente apagador para viver efetivamente.

A memória e o envelhecimento

Quantas vezes nós ou os outros  lamentamos  que nos lembramos de muita coisa? Geralmente  a reclamação é ao contrário. Diz-se que a perda de memória é uma das conseqüências inevitáveis do envelhecimento, e é, de alguma forma. Uma pessoa jovem pode se lembrar de uma média de oito a dez nomes em uma lista, as mais velhas de seis a oito. Contudo se nós treinamos a pessoa mais velha, ela pode aprender a se lembrar de trinta a quarenta nomes. É claro que se nós treinamos uma pessoa jovem, ele irá de novo suplantar o estudante mais velho, mas o ponto central é que o treinamento dá ganho, e esse ganho é muito maior que a perda ocasionada somente pelo tempo. Há essencialmente dois tipos de memória, a curta e a longa. A memória de curto prazo é aquela para tarefas obrigatórias, como se lembrar de um número de telefone quando nos é passado -- mas que nós iremos esquecer rapidamente se ele não for repetido e depositado na nossa gaveta da memória de longo prazo, onde são arquivadas as pistas das nossas informações importantes. Diz-se que a memória tem três componentes: o registro, a retenção, e a recuperação. Registrar significa codificar o evento, colocá-lo, ou nomeá-lo dentro do banco do curto prazo concentrando-se atentamente no esforço de se lembrar. Com agitação ou distração, a codificação não irá registrar. A retenção exige a repetição para segurar o item na memória de longo prazo. A recuperação envolve a lembrança e o reconhecimento. Quanto mais rica a rede da qual poderá ser extraída a lembrança e o reconhecimento, melhor será a memória.

Ameaças à memória

Nós sabemos pouco como melhorar a memória, mas nós sabemos muito sobre o que a piora. A mais importante ameaça para a nossa memória é o Mal de Alzheimer, que rouba de milhões de pessoas seus tesouros mentais e emocionais, mas a hipertensão, a depressão, e muitas outras doenças também nos roubam a nossa duramente conseguida herança intelectual. Muitas drogas, especialmente o álcool, embotam a nossa habilidade de lembrar. Alcançar os 100 exige a criação e a retenção de experiências dignas de uma rica vida. Nós precisamos da nossa memória para registrar nossos bons e maus esforços. Ela nos dá a oportunidade  de fazer escolhas esclarecidas, o que  vem a ser afinal a vida em primeiro lugar.

 

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Ação 37: Seja metódico

 

Quando 1.200 centenários foram entrevistados para se descobrir seu segredo para a longevidade, 90 por cento do grupo destacou o papel do método em suas vidas. Regularidade -- não dinheiro, nem genética, nem saúde -- encabeçava a lista das atitudes benééficas. Entretanto, esse elemento parece estar privado de um apelo mais emocional e mesmo intelectual. Eu não posso imaginar, por exemplo, uma Associação Nacional para o Avanço da Ordem. Mas quanto mais eu leio e compreendo, mais me impele a idéia de manter a ordem. Nós sabemos que as pessoas casadas vivem mais, que os eventos da vida solteira prejudicam a longevidade, que as desordens físicas e mentais são fatores de risco. Ordem significa saúde. Saúde significa ordem. Ordem significa manutenção  da melhor forma e funcionamento. Um corpo sadio está em perfeita ordem, mantido assim por uma corrente de energia. Um frágil ramo ou corpo está com pouca ordem. Ele não trabalha bem, ele precisa de uma transfusão de energia. Crescimento  e adaptabilidade não podem ocorrer sem o efeito de ordem de uma corrente de energia

Mantendo a ordem do corpo

Como podemos transformar a necessidade de ordem em regras práticas?

 Primeiro, mantenha-se em movimento.

A maior parte do corpo serve para fins de movimento, e usando os músculos, ossos, juntas e tendões para as suas finalidades, ficarão asseguradas suas formas e funções.

Segundo, mantenha o aprendizado.

Para o cérebro, o desafio é tão essencial  quanto o movimento o é para os músculos. O aprendizado não deveria estar confinado nas duas primeiras décadas da vida. Nova pesquisa  mostra claramente que o cérebro usado não enferruja. Além disso, aprender a viver muito traz consigo a alegria de ver as coisas. Quanto mais complexa é uma coisa, mais organizada ela é -- como uma floresta tropical. As coisas complexas têm muitos elementos de suporte que mantêm um funcionamento bem organizado.Diferente das máquinas, que parecem enguiçar na proporção direta do número de suas partes, o nosso corpo -- e particularmente o nosso cérebro -- é mais saudável quanto mais complexo e bem usado ele é.

Terceiro, mantenha frias as emoções.

Quando a raiva, a ansiedade, ou a depressão aparecem além de uma margem controlável, elas colocam em risco o nosso controle emocional. "Tudo com moderação" tem sido a regra por milhares de anos – também para moderar o temperamento. Um modo de agir com raiva não é bom nem para a saúde da pessoa com raiva, nem para as outras pessoas.

Quarto, mantenha os sentidos apurados.

Os sentidos são as nossas antenas para o mundo e precisam estar em condições de receber as mais recentes informações do mundo em que vivemos. Quanto mais velhos vamos ficando, mais importantes os nossos sentidos para a nossa efetiva sobrevivência.

Quinto, mantenha as tradições.

O tempo é um honrado professor e o conhecimento das tradições pessoais e da comunidade é uma valiosa memória. Relembrar como certas datas e ocasiões têm sido celebradas no passado nos traz elevado significado e auto-suficiência. Quanto mais velhos vamos ficando, mais importante é o nosso papel em manter os arquivos

das experiências compartilhados. A experiência acumulada nos conduz à sabedoria, e os velhos são os preciosos proprietários do casa onde vive a sabedoria.

Sexto, renove-se a si mesmo.

Uma das grandes glórias da vida é a sua quase infinita capacidade para se renovar. Renovar significa reorganizar, reagrupar. Se o recesso e o desligamento são obtidos por um processo de uma consciente renovação, a ordem é reconquistada e o rigor garantido. Nós nunca somos demasiado velhos para renovar. A ordem emerge, então, como o indicador principal de um envelhecimento de sucesso. A ordem não está no domínio exclusivo dos físicos teóricos, ela é, de fato, a chave para se tornar um centenário.

 

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Ação 38: Seja atraente

 

A razão porque as mulheres vivem mais que os homens é que elas costumam se vestir  como se estivessem indo para um banquete diferente dos homens, que sempre parecem estar seguindo para um funeral.

Pratique a higiene

Se você quer chegar aos 100, seja animado, atraente, e asseado.Mantenha um brilho nos seus olhos e no seu andar. Mantenha os seus cabelos limpos e penteados. Esteja bem barbeado. Conserve os seus dentes em boa forma, e mantenha uma boa higiene.Nada é mais motivo  de repulsa do que uma pessoa com odor desagradável. Seja esbelto. Seja forte. Torne-se amigo do seu barbeiro ou cabeleireiro. Um banho quente de chuveiro faz qualquer um sentir-se décadas mais jovem.  

Manter-se asseado. Vestir-se bem

Mantenha suas roupas limpas e cuidadas.A aparência desleixada não ajuda em nenhuma idade, ao contrário serve para transmitir imagem de decadência e deterioração. Roupas velhas são apropriadas se elas não estão rasgadas, mas é importante de vez em quando comprar coisas novas. Os gurus da moda gostariam que a gente acreditasse que a roupa cria a nossa personalidade. Pode ser um exagero de venda, mas não há dúvida que a nossa auto-imagem é determinada em boa escala pelo tipo de pano que nós enrolamos em torno do nosso corpo. Apesar das minhas sugestões, contudo, não usemos roupas como um disfarce.Mostremo-nos como somos.

Abrace a experiência

A nossa pele fica flácida  conforme vamos ficando velhos. A perda da elasticidade é uma das marcas reais do envelhecimento. A pele de cima das mãos do idoso demora mais tempo para voltar à posição do que a de uma pessoa jovem. Essa falta de elasticidade causa rugas e torna flácidos  pele,  pálpebras , e  seios. Para muitos de nós, essas rugas são troféus, que conseguimos a duras penas. Eu acho as faces dos idosos atraentes e muito mais interessantes que as dos jovens, que ainda não foram marcadas pela experiência da vida. Essas telas ainda não foram pintadas. Muitos, contudo, consideram as rugas mais depreciação do que prestígio. A mãe de 85 anos de um colega meu se aproximou de mim há alguns anos atrás para saber a minha opinião se ela devia fazer uma plástica no rosto. Ela certamente não precisava da minha benção para isso, mas eu lhe disse que uma plástica no rosto normalmente dura somente dez anos, sendo assim quando ela estivesse com 95, ela certamente precisaria fazer outra. Esse fato não a deteve de modo algum.

Irradiar saúde

Ser atraente representa a média -- nem muito  nem pouco, nem pequeno nem  alto, de nariz , olhos, e lábios médios – todos ligados a um gentilmente oculto desejo de cultura. A saúde e o vigor estão inerentes. Conforme envelhecemos o desejo da capacidade reprodutiva torna-se de pouca ou nenhuma importância, mas permanece o resíduo da mensagem de muita saúde e de atração.  Naturalmente, nós gostamos de estar junto daqueles que irradiam bons sentimentos e otimismo. Conforme vamos chegando aos 100, nós precisamos manter as nossas calças com vinco, os nossos sapatos lustrados, o nosso cabelo esmeradamente cortado, e o nosso sorriso sempre presente.

 

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Ação 39: Reconhecer que  sexo é para a vida

 

É o sexo após 50 um ato não natural, um resíduo declinante escolhido pela natureza somente para aqueles da idade reprodutiva? Ou é o sexo um assunto de qualidade de vida, uma função central a ser protegida e estimada, como respirar ou comer? O sexo está bem ligado à essência da vida. Alguns biólogos afirmam que tudo nele é para a vida. De todas as nossas funções vitais, o sexo é a mais secreta e escondida do mundo, e para maior tristeza, ele é igualmente escondido de nós mesmos. Freud fez fama ao nos ensinar como todos nós reprimimos a nossa sexualidade básica. Ninguém é mais reprimido que o velho. Essa repressão é doentia, desnecessária, e completamente estúpida. Masters e Johnson, nossos mais apreciados sexólogos, afirmam que a chave é a educação. Quanto mais nós aprendemos sobre sexualidade ao longo de nossa existência, tanto mais  ficaremos em condições de redefinir nossos próprios potenciais conforme vamos envelhecendo.

Mitos sexuais

Todo o campo da gerontologia está cheio de mito, e em nenhuma parte é a mitologia mais preponderante que na área do sexo. O primeiro e o mais impregnado mito se refere à realidade do sexo após os 50. A verdade é que o velho tem capacidade. O velho faz. O idoso é mais sexual do que o jovem o acha e é mais sexual que ele mesmo idoso acha. Eu não quero dizer que o velho possa e faça sexo do mesmo modo como o fez nos 20 anos. O que é o mesmo nos 70 e nos 20? Nós estamos errados ao tentar nos comparar agora  como o que éramos cinqüenta anos atrás; em vez disso, tentemos olhar para os outros da mesma idade. Aqui é onde o índice de ignorância é muito alto.

A causa da inadaptação

Até recentemente a inadaptação sexual nas pessoas idosas era considerada ser grandemente psicológica. Agora nós sabemos que podem haver também numerosos problemas físicos, doenças e uso de remédios entre outros. De fato, a maioria dos problemas sexuais nos idosos são físicos. Para os homens, eles envolvem problemas de potência, para as mulheres, de oportunidade. Tanto o homem como a mulher devem dar a si mesmos a permissão de permanecerem sexuais.Os idosos de ambos os sexos devem compreender que sexo não é só aprovar pensar a respeito e  preservar, mas uma força maior e positiva de vida. A famosa expressão "Use-o ou perca-o" ecoa freqüentemente. Uma característica chave da sexualidade é a responsabilidade. Muito da imagem negativa que cerca o sexo em geral provém de uma amplamente divulgada falta de respeito pelos outros e mesmo para consigo mesmo quando os humores orgânicos começam a fluir. Conforme vamos envelhecendo, esse problema vai ficando cada vez menos relevante. O compromisso e a intimidade,  para que sejam as positivas forças de vida que devem ser, exigem fácil comunicação e constante confiança mútua. Uma robusta vida sexual nos 90 e além, é o ideal. Tudo o que se precisa é disposição e sensibilidade. Sensibilidade é o conhecimento de que a fonte da auto-identificação e da glória podem ser nossa todo o tempo, e disposição é a coragem de conservar o sexo livre e romântico, novo e saudável. Alex Comfort escreveu que fazer sexo é como andar de bicicleta. Exige um pouco de energia e um pouco de equilíbrio, é bom para nós , e é ocasião de muito divertimento.

 

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Ação 40: Esteja em contato

Ninguém,  homem ou mulher é uma ilha. Ninguém está sozinho. A evidência da importância da intimidade na meninice é clara. Um dos maiores riscos da institucionalização do final da vida é a perda da oportunidade de dar e receber intimidade, e a perda da oportunidade de intimidade é o supremo desligamento e o risco de uma verdadeira dependência.O relacionamento não é só necessário no início da vida, mas também no final. Estudos demonstraram que as pessoas relacionadas têm menos da metade dos índices de mortalidade que as solitárias, e que quanto mais estreito o relacionamento, mais poderoso o efeito de sobrevida. Viver sozinho é ruim para o nosso coração, ruim para a nossa imunidade, ruim para a nossa mente. A chave para manter vivos os ratos em laboratório não é o cuidado nutricional ou médico, mas a simples possibilidade de TAC (ternura, amor e cuidado). Os ratos velhos vivem muito mais simplesmente porque eles são bem tratados.Isso me soa bem.

Estendendo para outros casos

Como médico, eu identifico a força do tocar. Eu tenho diversos pacientes em asilos. Muitas das suas situações são bastante delicadas. Apesar de "intocáveis" como parecem, eu tenho o hábito de  tocá-los, mesmo aqueles que parecem insensíveis e hostis. Eu não sei se isso os ajuda, mas eu tenho certeza que me

ajuda. Ronald Reagan relembra a enfermeira que segurou a sua mão depois que ele foi baleado. "O fato de ela segurar a minha mão enquanto eu lá estava estendido com uma bala no peito, ajudou a salvar a minha vida”. A presença de rosto amigável -- e o toque -- são uma força inexplorada no ambiente asséptico das salas de emergência e unidades de tratamento intensivo. Um programa de toque revela cinco diferentes variedades através de um espectro de intensidade: (1) funcional, (2) social, (3) amigável, (4) para sentir a sensação, e (5) sexual. Nós precisamos de todos os cinco, mas os problemas surgem em quando e como aplicar e receber. Assim como em outras ligações humanas, o estímulo precisa ser apropriado para o doador e o receptor. E assim como nós precisamos aprender como tocar, nós também precisamos aprender como ser tocado. Muitos de nós somos avessos ao toque. No limite, isso leva ao desligamento: "Deixe-me sozinho! Não me toques!".  Em um limite inferior é mais comum a tendência de se evitar situações em que o toque é provável de acontecer. Tocar alguém e ser tocado é de alguma forma arriscado. Isso envolve a natureza do contato, e é crítica a reciprocidade do contato. Conforme nós vamos ficando velhos inteligentemente, nós devemos nos lembrar e realçar a importância do toque. Para a maior

parte da natureza, o toque é uma ferramenta de sobrevivência -- e com toda a probabilidade é para nós também.

Diferença na duração da vida

Uma das principais barreiras ao toque e à intimidade conforme vamos envelhecendo é a diferença entre a duração da vida do homem e da mulher. Muitas mulheres casadas ficam viúvas por mais de oito anos no final de suas vidas. O que nós esperamos fazer a respeito dessa ainda não bem explicada diferença  nas médias de idade de morte de homens e mulheres? Nós homens estamos tentando nos desempenhar melhor ao lidar com essa grande desvantagem (principalmente procurando continuar saudáveis na velhice). "Fome de toques" e "inanição por falta de intimidades" são os maiores problemas para nós que ousamos chegar aos 100. Abrace, acaricie, aconchegue-se, afague, coce, mime, mantenha-se em contato. Este conselho é  melhor remédio que todos os que eu tenho na minha pasta preta. 

 

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Ação 41: Siga a receita de ter um bicho de estimação

 

Um canto dos Sioux diz, "Eu canto para os animais". O que seria do nosso mundo se nós fôssemos os únicos animais? Se não houvesse sabiás, cangurus, aranhas, tigres, rãs, águias, ursos, borboletas, cachorros? Que solitário e triste planeta ele seria. Os animais fazem parte da nossa família. Eles nos dão muitas coisas em milhões de maneiras.

Desenvolvendo os laços

Os bichos de estimação são formidáveis para pessoas de qualquer idade, mas eles são de particular significado para os idosos. Eles muitas vezes se tornam um substituto da família de um idoso. No começo da vida em nossa maioria  temos os felizes laços dos membros da família para nos nutrir e sustentar. Quando envelhecemos, as nossas famílias se fragmentam, e muito frequentemente um solitário idoso fica para trás. Acolha um bicho de estimação. Uma recente viúva de 74 anos pode usufruir de grandes benefícios com a companhia de um animal. Um asilo é

um lugar coerente para a presença de um animal. Podemos ser criativos na escolha do tipo de animal -- além da escolha comum de cachorro  e gato -- incluir peixes tropicais, pássaros, cervos, esquilos e coelhos, até mesmo furões e cobras. Ter um animal nos compromete  a cuidar de alguma coisa fora de nós mesmos. Significa ser responsável pelos desejos e necessidades de um outro. Tal relacionamento entre os humanos e os bichos cresce somente com um espírito generoso. Contudo o valor de um relacionamento com um animal, como tudo na vida, é diretamente proporcional à energia  e ao cuidado que investimos. Se nós estamos querendo aprender e mostrar respeito mútuo, os animais podem nos ensinar muito acerca da vida. A observação do ciclo de vida de um animal ajuda-nos a entender melhor as nossas próprias fases da vida. A experiência da morte de um animal de estimação ajuda-nos a entender a nossa própria mortalidade. A tristeza causada pela sua falta é uma intensa experiência humana, e o sentimento de perda deve constar do nosso cardápio dos eventos da vida.

Benefícios para a saúde

A existência dos fortes laços emocionais entre os humanos e os animais de estimação tem levado a inumeráveis esforços para se usar os animais como terapia para uma grande diversidade de sofrimentos humanos. Esfregar as orelhas dos nossos cães não

somente abaixa a  pulsação e a pressão sanguínea deles como também as nossas.Os pacientes  que tiveram um ataque do coração e que também têm um animal de estimação, têm uma recuperação mais fácil do que aqueles que não têm um bichinho.O controle da diabetes é melhorado se há um animal em casa. Tanto a sobrevivência com câncer como a recuperação após uma cirurgia são ajudadas pelo relacionamento com um animal amigo. Os animais são admiráveis antidepressivos. Como poderia alguma depressão resistir à alegria e ao entusiasmo de um cachorrinho de pêlos dourados que traz de volta algo que foi atirado? De modo semelhante pessoas com deficiência  neurológica parecem decobrir que os animais de estimação proporcionam  forte apoio ajudando-os a vencer suas limitações. A intimidade de uma cabeça macia, de uma língua quente, e de um rabo abanando é de fato um poderoso remédio. Em última análise, um animal de estimação é um excelente médico e um caro amigo.

 

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Ação 42: Mantenha uma sólida família

A família é o abrigo moral. É dentro da estrutura da família que nós aprendemos primeiro os nossos valores. Todos nós começamos a vida em uma estrutura de família -- muito menos terminamos a vida dessa maneira. Alguma coisa ficou perdida ao longo do caminho. No relacionamento  familiar, nós deixamos de ser um  indivíduo solitário. A família nos ajuda a resolver problemas, dividir tensões, e desenvolver defesas comuns. Em teoria, nosso relacionamento com as personalidades que mudam em nossa vida deveria ficar mais rico conforme nós atravessamos as etapas da vida. Como crianças, nós somos receptores da energia de nossos pais. Conforme vamos vivendo, o nosso papel muda de receptor para doador de energia. Quanto mais velhos vamos ficando, mais nós teremos que doar. Naturalmente, a sociedade não reconhece sempre  essa contribuição.

Habilidades da vida

Os biologistas ensinam que nós mantemos a ligação e a devoção em proporção direta  com o material genético repartido – aquela conexão de família que traz o sentido de sobrevivência -- e nós construímos nossas estratégias de vida para dividir o objetivo comum da sobrevivência da família. Com a divisão dos objetivos, surgem os planos de vencer-vencer -- uma atitude "um por todos e todos por um". São desenvolvidas as habilidades de relacionamento dentro da família, habilidades de relacionamento que irão ajudar na interação com o resto do mundo. Neste sentido, a unidade familiar torna-se a sala de ensaios para o teatro da vida. As negociações  e as soluções de problemas que ocorrem entre os membros de uma família, envolvem as mesmas habilidades como as necessárias  no local de trabalho e na comunidade mundial como um todo. É claro que a família não existe sozinha. A unidade familiar vive no seu próprio ambiente  social, como acontece com cada indivíduo. O desenvolvimento de recursos repartidos e a capacidade de competir possibilitam uma força coletiva que nenhum indivíduo sozinho pode mobilizar.O ninho serve-nos admiravelmente como um primeiro lar, mas ninguém pode abrir por nós as nossas asas. Essa responsabilidade é só nossa. Um crescimento bem sucedido implica no desenvolvimento simultâneo da força individual e a preservação do contexto familiar. Neste mundo acelerado, a vida em família é uma opção --  não uma necessidade. A mudança no ambiente social, particularmente a abertura do mercado de trabalho para as mulheres, destruiu os modelos tradicionais. As famílias com um pai ou uma mãe são lamentavelmente comuns. Eu mantenho a minha convicção de que o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo ocorrem melhor em lares com pai e mãe. A continuidade do relacionamento é dispensada na família de um pai ou uma mãe.

Prevalece a desordem. 

A família deve ser cultivada

As estruturas organizadas exigem um constante suprimento de energia para sustentá-las. Com a família não é diferente. A premissa comum é que a família é tão natural que ela mais ou menos cuida dela mesma. Não é assim. Ela deve ser cuidadosamente e entusiasticamente cultivada. Um dos elementos da preservação da integridade da família é o restabelecimento do papel dos membros mais velhos na unidade funcional. Muitas vezes os membros mais velhos da família -- o avô, a avó, e outros – são vestígios inúteis, confusos nos seus papeis. As gerações mais jovens também não sabem o seu papel. Alem disso, a existência de famílias com quatro gerações está cada vez mais comum. A segunda geração a partir de baixo, comumente chamada de geração "sanduíche", torna-se o centro vital, ficando as outras três dependentes deste centro. Essa estrutura não é normal e não pode ser mantida funcional. As outras gerações mais velhas precisam afirmar suas continuadas responsabilidades e exercer seus futuros papéis cedo na vida. Nos seus "90" a minha mãe estava confusa, porque ela sabia como reagir com as minhas crianças e com as crianças dela -- ela afinal não esperava viver tanto.Nós, porém, devemos esperar nos tornarmos avós e bisavós e planejar os correspondentes papéis como  integrantes da família em evolução.  O pessoal mais velho tem mais tempo para ouvir, tem menores urgências pessoais, e um desenvolvido senso do contexto. Ele é o arquivo da família. O membros mais velhos são os profetas da família, são as placas de sinalização que mostram aonde os jovens podem ou não podem ir.

Palavras finais:

Conforme caminhamos para os 100, as nossas oportunidades e responsabilidades na família vão mudando, mas continuam.O sucesso da nossa cultura, e a qualidade das nossas vidas, são fortemente dependentes do nosso respeito para com a nossa família e de como cuidamos dela.

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Ação 43: Não leve a você mesmo tão a sério

 

Meu pai costumava perguntar, "Quem irá se lembrar daqui a cem anos? " Essa simples pepita de sabedoria tem me ajudado em   milhares de mini-crises -- situações que eu pensava que o destino havia escrito todas elas mas que eram na realidade pequenos sinais na grande tela de uma vida. Tal modo de ver é ainda uma outra vantagem de se ir ficando mais velho. O mundo, é claro, é do jeito que ele é; o modo como o percebemos é que é decisivo. Norman Cousins encantou na discussão das emoções positivas. Há vários anos atrás eu organizei um encontro de um dia inteiro de seis neuroquímicos de peso com Norman. Nós nos  reunimos no Centro da Ciência do Comportamento em Stanford. Durante horas, os cientistas descreveram os apurados novos estudos sobre depressão, raiva, ansiedade. Norman não disse nada até quase a  hora do intervalo. "Mas vocês não acham que as emoções positivas de amor, cuidado, comprometimento têm efeitos semelhantes mas opostos no cérebro? "A assembléia de cientistas pestanejou, e silenciosamente meneou a cabeça, concordando. Nào há estudos sobre o que pode dar certo -- somente sobre o que pode dar errado.

O humor melhora a saúde

Todos nós sabemos do valor da risada -- Norman costumava chamá-la de "corrida interna"-- e o campo de humor tem sido submetido à análise científica. Nossas endorfinas crescem quando Jonathan Winters, Bill Cosby, ou Robin Williams aparecem na tela da TV. Nossa resposta imunológica  aumenta . O humor parece ser proveniente de uma combinação incomum, inesperada. Na sua melhor forma ele nos permite comentar os confusos conceitos e absurdos  da nossa existência. Ele permite flexibilidade e plasticidade e nos previne da rigidez de pensamento e de ponto de vista. Muitas vezes um paciente entra em meu consultório com muitas lamentações  sobre os últimos  40 anos. Por si só, o comprimento da lista  é um aviso. Eu ouço com o maior respeito que posso e freqüentemente comento, "Nenhum entre nós é saudável o suficiente para contestar esse auto-exame que o senhor mostra. Se algum de nós tivesse que olhar em um espelho de aumento e se preocupar com a análise que tal exame iria revelar inevitavelmente, nós teríamos uma lista igual à sua. "Saúde e humor demonstram uma falta de auto-consciência e um ativa reciprocidade com o resto do mundo. A tolerância é a prima do bom umor. O bom humor nunca é cruel. Se ele machuca, ele não é bom humor.

O humor conduz a soluções

O humor  pode desintoxicar não somente a doença médica, mas ele também pode ser usado como uma tentativa para resolver problemas em inúmeros níveis.  Impasses políticos, discórdias em família, e desavenças nos negócios podem todos ser resolvidos por uma apropriada analogia humorística. Menos pose e menos ar de superioridade -- e mais generosidade de espírito -- leva os distúrbios de todas as sortes para um foco mais claro e para a ordem. Ninguém será tão velho para esquecer o Reinado Mágico. Lindas histórias nunca estão abaixo da nossa superfície. Os palhaços provavelmente fazem tão bem como os médicos em proporcionar alívio e compreensão. Nenhum dia será totalmente ruim se ele produz uma risada.

Linhas finais:

Planejar para 100 anos não significa, contudo, usar o humor como uma tola fuga da realidade. Quanto mais velhos ficamos, mais capazes deveríamos ser de nos desviar do vazio e do inútil e encontrar prazer e energia positiva no inesperado e no descontínuo. Reuniões de surpresa são divertidas porque são muito imprevisíveis. Quando cada dia é previsível, a vida é aborrecida. Alguém observou que o tamanho do nosso funeral depende das condições do tempo. Use roupas alegres no seu funeral; faça alguém feliz. Faça com que o seu último pensamento seja de felicidade.

 

99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz (USA)

 

Ação 44: Trabalhar com estresse

 

O estresse é conhecido como um ativo cúmplice em muitas das causas das doenças que rondam os hospitais e os consultórios médicos. Na tabuleta pode estar registrado como problemas cardíacos ou derrame, mas o verdadeiro culpado é muitas vezes o estresse. A velocidade e a complexidade da vida moderna parecem admiravelmente apropriadas para causar o estresse. A alta "densidade de eventos"da existência diária é um contínuo bombardeio para o sistema nervoso.

Como nós reagimos determina o efeito

O estresse é muito mais que somente tempo e mudança. Mais

importante que o acontecimento que causa o estresse é como cada um de nós reage a ele. Algumas pessoas podem marchar por uma estrada com marimbondos e nunca perder o passo. Para outras, um mosquito no mesmo local provoca grande ansiedade. Qualquer vida de valor terá baldes cheios de potenciais produtores de estresse; o segredo do estresse é recebê-lo bem, trabalhar com ele, e usar sua energia e seus desafios para tornar melhor a nossa vida. Uma pesquisa Gallup entre os executivos das 500 maiores empresas listadas na revista Fortune revelou que 60 por cento deles acharam o estresse divertido e criativo.

Manter uma visão do conjunto

O ingrediente central na construção de uma familiaridade em lidar com o estresse é ter uma visão do conjunto. Se nós vemos cada pequeno desvio da rotina como uma ameaça de maiores conseqüências, então nós estamos caminhando para o estresse. O Dr. Robert Eliot, entendido em estresse, aconselha duas coisas: "Primeiro, -- não se angustiar com as pequenas coisas, e segundo, -- tudo são pequenas coisas". É sempre impressionante relembrar mais ou menos um ano atrás e identificar as coisas que nos mantinham acordados à noite. Quase invariavelmente elas se diluíram na insignificância.

Outros redutores de estresse

 

Outros antídotos do estresse são uma saúde boa e resistente e uma visão positiva para reagir ao estresse. É importante também encarar o estresse. Pretender que uma alta conta referente a uma consulta médica ou odontológica vencida, ou a uma disputa familiar não exista, deixa a solução muito difícil. Técnicas de

relaxamento e senso de humor ajudam. O exercício é também um extraordinário redutor de estresse.

Linhas finais:

Um excelente modo de reagir contra o estresse é permitir que nós envelheçamos. Conforme vamos envelhecendo, consideramos os problemas aparentemente intransponíveis de nossa mocidade bastante superficiais. O envelhecer nos traz um modo de ver as coisas que somente o tempo e a experiência podem proporcionar. Finalmente, ficar mais velho é um solvente em que os estresses da vida  pregressa se dissolvem.

Complemento tirado do jornal Gazeta do Povo de 24/12/2001

Artigo do Dr. Luiz Bodachne, médico-geriatra do Hospital Universitário Cajuru da PUC-PR

Você pode e deve administrar o estresse

Palavra de origem inglesa, estresse significa pressão. Na verdade, representa um conjunto de reações do organismo a qualquer solicitação que lhe chega, na maioria das vezes desfavoráveis, sendo considerado doença quando crônico. Afeta todos os seres vivos, sendo seus efeitos proporcionais à intensidade, duração e capacidade de reação do organismo. Em pequenas doses, ele funciona como um motivador.

         Embora seja impossível viver sem uma certa carga de estresse, em dose excessiva pode trazer repercussões para o organismo, tanto na área física como emocional. O conjunto de modificações que ocorrem no organismo frente a situações estressantes é chamado de síndrome geral de adaptação, passando pela reação de alarme (alerta), resistência (luta) e, finalmente, a fase de exaustão (esgotamento). A adaptação fisiológica do organismo ao estresse é feita por meio do eixo hipotálamo – hipófise – supra-renais, com a liberação dos hormônios ACTH (hormônio adrenocorticotrófico hipofisário), cortisol e substâncias, tais como adrenalina e nor-adrenalina.

         Frente a um agente estressante, esse eixo é ativado, os hormônios são liberados, ocorre liberação de adrenalina pelas supra-renais e o organismo reage conforme as fases anteriormente citadas. Na luta do organismo contra o estresse podem ocorrer ulcerações no aparelho digestivo, cólon irritável, pressão alta, doenças cardiovasculares, respiratórias, dermatológicas, reumáticas, redução da imunidade com maior propensão a infecções, crises de enxaqueca, irritabilidade, ansiedade, tiques nervosos, insônia, falta de prazer, alterações no humor, no desejo sexual, baixa produtividade no trabalho e, inclusive, câncer, além de acelerar o envelhecimento.

         Medidas antiestressantes. Importante é reconhecer as condições físicas ou emocionais que o desencadeiam (agentes estressantes) e fazer a sua prevenção.

·         Planejar melhor a sua vida, evitando o excesso de trabalho e muitos compromissos ao mesmo tempo. Não leve trabalho para casa.

·         Faça pausas de 10 minutos a cada hora e meia de trabalho.

·         Não deixe sua atividade profissional dominar a sua vida.

·         Não faça tudo sozinho, divida responsabilidade.

·         Aprenda a dizer “não”, sem se sentir culpado.

·         Mantenha um horário para as refeições e procure ter um sono reparador.

·         Procure fazer uma atividade física que seja prazerosa. Exercícios de relaxamento, massagem ou meditação, em média 10 minutos pela manhã e 10 à noite, são úteis. Reduzir a tensão muscular causada pelo estresse.

·         Diminua os ruídos no local de trabalho.

·         Crie atividades de lazer. Não venda suas férias.

·         Cultive um hobby, evitando a competição.

·         Não seja impaciente demais. Poucas coisas são tão “urgentes”.

·         Evite envolver-se com problemas alheios.

·         No trabalho, procure manter uma postura física correta, prevenindo lesões por esforços repetitivos (LER).

·         Evite que problemas profissionais ou pessoais se mantenham por muito tempo.

·         O trânsito quase sempre é estressante. Procure relaxar, ouvindo uma música suave, por exemplo.

·         Mantenha uma atitude positiva e dinâmica em relação à vida. Pessoas com auto-estima muito baixa são mais sujeitas ao estresse.

·         Não utilize tranqüilizantes, antidepressivos, remédios para dormir, laxantes e antiácidos sem orientação médica.

·         Peça ajuda quando houver necessidade.

Ainda da mesma Gazeta do Povo:

Um centenário com muitas histórias

VIVER É MELHOR DO QUE ESPERAR a morte chegar, porque ela pode demorar. Essa é a filosofia de vida de seu Alexandre Ribeiro, que aos 100 anos de idade – apesar de cego e não andar mais – está totalmente lúcido e com boa memória. Ele é natural de Paulo Frontin, sudoeste do estado, mas reside há 50 anos em Pinhão a 48 km de Guarapuava, onde fez sua vida. Como filho mais velho, trabalhou na agricultura para ajudar a criar seus 17 irmãos, depois que o pai morreu. Aos 25 anos, casou-se com uma ucraniana refugiada da Primeira Guerra Mundial. Depois de casado, começou a trabalhar em madereiras, cortando tora e carregando lenha. Eles tiveram 12 filhos, mas pelas dificuldades que enfrentavam acabaram perdendo alguns. “Dois guris morreram de meningite com oito meses. Uma menina morreu em casa e nunca se soube a causa”.

         Mas o centenário não recorda apenas momentos tristes. Diz que antigamente ninguém falava em miséria, não passavam fome e havia muito divertimento. “Felicidade era ir aos bailes, caçar e fumar”, conta. Relembrando os bons tempos, comenta que dançava com as moças da cidade ao som das violas. “Junto com as bonitas iam as feias também. Tinha de todos os tipos, mas as gordinhas é que iam sobrando”, conta animado. Hoje, para o velho festeiro, a alegria está em sua grande família. Com seis filhos vivos, 65 netos, 106 bisnetos e dez tataranetos, seu Ribeiro ainda ironiza. “Por isso que encheu o Brasil, né? Mas ainda tem muito terreno”.

 

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Ação 45: Tenha sentido do tempo

O lema de prevenção do suicídio, "O suicídio é uma solução permanente para um problema temporário" coloca o tempo sob uma nova perspectiva. O desespero do momento e a corrida para uma recompensa imediata não estão ligados a nenhuma dimensão do tempo. A Nova Geração se consome a si mesma a seu tempo e em consequência ela não tem ou tem poucos amanhãs para antecipar. Todos nós estamos pagando um preço por este sentido de falta de tempo.

Os presentes da idade

A possibilidade hoje de uma maior extensão da vida torna imperativo o entendimento do tempo. Se nós temos de morrer aos 20 ou aos 40, a vida longitudinal força que não se tenha uma chance de nos afirmarmos. Os presentes da idade são reais e importantes, mas eles só podem ser alcançados colocando-os no tempo. Em algum lugar nestes artigos eu escrevi do papel central que o tempo desempenha na criatividade. Do mesmo modo o tempo afeta o aprendizado, a experiência , e a sabedoria – todos temas centrais de uma vida de sucesso. O processo do conceito sequencial traz força particularmente à pessoa culta.

Efeitos das escolhas na vida

O efeito das escolhas na vida demora para aparecer. Um corpo são ou uma mente sã envelhece a uma taxa de 1/2 por cento ao ano. Isto é lento. Comparativamente falando, um corpo ou uma mente doente se deteriora a 2 por cento ao ano -- ainda uma taxa não muito rápida -- mas quando nós multiplicamos essas pequenas diferenças entre 2 por cento e 1/2 por  cento ao ano por 30 ou 40 anos, a variação a curto prazo é ampliada muitas vezes. Estudos de pesquisa sobre envelhecimento são impedidos por tal falta de tempo de apreciação. Qualquer esforço para melhorar a qualidade de vida do idoso tem a esperança de agir rápido -- e barato. Infelizmente, os déficits que se acumularam em décadas são de um tipo diferente de, por exemplo um indivíduo dar uma volta em movimento. As experiências com o envelhecimento, porém, demandam um longo tempo de execução, e os resultados são modestos. A solução  rápida geralmente não funciona com os problemas que aparecem mais tarde na vida. Esse fato não deve, contudo, ser motivo  para não se fazer um esforço. A idade nunca é uma desculpa para não se tentar. Nunca é tarde demais. Gian Carlo Menotti diz que a idéia de inferno é achar que é  "tarde demais".

Metas para uma vida

A habilidade em planejar para toda uma duração de vida é decisiva. Nós precisamos metas de curto e de longo prazo. O que nós pretendemos ser na idade dos 90? A resposta depende do planejamento e da confiança de que a aparente distante idade não é só possível, mas provável.

Linhas finais:

Nossa habilidade em predizer e gerir nosso destino depende em grande medida da competência que nós temos desenvolvido em décadas de experiência de vida. O tempo permite esse desenvolvimento acontecer e por ele mesmo facilitar o sucesso, mas somente se nós tivermos a habilidade de usar esse presente. O tempo não deve ser o inimigo, mas o maior aliado. Nós precisamos compreendê-lo e usá-lo para os nossos melhores propósitos. O tempo caminha; acertemos o passo com ele.

 

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Ação 46: Conheça o seu primeiro médico

 

Para achar o melhor médico na cidade, pegue a lista telefônica, e procure pelo seu próprio número. Esse é o número a discar para o melhor médico na cidade -- você. O que eu quero dizer é que o melhor médico está dentro da sua própria pele. Certamente, o sistema médico está a postos para toda sorte de heróicos milagres, mas para a grande maioria das indisposições, o auto-diagnóstico e auto-tratamento deveriam ser o primeiro plano de ação. Felizmente, há um bom número de livros de auto-ajuda disponíveis para servirem como nossa consulta e referência. Alguns dos melhores são "Take Care of Yourself" de Vickery e Fries, o "Manual on Self-Care da AMA, e "Healthwise for Life". Apesar de um diligente auto-diagnóstico, contudo, toda pessoa deveria ter um médico para os primeiros cuidados, normalmente um clínico geral ou um médico de família. Os clínicos gerais são amplamente difundidos e podem lidar com 90 por cento dos problemas médicos. Eles também sabem quando e por que nos encaminhar para um especialista.

Ser um paciente ativo

A nossa participação é importante para a nossa saúde. O nosso médico não é chefe; nós somos parceiros em manter o nosso bem-estar. A nossa habilidade em sabermos nos comunicar com o nosso médico também é essencial. Na nossa primeira visita a um provável novo médico, devemos perguntar se ele ou ela compartilha do nosso compromisso de promoção da saúde. O médico que se torna interessado somente quando estamos doentes é uma má escolha.Atende o médico razoavelmente na hora, retorna as ligações prontamente, dá adequadas e corteses explicações? Está

ele ou ela disponível? Nós podemos escolher o maior nome na cidade, mas se o nome não está no outro lado da linha quando nós chamamos, qual a vantagem do nome? Nem todos os bons médicos fazem ligações domiciliares, mas qualquer médico registrado no Conselho que o faça, é uma boa escolha. Prescreve o nosso médico logo pílulas, ou em vez disso tenta resolver nosso problema sugerindo outras estratégias de cura? Uma pílula deveria ser o último -- e não o primeiro recurso. Tentar connhecer a enfermeira é também um bom passo. Nós conheceremos melhor o médico se tivermos um bom relacionamento com a dama (ou o cavalheiro)  de branco. Pergunte a respeito de testes e de medicamentos, entenda as receitas e diagnósticos, esteja ciente dos custos, e pergunte "Quanto?”.

Faça perguntas

Escrever perguntas antes de uma consulta -- e depois escrever um resumo da consulta -- é um auxílio para expressar o valor do encontro com o médico e seu resultado. Se não entendermos alguma coisa depois que deixamos o consultório, liguemos de novo e perguntemos. Geralmente, nós temos medo daquilo que não entendemos. Umas poucas e simples perguntas podem fazer uma grande diferença no esclarecimento das dúvidas.

Linhas finais:

Albert Schweiser escreveu, "Cada paciente carrega dentro de si o seu próprio médico". Estaremos na melhor quando o médico que vive dentro da gente tiver uma chance de trabalhar. Quando nós trabalhamos junto com o nosso médico, a nossa saúde está nas melhores mãos.

 

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Ação 47: Cuidemos bem de nossas glândulas

 

Os hormônios significam -- muito. Nós devemos explorar o seu uso quanto pudermos, mas a atenção com dieta, atitude, renovação, e exercício deve ainda manter a precedência. Se os hormônios podem nos ajudar, entretanto, abracemos a reposição hormonal como parte do seu nosso plano de TENTAR chegar aos 100. Sempre que eu escrevo uma receita eu sinto uma aflição. Eu percebo que eu poderia encaminhar o problema de um modo mais natural. De fato, receitar um remédio é mais fácil, e leva muito menos tempo escrever uma receita que investigar qual dieta, qual exercício, ou quais estratégias que alterem o estresse são mais apropriadas.

Uma exceção

Prescrever hormônios femininos, contudo é uma exceção. Eu acredito firmemente nos intensos benefícios decorrentes do uso do estrogênio. Em certo sentido, hormônios não são remédios; ao usá-los recompletamos o suprimento do corpo de algo que ele produziu por aproximadamente quatro décadas, mas parou de prover em torno da meia vida. É de certo modo como dar insulina a um diabético, reparando uma evidente falta de uma substância que normalmente existiria.

Os benefícios do estrogênio

O principal benefício que o estrogênio proporciona às mulheres mais velhas é a sua proteção contra as doenças do coração e das artérias. Com a exceção das fumantes, as mulheres antes da menopausa são virtualmente imunes a problemas no coração. Porém, após a menopausa, os problemas com o coração nas mulheres começam a superar aqueles nos homens quando o seu colesterol aumenta. O estrogênio proporciona maiores níveis do bom colesterol HDL, e a terapia de reposição hormonal é geralmente aceita como boa para prevenir doença do coração. O segundo maior benefício de estrogênio é a sua proteção contra a osteoporose. A epidemia de fraturas devidas a ossos fracos, 1,2 milhão por ano, é em grande parte atribuível à falta de estrogênio. Este problema é particularmente crítico para as mulheres que tiveram os seus ovários removidos cedo em suas vidas; elas estão em um severo risco de osteoporose. Há poucos meses passados, um terceiro grande benefício do estrogênio apareceu. Foi mostrado que a incidência do Mal  de Alzheimer é menor nas mulheres que tomaram estrogênio. O mecanismo desta conexão não está claro ainda, apesar de os hormônios sexuais terem sido conhecidos por um longo tempo como tendo efeitos no desenvolvimento do cérebro.

Vantagens e desvantagens

Como em quase tudo na vida, tomar estrogênio tem vantagens e desvantagens. Um maior risco de câncer no útero e nos seios foi registrado nas mulheres sob reposição hormonal. Minha suspeita, contudo, é que muito desse aumento tenha sido resultante de um exagerado uso dos hormônios. Alguns médicos prescreveram sem intenção doses maiores que as normais. Para compensar esse efeito, muitos ginecologistas aconselham o uso simultâneo de progesterona, o outro hormônio do ovário. Por outro lado, o problema dessa estratégia é que a progesterona anula parte do efeito protetor do estrogênio. A comunidade médica está ainda trabalhando em combinações que limitem esse inconveniente da progesterona, tal como usá-la somente a cada três meses, por exemplo. Outro efeito colateral do uso do hormônio, incluindo tendências para retenção de líquido e formação de coágulos, devem ser tratados individualmente. Entretanto, se não houver maiores alterações, eu ainda sou a favor do estrogênio.

O que dizer a respeito da testosterona?

Assim como o estrogênio é bom para as mulheres, será a testosterona boa para os homens? Apesar dos níveis de testosterona baixarem com a idade, isso não se dá na mesma escala que o estrogênio. Além disso, a testosterona estimula a próstata, que é ainda um grande incômodo no homem idoso. Nós simplesmente necessitamos de maior informação antes que uma ampla prescrição de testosterona possa ser julgada apropriada.

 

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Ação 48: Seja um bom perdedor

 

Quando eu era jovem, eu odiava perder. Eu explodia toneladas de mau humor quando o meu time perdia ou os meus parentes mais velhos ganhavam de mim no jogo de baralho. Mas o tempo foi passando e eu cresci. As perdas ainda me machucam, mas o tempo me ensinou que o sol ainda aparecerá amanhã. Mais uma vez, o tempo traz uma visão global. O desenvolvimento durante qualquer período da vida reflete a dinâmica interação entre ganhos e

perdas. Essa dinâmica traz um balanço menos positivo conforme vamos envelhecendo. Inevitavelmente o envelhecimento acarreta perdas. Nós simplesmente devemos saber que a cada dia um pouco d'água derrama do nosso copo. Mas está o copo parcialmente vazio ou parcialmente cheio? Se nós o vemos todo o tempo como se esvaziando, é possível cairmos vítimas do desamparo e do desespero. O antídoto para essa atitude chama-se esperança. Ela pode ser ensinada e aprendida. Quando a esperança acaba, está tudo perdido. Ellen Langer escreveu, "Não há fracassos, somente soluções inadequadas".  Enfrentar a perda do bom humor  é também uma arma  a se usar ao se enfrentar um resultado negativo. Quando nós podemos sorrir em uma derrota, nós a vemos no conjunto. Nós nos preocupamos com o ocaso de nossas vidas. A morte é usada por alguns como uma justificativa para estragar a festa. No meu ponto de vista, a morte, a perda final, nos aflige por três motivos, sendo que dois deles nós podemos controlar. A primeira coisa que nos aflige em relação à morte é quando ela vai chegar. Quase sempre ela vem muito cedo. A morte de qualquer pessoa jovem sempre nos choca, porque está fora de sincronismo com o que deveria ser. Em nosso nível pessoal, nós podemos evitar essa aflição, simplesmente decidindo viver muito – e  depois ser bem sucedido. A segunda aflição é a maneira como nós morremos, muitas vezes sem controle e dignidade. Isso também pode ser abordado e é sanável. A terceira aflição da morte é simplesmente o sentido animal de uma perda. Mas  se as duas primeiras aflições podem ser tratadas ( como no caso da morte da minha mãe; ela morreu saudável aos 95), a última aflição pode ser transformada em um sentimento quase bom. Certamente, sob qualquer ângulo, a morte é um grande acontecimento da vida, mas ele é mais aceitável quando a gente pode transformá-lo e usá-lo como um momento de crescimento e não de declínio.

Transformando a perda em ganho

Quanto mais velhos ficamos, mais habilidosos e experientes nos tornamos. A nossa tolerância à perda é maior e a nossa habilidade em refazer  as perdas traz a oportunidade para uma vida mais estável e efetiva. Uma das mais importantes motivações é uma frase de um poema que o meu pai adaptou de Robert Browning: "Então dê boas vindas a cada malogro que torna turbulenta a suavidade da Terra, e que oferece a cada homem a oportunidade de partir, e não de sentar nem de ficar parado". Essa exortação tem sido bastante poderosa para mim. Ela tem trazido sucesso de muitos aparentes insucessos. Talvez eu seja ainda um pobre perdedor, mas agora eu uso a energia de uma perda para conseguir uma vitória.

 

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Ação 49: Esteja sintonizado

 

O que Florence Nightingale, Plato, o tambor para uma morte agradável, uma enfermeira de 90 anos que residia na casa, e o Dr. Oliver Sacks têm em comum?  Resposta: Todos eles recomendaram a música como terapia.

A força da música

O poder curativo da música tem sido reconhecido há séculos. Como Congreve escreveu em 1697, "A música tem encantos para acalmar um coração irado, derreter rochas, ou dobrar um carvalho enrijecido". Conferências são agora feitas sobre as propriedades curativas que a música oferece. Partos, extrações de dentes, depressão, ansiedade, compulsão, hipertensão, e muitas outras condições médicas são atenuadas pelos efeitos da música. A música pode inspirar, incitar paixão, e criar intimidade. Para cada situação há uma forma de música, das marchas fúnebres ao rock pesado. A música é como o sexo. Ela entra profundo dentro da gente , e nos dá um grande prazer. A música representa a recaptura das batidas do coração materno primeiramente ouvidas antes do nascimento. As cordas e as percussões são ouvidas na batida de tambor da natureza. Um filme ou um show de TV sem música é uma experiência insípida. Do mesmo modo, a vida sem música parece unidimensional, como viver somente em preto e branco. A música traz ordem à vida, dando sentido a um mundo caótico e trazendo encantamento aos períodos de silêncio. Ela compõe ricas harmonias com a dissonância que nos cerca. Ela nos ajuda a sobreviver.

Mantenha a música na sua vida

O que acontece com os encontros musicais quando envelhecemos? Muitas vezes o desgaste da velhice inibe as oportunidades estéticas que a música e a arte proporcionam. Esse desgaste é o composto de perda sensorial e de outras falhas funcionais, que podem restringir o acesso às divertidas oportunidades que uma vez permearam a vida. Quando nós envelhecemos, se nos desligamos desses saudosos hábitos, a vida se transforma simplesmente em uma pálida sombra de sua real natureza. Concertos, desfiles, e festivais são essenciais para se viver uma vida plena. Faça-os tão parte da etapa final da vida quanto eles o foram na etapa inicial. Conservemos a nossa ligação ao som da música. Ele, por sua vez, nos conservará.

 

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Ação 50: Mantenha-se na estrada

 

Para melhor ou para pior, os americanos vivem para dirigir. Os nossos carros muitas vezes parecem ser mais importantes que os nossos lares. Para muitos de nós, as nossas pernas são só vestígios que permanecem. São os nossos carros que nos mantêm em movimento. Quando envelhecemos, os nossos carros causam problemas. Eles são não só caros como complicados. Eu ainda não li sobre uma montadora que tenha projetado um carro amigo do idoso. Ao contrário, toda a propaganda é dirigida à veloz e estridente juventude, mas um grande, um grande número de cabeças grisalhas está nas estradas, tanto por necessidade  como por vontade. Os motoristas nos seus 60 se acidentam na média de quatro vezes em um milhão de milhas. Nos seus 80 esse número aumenta para quinze vezes, ainda somente a metade do índice dos jovens. Os motoristas mais velhos dirigem mais devagar. Um giro pelas notícias indica que as pessoas mais velhas são mais cautelosas, e as companhias de seguro sabem disso. Os periódicos exames de motorista impostos pelo departamento de trânsito procuram assegurar a nossa contínua competência nas estradas. Um claro problema é a visão, e obviamente nós precisamos ver para dirigir ou fazer quase todo o resto. Mas, e quanto aos reflexos e decisão?

Um símbolo de independência

Cada vez mais freqüentemente, um membro de uma família me telefona e expressa a sua preocupação de que a mãe ou o pai não parece estar em condições de continuar a dirigir. Isso é sempre algo desagradável para mim, porque dirigir é um símbolo de independência, e quando a habilidade para dirigir é restringida, a vida passa a ter um novo e diminuído significado. Em muitos casos, a perda dos privilégios de dirigir pode significar a perda de um inteiro conjunto de competência. A minha primeira reação a tais telefonemas é tentar compreender o que está acontecendo. Como é que está ele ou ela, qual o vigor que demonstra ter, como está o raciocínio, e o que significa dirigir para ele ou para ela? Após ter feito essa fase inicial, às vezes eu me sinto perplexo. O idoso não deveria mais dirigir, mas ainda afirma inflexivelmente sua disposição em continuar. O meu próximo passo é insistir em um teste objetivo, quem sabe através de um clube local de automobilismo ou de uma escola de motorista. Se o indivíduo passou, então todos ficam felizes. Se foi regular, então ele pode ter umas aulas de direção para melhorar a sua habilidade. Se for reprovado, então não deve dirigir. Algumas vezes as pessoas podem obter licença condicional, que permite a direção somente durante o dia, ou em estradas com limite de velocidade de 40 milhas por hora ou menos.

Alternativas criativas

A proibição dos privilégios de dirigir pode ser abrandada por várias estratégias criativas. Quem sabe um membro mais jovem da família concordasse em transportar um parente mais velho em troca de maiores regalias quanto ao uso do carro. Quem sabe um antigo colega possa proporcionar tanto carona como contatos sociais. Finalmente, não faria mal um renovado esforço em caminhar. Para a maioria, contudo, eu sugiro que mantenha em dia a habilidade de dirigir como qualquer outra coisa que faça. Os nossos sentidos, músculos, e a memória todos necessitam ser exercitados. Do mesmo modo, dirigir é tão importante que nós precisamos nos assegurar de não perder essa nossa habilidade enquanto vamos envelhecendo.

 

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Ação 51: Reconheça a depressão

 

Para milhões de pessoas, a depressão é um sombrio parceiro. É bem provável, que muitas pessoas fiquem deprimidas uma vez ou outra, mas para muitas mais, os últimos anos da vida são pintados de azul escuro. A vida nos proporciona inúmeros motivos para ficarmos deprimidos. Contudo, os acontecimentos não são os principais ingredientes para a depressão. Se nós pensamos que a vida está ficando difícil, não adianta ouvir o que alguém diz, ela tenderá a ser difícil. Mais importante que as ofensas e insultos é o modo como nós reagimos a eles. Se nós vemos as perdas na vida pelo que elas são e aprendemos as lições delas que nos estimulam para a próxima perda, então, de modo semelhante, a depressão retrocede. Se, contudo, o desamparo e o desespero resultam da percepção de que ficar vivo significa contínuo sofrimento e que lutar é inútil, então a depressão toma conta.

Defesa contra a depressão

Grandes mudanças na química do cérebro acompanham a depressão. É então que aparecem os remédios antidepressivos. O uso de antidepressivos em pessoas deprimidas é como usar insulina nos diabéticos -- é um esforço para reparar uma deficiência química, e funciona! Mas antes de partir logo para o bloco de receitas, eu sempre tenho defendido o exercício físico como a primeira linha de defesa -- ou talvez de ataque. Como um antidepressivo, o exercício tem fortes credenciais. Cada rodada de transpiração é acompanhada de um aumento repentino na produção de moléculas do corpo chamadas catecolaminas, comumente conhecidas como adrenalina. Esses mesmos compostos não são encontrados em abundância nos sistemas nervosos das pessoas deprimidas. O exercício, também, tem mostrado aumentar os níveis dos compostos superiores das endorfinas, os quais acompanham a euforia e imunizam contra a dor. Essas endorfinas estão provavelmente por trás da conhecida qualidade do exercício, de criar dependência.

Tempo e perspectiva

Ao cuidar de pacientes idosos deprimidos, eu tento realizar uma abordagem ativista. As pessoas idosas podem realmente levar vantagem sobre as mais jovens quando aparece a depressão, porque elas têm maior experiência, levaram os repentinos golpes que toda vida proporciona, e entendem que o tempo é um admirável remédio. Quando eu me lembro das dezenas de pessoas acima dos 100 de quem eu cuidei, eu não consigo me lembrar de uma única que fosse deprimida. Ao contrário, em todos os casos prevaleceu um sentimento de confiança. A perspectiva é decisiva na hora de fazer as nossas apostas. Há estratégias fortes que nós podemos desenvolver que nos ajudam a compensar a depressão. O otimismo, o senso de humor, e o preparo físico são técnicas seguras, baratas, e universalmente disponíveis. Se mesmo adotando essas opções nós não conseguimos levantar o fardo da depressão, então devemos pedir ajuda.

 

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Ação 52: Morrer bem

 

"Eu não estou com medo de morrer", disse Woody Allen, "eu só não quero estar lá quando acontecer". Seria interessante se nós pudéssemos pedir ou pagar a uma outra pessoa para morrer em nosso lugar, mas eu realmente não sei como fazer essa abordagem. A maior parte das pessoas morrem no hospital. Para a maioria,  isso não é necessário -- só acontece devido à nossa inabilidade coletiva para providenciar morrer em casa. Uma morte boa e decente tem três componentes -- sem dor, sem tubos, e sem solidão. QQuando esses três critérios estiverem satisfeitos, Woody Allen e todos nós restantes deveríamos ter pouco a lamentar sobre a nossa partida final.

Modo moderno de morrer

A morte é raramente caracterizada por uma dor que não é controlável. Eu monitorei as trajetórias terminais dos noventa e sete pacientes que morreram em 1989 na minha clínica. Eu analisei suas habilidades para se mover, pensar, vestir-se, arrumar-se, tomar banho, e se eles sentiram dor no final das suas vidas. Somente quatro sentiram, e esse fato foi facilmente controlado. Os tubos são um problema a ser comentado. A medicina moderna não poderia obter êxito sem todos os tubos à sua disposição, mas eles deveriam ser usados com muito critério. Os tubos são muitas vezes extremamente valiosos em situações críticas, mas eles quase nunca precisam ser usados por longo tempo. É difícil ter uma vida de alta qualidade quando os tubos estão presentes. A solidão como um acompanhamento para a morte é um problema social que vai além da medicina. Alguém disse que "a velhice é um tempo da vida que se passa entre estranhos". Se esse triste comentário contém alguma verdade, é muito mais triste na hora da morte. A despedida final muito apropriadamente pertence ao lar, bem junto daqueles que nós amamos. Se nós conseguirmos juntar tudo isso  e   garantirmos a nós mesmos que  esses três aspectos de sofrimento, tubos, e solidão não estarão conosco no final de nossas vidas, então o problema da eutanásia facilmente desaparece. O grande apoio público à eutanásia é resultado de um sentimento de incapacidade associado ao ato de morrer.

Mantendo o controle

Um a importante maneira para se manter o controle sobre essa última passagem é estabelecer os nossos desejos com o nosso principal médico, e a declaração de vontade de viver ou uma permanente procuração judicial para o tratamento de saúde. Eu não quero que a minha morte seja nas mãos de qualquer um, e eu espero garantir que eu agi com franqueza.  Espero que você, também. Todos nós temos o direito de morrer, mas nós também temos uma igual responsabilidade de viver. No momento em que nós esprememos todas as gotas de bem viver em nossas vidas, então nos deve ser assegurado o direito de morrer. A insistência, contudo, no direito de morrer quando ainda existe abundante possibilidade de vida, diminui esse direito. Portanto vivamos bem e plenamente, e então morramos bem.

 

99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz (USA)

Ação 53: Sejamos corajosos

Nós temos que ter coragem para ficar velhos. A coragem para viver não se refere a um simples ato de heroísmo dramático ou a uma bravata de desafio à morte, mas a um constante e controlado compromisso para enfrentar os difíceis momentos e se manter caminhando. É uma afirmação de vida. A maioria das pessoas morre no hospital. Para muitos, isso não é necessário -- só acontece devido à nossa inabilidade coletiva para conseguir morrer em casa. Uma boa e decente morte tem três componentes -- nenhuma dor, nenhum tubo, e nenhuma solidão. Quando esses três critérios estão satisfeitos, Woody Allen e nós outros teríamos pouco a lamentar sobre a nossa partida final. Um moderno modo de morrer é raramente caracterizado por uma dor não controlável. Eu fiz um levantamento das trajetórias finais de noventa e sete pacientes da minha clínica que morreram em 1989. Eu analisei suas habilidades para se mover, pensar, ir ao banheiro, e se eles sofreram ao término de suas vidas. Somente quatro sofreram, mas isso foi facilmente controlado. Cada vida, independente de quão abençoada seja, tem muitos episódios de agressão e de demasiada deslealdade. Se a nossa resposta a essas injustiças é amaldiçoar a escuridão ou se voltar para a melancolia, então o tempo não terá a oportunidade de realizar o papel corretivo. Se, contudo, nós somos fortes o bastante para enfrentar a adversidade fria e desapaixonadamente, nós poderemos captar a energia das agressões e transformá-las em nosso favor.

Descobrindo a força

Rotineiramente eu observo pessoas curvadas e atormentadas a quem a natureza tratou de modo cruel. Eu estou constantemente reverenciando a maravilhosa resistência que muitas dessas pessoas mostram, e elas são para mim grandes heróis e heroínas. Para mim é obscuro como elas chegaram a esse ponto. Além disso, elas próprias não conseguem descrever de onde vem sua coragem. Elas simplesmente a têm. Algumas, quando questionadas, até afirmam que as condições que causaram a aflição, na verdade encobriam uma benção, pois mostraram como lidar com elas e revelaram forças que de outro modo não saberiam que tinham. Por outro lado, eu vejo muitos pacientes cujas vidas desmoronaram quando uma pequena  aflição ou perda parece se abater sobre suas vidas, e então o consultório médico se transforma  no tribunal para a solução desse conflito. Raramente nós os médicos conseguimos a cura; sempre iremos confortar. Essa é uma premissa básica da prática médica. Confortar é importante e apropriado, mas esse objetivo não deve levar à complacência. Todos nós sofremos e precisamos de conforto uma vez ou outra, contudo todos nós precisamos também de coragem para ver as circunstâncias no seu mais completo contexto e aplicar as nossas melhores energias na sua solução. Coragem por procuração não funciona. Como médico, eu não posso sentir as aflições dos meus pacientes e compreender inteiramente seus efeitos. As aflições e seus efeitos devem ser curados por um processo natural. Uma abordagem positiva em relação à vida torna mais fácil lidar com os golpes.

A coragem perante o perigo

Como eu visualizo a existência da vida humana, ela é um pouco semelhante a um campo minado. Em toda a área, em locais e horas inesperados, há perigos pequenos e grandes. É claro que nós precisamos de inteligência para não pisar no lugar errado, mas mais importante, nós precisamos de raça e coragem para nos aventurar no ataque e prosseguir, mesmo sabendo que o perigo está espreitando em toda a parte. Conforme vamos ficando velhos, nós vamos desenvolvendo vantagens das experiências do passado. Nós ficamos acostumados ao desafio -- como enfrentá-lo e contorná-lo se ele for muito grande, ou canalizar sua energia para um objetivo construtivo. Todas as pessoas idosas bem sucedidas demonstram uma fria coragem e uma firme competência que aceitam -- ou mesmo buscam -- o desafio. Sem desafio, a vida não flui, e o fato de não experimentar e enfrentar os desafios fará da vida um acontecimento muito sem animação. Esse é o motivo porque nós devemos ter coragem para sermos bem sucedidos.

 

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Ação 54: Recarregue você mesmo

Um dos maiores dons que a natureza nos deu é a nossa quase infinita capacidade de renovação. Rene Dubos encantou ao apontar caso após caso em que tanto a humanidade como a força da natureza causaram uma devastação em massa a tal ponto que qualquer pessoa racional acharia que como resultado não seria mais possível qualquer vida. Mas é claro que, uns poucos anos depois, o processo renovador da natureza estava intensamente trabalhando de novo. A volta de peixes a rios e lagos anteriormente envenenados, o recrescimento da vegetação no parque de Yellowstone queimado, e a força curativa do corpo humano após um grande ferimento são todos demonstração de renovação. Eu me lembro bem de como fiquei horrorizado quando eu vi a chapa de raio X da perna de uma querida e antiga amiga após uma terrível queda. Ela mostrava um fêmur estraçalhado, era como uma peça de cerâmica quebrada. Eu disse a mim mesmo que duvidava que ela voltaria a andar de novo. Três meses mais tarde, ela estava subindo as escadas dos pináculos das catedrais francesas.

A mágica da renovação

O processo da renovação quase parece com uma mágica. Ele reverte a apatia, a entropia, a passividade sombria, a horrível desesperança, a corrosiva melancolia. Na aposentadoria e em outros desengajamentos da meia-vida e da vida posterior, nós corremos o risco de sermos relegados a meros espectadores de arquibancadas -- improdutivos, inadequados, e inferiores. A renovação é a clara estratégia para interromper a lenta descida para um prematuro esquecimento. É difícil para os jovens

entender a noção da renovação. Para eles, tudo está acontecendo pela primeira vez, e não está disponível nenhuma perspectiva longitudinal quando ocorre uma perda. Mas como observou sabiamente alguém, “Não é quantas vezes que nós caímos que é

importante,  mas quantas vezes nós nos levantamos". A vantagem  de acumular anos de vida é que fica perceptível a realidade da renovação. Se nós vimos somente uma primavera, seguida da desolação do inverno, nós não pudemos apreciar uma renovação. Mas se nós vivemos 50 anos, nós temos uma serena confiança de que a primavera virá em breve.

Valor da experiência

Envelhecer não é uma rígida descida de ladeira sem possibilidade de mudanças. Novas informações médicas nos dão toda sorte de evidências de que a velhice é cheia de oportunidades para atividades importantes. Em certo sentido, a pessoa idosa deveria ser mais capaz de renovar que uma pessoa jovem que tem menos repertório de onde tirar. A aguardada aposentadoria apresenta alguns problemas: as áreas relativas aos rendimentos, saúde, habitação, e a uma proposta de vida podem todas ser afetadas prejudicialmente. As três primeiras são suscetíveis de estratégias confiáveis de combate. A última, descobrir e manter uma proposta de vida, é a área onde residem os maiores desafios. Se na nossa velhice falta um objetivo ou uma necessidade, então por quê renovar?  Onde está o estímulo para um recrescimento, um renascimento, ou uma reafirmação, se a vida não tem um objetivo? A exploração de toda a gama de nossas potencialidades pessoais não é algo que uma pessoa que se quer renovar deixe por conta do destino. É algo a ser perseguido sistematicamente até o fim dos nossos dias.

Dois pontos essenciais

A renovação, portanto, depende precisamente de duas coisas -- raça e habilidade. Habilidade significa ter competência e experiência acumulada nas quais se apoiar para assegurar a oportunidade de uma nova ação. Raça significa ter tenacidade e otimismo obstinado no modo de ver a vida. Nós já ouvimos isso antes -- e isso se aplica aqui tão bem com anteriormente. A expectativa real de novas aventuras físicas e mentais nas décadas que nos restam é um dos reais estímulos no envelhecimento.  Todos nós precisamos de mais exemplos desse tipo que mostrem o modo como -- mais pessoas nos seus 90 e além, estão se renovando. Vida e renovação são realmente sinônimos. A vida termina quando cessa a renovação.

 

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Ação 55: Fluir

 

O importante livro de Mihaly Csikszentmihalyi "Fluir - A Psicologia de uma Ótima Experiênciaa" (HarperCollins, 1991) está cheio de dicas para viver uma vida de experiência ótima. Ele me ensinou bastante e me proporcionou evidências diárias da

importância de se estar envolvido. Não há um modo simples para se estar envolvido, nem um objetivo simples ou uma técnica. Mas é essencial estar envolvido em alguma coisa -- "fluir". O eminente psicólogo da Universidade de Chicago comenta como nós

somos "esbofeteados por forças anônimas", que tornam a vida complicada e incerta. Somente assegurando-se um esforço concentrado pode a vida ter sentido. "Os melhores momentos normalmente ocorrem quando o corpo de uma pessoa ou a sua mente são exigidos nos seus limites por um esforço voluntário para conquistar alguma coisa difícil e valiosa." O fluxo  existe entre a ansiedade e o fastio, entre a tensão e o desuso. Há aquele momento durante o qual nós entramos em ressonância mais apropriadamente e completamente com o nosso meio ambiente.

Crescendo através do desafio

A técnica experimental de Csikszentmihalyi revela que nós fluimos quando estamos trabalhando em um projeto. Meus pais me ensinaram que nós crescemos enfrentando a adversidade. Quando não há resistência, não há crescimento ou fluxo. Isso não é intuitivo. Não está claro que o trabalho trará mais satisfação do que ficar ocioso vendo televisão, mas as experiências de Csikszentmihaly mostram uma nítida distinção entre essas duas atividades. "Decididamente a esmagadora proporção de ótimas experiências é ordenada para ocorrer dentro de seqüências de atividades que são dirigidas a objetivos e limitadas por regras”. A implicação dessas observações mais tarde na vida não pode ser bem enfatizada. No começo da vida, nossas atividades diárias são grandemente determinadas pelo trabalho ou pelas responsabilidades em casa, nas quais nós adaptávamos as nossas energias para as claras tarefas à nossa frente. Os princípios do fluxo ditavam que nós deveríamos trabalhar de modo que essas atividades fossem exercidas com entusiasmo e energia, e que elas nos podiam trazer uma auto-satisfação. Mais tarde na vida, mais liberdade se nos apresenta, e portanto as atividades de fluir ficam geradas e dirigidas mais internamente. Se a vida mais tarde se dissolve em apatia, aborrecimento, e desengajamentos, então a nossa taxa de fluxo vai sofrer bastante. Contudo se nós perseguimos ativamente um objetivo, seja antigo, novo, remodelado, emprestado, ou gerado espontaneamente, então o fluxo se nos apresenta como uma opção para a vida toda.

Permanecer ativo e no controle

Csikszentmihalyi nos alerta que a passividade não leva a uma vida gratificante, mas a uma vida de desilusão. Fluir não é um destino, mas a viagem. Não é tanto se sentir no controle, mas exercer o controle. É um processo ativo. A noção de fluir é tão inerentemente congênita a outras estratégias que eu tenho proposto, que ela as reforça e por sua vez é reforçada por elas. Desafiar chegar aos 100 envolve esforço. Não é um presente passivo. É um tesouro que deve ser explorado através de investimento de energia, coragem, e inteligência. Quanto mais fértil nós permanecermos em todas essas categorias, maior será a proporção que nós iremos estar fluindo nas nossas décadas apontadas para os 100. Ele ou ela que morre com mais fluir é um sucesso. Fluir menos é uma profunda tragédia à qual muitas vidas estão destinadas.

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Ação 56: Renovar a nossa saúde

 

De todos os nossos bens, a nossa saúde é o mais precioso -- mais precioso que o nosso dinheiro, que a nossa casa, que os nossos amigos.  Sem saúde, tudo mais se torna um fardo. Ao contrário, com boa saúde quase tudo é possível. O melhor caminho para se economizar dinheiro durante a vida é ser saudável. Na minha família, nós sempre temos considerado como um bom ano todo aquele em que não tenha sido consultado um médico (ou um advogado), independente do que mais possa ter acontecido. Certamente que a saúde pode tornar-se dispendiosa quando ela é perdida. Há um conseqüente mito nas afirmativas de que o Seguro Social cuidará das necessidades financeiras do final da vida, e que a Assistência Social cuidará das despesas médicas dessa fase. A primeira afirmativa é tão inverídica como a primeira. A Assistência Social (nos EUA), na realidade cuida de menos da metade das contas médicas referentes às pessoas acima de 65 anos. Isso deixa uma grande lacuna, às vezes chamada de "lacuna médica". 

Os defeitos do nosso sistema

Todo o sistema de pagamento da Assistência Social deveria ser reprojetado. Ele está filosoficamente -- e ameaça estar fiscalmente - falido. Ele é uma fase crítica do sistema vinculada a uma época da vida durante a qual predominam os problemas crônicos. Ele dá ênfase aos esforços para curar, quando geralmente não é mais possível a cura. Isso não quer dizer que não há nada para ser feito quanto aos problemas médicos do final da vida, porque há. Porém o modelo tradicional não funciona. Até que um novo projeto da Assistência Médica tome forma, contudo, nós somos deixados com o que existe, que é uma confusão. Inconsistência, descontinuidade, ineficiência, e uma insuportável complexidade foram construídas dentro do atual sistema. Envelhecer, aos olhos da maior parte dos planejadores da saúde, continua a ser uma doença a ser curada. Que tenham sucesso. Em vez disso eles deveriam dar ênfase ao funcionamento. O maior teste para o final da vida é se ainda nós podemos funcionar, não qual o diagnóstico que algum médico possa nos ter dado. Ao lado desta observação está o fato não reconhecido de que a invalidez é uma consideração de saúde muito mais importante que a morte. Se nós estamos mortos os efeitos são bem diretos. Ao contrário, a invalidez significa que nós estamos sobrevivendo em um nível funcional reduzido, usualmente entre 20 e 30 por cento da vitalidade máxima, o que custa dinheiro. É muito melhor morrer em um derrame do que ficar paralítico e sem voz durante anos. O meu pai costumava me dizer, "Há muitas coisas na vida que são piores que morrer". Especialmente se elas são muito dispendiosas.

Uma solução

A minha proposta ideal seria que a assistência médica fosse prestada às pessoas idosas em grande parte através do mecanismo de um plano em grande escala pré-pago. Para uma taxa anual fixa, que ajuda muitíssimo o planejamento do final da vida, o sistema torna-se responsável por algumas ou todas as despesas relacionadas à saúde -- doenças e outras. Tal dispositivo iria assumir a responsabilidade pela educação para a saúde, de medidas de prevenção, e de cuidar das crises, e finalmente iria permitir que as pessoas morressem em casa, onde deveriam, e não numa indiferente área de hospital. Um novo profissional de saúde, menos dispendioso que médicos e enfermeiros, deveria surgir com competência para análise e gerenciamento do declínio funcional das pessoas. Há muito trabalho positivo a ser feito, mas as nossas atuais instituições não estão bem adequadas para os problemas práticos que aparecem. Surge a melhor estratégia: Viva ativamente e com otimismo, e as chances de uma fragilidade prolongada ficam diminuídas de forma marcante. Então, morra rapidamente, em casa, com dignidade.

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Ação 57: Apreciar o nosso mundo

 

Eu cresci no centro de Filadélfia. As árvores foram escassas na minha vida. Bondes e edifícios foram o meu mundo. Os únicos animais selvagens que eu vi foram os do jardim zoológico. Eu não tinha o sentimento de conservação ou de preservação. Os meus pais não tinham essa compreensão. Agora a idéia de zerar o impacto ambiental é o tema central da minha vida. Um dos maiores contratos que eu fiz com o meu planeta é que eu espero deixá-lo em melhor forma do que quando eu entrei nele. Isso não é um propósito sem profundidade. Eu levo em consideração que o meu uso pessoal terá exaurido a Terra de vários navios tanques cheios de combustível fóssil. Eu uso as minhas excursões caminhando três vezes por semana, para manter a minha vizinhança livre de lixos. Eu reciclo tudo o que eu posso.

Nós ameaçamos a nossa qualidade de vida

Pode ser que o meu sentimento de maior responsabilidade tenha vindo com a idade, ou pode ser que somente na nossa época de vida é que estamos começando a perceber pela primeira vez que nós estamos lidando com recursos finitos. Nós não podemos pescar todos os atuns do oceano, enjaular todos os gorilas da selva, ou envenenar todas as águias do mundo, porque não sobrará nenhum deles. Eu estou firme na crença de que a qualidade de todas as nossas vidas será muito mais rica com a diversidade que nós herdamos do que com o reduzido mundo que o nosso consumo e a nossa estupidez ameaçam criar. Conforme vamos envelhecendo, é nossa crescente responsabilidade cuidar do nosso mundo, porque nós temos vivido mais tempo nele, e portanto ele nos supriu com mais e foi afetado mais pelo nosso uso. Nós somos o seu protetor e o seu guia. Se nós não cuidarmos do nosso mundo, quem cuidará? Nós somos mais esclarecidos, mais informados, e mais sensíveis à interligação das coisas.

Nós pertencemos à Terra

O Chefe das nações Suquamish e Duwamish de Seattle disse, "Meus antepassados me disseram isso que nós sabemos. A terra não nos pertence. Nós pertencemos à terra. A voz da minha avó me disse, ensina às nossas crianças aquilo que te foi ensinado. A terra é a nossa mãe. O que acontece com a terra  acontece com todos os filhos e filhas da terra." Permanecer ligado com o nosso mundo traz maiores implicações com a saúde. Se nós somos indiferentes com a saúde da nossa Terra, ela irá se deteriorar e afetar adversamente a qualidade de vida daqueles que estão nascendo hoje. Além disso, o isolamento à interação do meio ambiente cria uma série de efeitos negativos do não engajamento. Assim como uma perna engessada afina, assim isolando a nossa vida do resto da vida no nosso planeta definha a nossa vida e nos torna cidadãos menos integrados no globo.

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Ação 58: Pense em viajar

 

Em qualquer nível que possamos alcançar, viajar ajuda a vida a atingir um significado maior. Qualquer lista de desejo de coisas a fazer durante a aposentadoria inclui viajar em primeiro lugar. As oportunidades que viajar oferece -- aventura, cultura, novidade, nova visita, educação -- atraem grandemente todas as idades, mas a aposentadoria oferece a decisiva vantagem de disponibilidade de tempo. Uma esclarecida prescrição da clínica onde eu trabalho é o sabático. Minha esposa e eu temos aproveitado esse período para prolongadas viagens ao estrangeiro para mais de 50 países na Ásia, África, Europa, e América do Sul, que não teriam sido possíveis nos moldes restritos de tempo das férias usuais. As experiências que nós tivemos, foram modeladores de vida para nós e para as nossas crianças. Elas nos proporcionaram novos conhecimentos, amizades, e perspectivas, que de outra maneira nos faltariam.

Viajar por viajar

Viajar, como outros benefícios de renovação, deve ser planejado. De fato, planejar pode ser bastante divertido. O tempo permite que nós percorramos longínquos caminhos do mundo, a carruagem mais lenta nos dá a oportunidade de saborear a cena, já que ela não passa tão rápida. A maioria das viagens da meia-idade não é realmente uma viagem, é na realidade uma transferência em grande velocidade de um indiferente lugar para outro. Robert Louis Stevenson escreveu, "De minha parte, eu não viajo para algum lugar, eu simplesmente me ponho em movimento. O grande negócio é se movimentar". Estar em movimento e viajar por sua própria natureza é a maior parte da fascinação, mas o aprendizado e o envolvimento em novas experiências está implícito no se deixar o lar. Permanecer maleável, continuar o crescimento, é uma parte vital do envelhecimento. Ao contrário, permanecer em casa quando a oportunidade aparece, significa se desligar do negócio  de estar plenamente vivo. Viajar implica em continuado crescimento e risco. Mantém o nosso cérebro curioso e nossos terminais nervosos em desenvolvimento.

Há mais de uma maneira

As viagens na aposentadoria podem ter diversos objetivos além do geográfico. A boa forma, por exemplo. Nós podemos escolher um atraente destino porque nos dá a chance de escalar uma montanha, fazer uma bela caminhada, ou navegar em um deslumbrante rio ou cavalgar. Viajar nos dá a oportunidade de renovar nossos músculos e ossos, bem como a nossa cabeça. Procure pacotes de viagem que dão ênfase aos esportes e outras atividades. Os viajantes idosos são um grande negócio. Muitas agências procuram as pessoas idosas, não por favorecimento, mas com projetos de exploração da oportunidade, por exemplo, de viagens fora da estação. Muitas universidades patrocinam viagens de seus alunos, e organizações de prestígio, tais como o "Smithsonian" oferecem muitas oportunidades, incluindo a de explorar a pré-história ou assistir a festivais de arte ou de música.  Aonde nós gostaríamos de ir? O que nós gostaríamos de aprender? Nós poderíamos escolher compartilhar a viagem com os nossos netos, explorar as nossas raízes genealógicas, ou reencontrarmo-nos com nossos velhos amigos que também estão tendo mais tempo para aventuras. Os diversos Parques Nacionais, com suas incríveis belezas naturais, são absolutamente obrigatórios de serem visitados em alguma fase de nossas vidas. Viajar não significa ter de se ir para o outro lado do mundo. Um estado vizinho ou uma estação de turismo no nosso país certamente oferecem vários e inesperados tesouros a serem explorados.  

Mais benefícios

Uma virtude muitas vezes não identificada de viajar é a sua capacidade de desenvolver a tolerância. Nós iremos notar mais semelhanças que diferenças. Eu acho que quanto mais velhos vamos ficando, mais pacientes e compreensivos nos tornamos com as maneiras dos outros.  Situações desagradáveis, conexões perdidas, e reservas canceladas não nos parecem tão críticas. É sempre melhor ir aprendendo essa lição desde cedo na vida, mas nunca é tarde demais para começar. A maior desvantagem de viajar é a despesa. Sim, deve haver uma provisão de recursos, mas há quase sempre descontos disponíveis para os idosos. Numerosos pacotes de turismo oferecem infinita variedade, mas muitas vezes viajar sozinho pode ser até mais barato. Intercâmbio de residências é muitas vezes divertido e vale a pena, e há também oportunidades para viajar através de organizações tais como o "Peace Corps", que oferece a chance de não somente conhecer outros lugares e pessoas  mas também de se fazer algo de útil a alguém -- sem custo.

 

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Ação 59: Pense em quando, onde e por que se aposentar

 

O que nós iremos fazer com o resto da nossa vida? Se nós estamos planejando morrer por volta dos 60 ou 70, essa dúvida provavelmente não nos incomodará, mas e se nós pensamos em viver até os 100? O que nós iremos fazer durante todos esses anos? Infelizmente, não há guias ou enciclopédias que tragam respostas para tal pergunta. Até recentemente, o motivo principal para uma pessoa se aposentar nos seus 50 ou 60 era que a aposentadoria acenava como um prêmio por décadas na bancada de trabalho, um bem remunerado descanso após anos de labuta. Essa observação soa tão universal que parece que isso é correto. Seu reconhecimento posterior por nossas maiores instituições -- empresas e governo -- serviu para validar que ela é apropriada. Participação ou retirada, engajamento ou desengajamento. Quando os 60 se aproximam, parece que é a hora de pular fora e deixar outra pessoa  carregar o peso.

Um ato não natural

Mas onde na natureza há uma outra espécie na qual aqueles no final da meia-idade se retiram para o topo das árvores, saliência dos corais, ou tocas na pradaria, atendidos pelos jovens como recompensa pelos serviços prestados? A aposentadoria, em termos da natureza, é um ato não natural. O meu mentor na clínica de Palo Alto, Dr. Russel Lee, classificou a aposentadoria "senilidade estatutária". Uma pessoa nos seus 60 está muitas vezes em turbulência, reavaliando e repartindo a vida e o futuro. Pode ser um tempo de participação contínua ou de retirada, um tempo de renovação e engajamento ou perigoso desligamento. É claramente uma transição da vida de imensa proporção, semelhante a um casamento, nascimento, ou morte. Os entendidos estão divididos quanto aos efeitos da aposentadoria sobre a saúde. Muitos acham que não é um pulo para a morte, enquanto outros citam evidências de que os anos de aposentadoria acarretam muitos e aumentados riscos de declínio físico e emocional. Hordas de cientistas e filósofos têm proclamado o valor do trabalho no bem-estar do ser humano. Desde os gregos até Freud, a busca de uma luta diária tem sido vista como a manifestação  principal  do ser vivo. A perda desse tema unificador central pode não ajudar mas ser uma junção importante na trajetória da nossa vida.

Finalidade e exploração

Tennessee Ernie Ford cantou, "Nós carregamos dezesseis toneladas, e o que nós ganhamos? Um outro dia mais velhos e mais afundados em dívidas". Um bom planejamento não significa que nós devemos escavar carvão ou preparar burgers ou apertar parafusos aos 80 anos. Significa que alguma atividade ou finalidade deve prevalecer -- se não é escavar carvão, ou preparar burgers ou apertar parafusos, então viajar, cuidar dos bisnetos, ou ser voluntário. A aposentadoria não deveria ser encarada como um tempo  para balançar em cadeiras, mas em trampolins -- tentar coisas que têm nos intrigado,, mas que nós nunca exploramos. Devemos pensar na aposentadoria não como um final mas como um começo, uma graduação, todo um conjunto de novas oportunidades que pode nos enriquecer e recompensar. A aposentadoria é um processo ativo -- não passivo. Prevê-la adiantadamente em décadas, planejá-la, e executá-la com um método bem detalhado. Naturalmente, isso não implica que ela deva ser rígida nos seus contornos. Mantenha suas opções em aberto -- dê uma chance a novas direções. Eu pretendo me aposentar dentro de mais ou menos seis anos, de modo a elaborar toda uma nova lista de coisas - juntar-me ao "Peace Corps", reaprender piano, procurar conhecer melhor minha família e meus amigos. A aposentadoria pode e deve ser a melhor época da nossa vida. 

 

 

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Ação 60: Faça do seu último ninho o melhor

 

Eu nunca ouvi ou li de alguém que tenha vivido todos os 100 anos dele ou dela na mesma casa. Na nossa sociedade móvel, nós tendemos a nos mudar a cerca de cada sete ou oito anos. Isso significaria na média, doze diferentes lares em 100 anos de vida. Como tudo o mais na vida, viver onde a gente quer viver -- mais do que onde a gente tem que viver -- é o ideal supremo. Tarde na vida, o trabalho perde a sua força como o principal determinante do local da moradia, e surgem novas opções. Dados existem que mostram que após parar de trabalhar, 90 por cento das pessoas ainda vivem dentro de 10 milhas da casa ocupada antes da aposentadoria. Além disso, muitos daqueles que fugiram para o sul dos Estados Unidos na aposentadoria, ficaram desiludidos e retornaram para casa. Muitos de nós optamos por "envelhecer em um lugar".

Coisas a considerar

O mais importante e único aspecto que nós devemos considerar quando se aproximar a decisão de onde viver na aposentadoria é o efeito que qualquer mudança terá na qualidade da nossa vida como um todo. O lar é verdadeiramente onde está o coração. Vários estudos de pesquisa mostram a forte correlação entre a longevidade e a satisfação com os arranjos da vida. O nosso estilo de vida e a qualidade da última fase da nossa vida dependem primeiramente das decisões que faremos sobre onde viver. Muitas vezes, as mudanças de lar no final da vida podem reunir a família, espalhada pelas exigências de início de carreira.  Há um número de variáveis menores a considerar -- custo, clima, segurança, impostos, acessibilidade dos serviços médicos, recreação, educação, e oportunidades culturais. São permitidos animais de estimação?  Se nós pretendemos nos mudar para  " onde os céus não são nublados o dia inteiro", devemos visitar os lugares várias vezes  em diferentes estações para ver como são o verão e o inverno. Assinar o jornal local, e alugar antes de comprar. Desenvolver o sentimento de como nós poderemos nos tornar membros da comunidade, e não simplesmente alguém expectador do lado de fora. Comunidades que cuidam da vida e que proporcionam assistência médica durante toda a vida, são atraentes se nós ansiamos por segurança e temos recursos para pagar a considerável taxa de entrada. Outros atraentes modelos de lar, tais como lares compartilhados ou alugados, podem ser adequados para nós. Alugar um quarto extra da nossa casa para um estudante pode atender às necessidades de ambos, desde que nós escolhamos com cuidado o nosso inquilino. Eu nem encorajo ou desencorajo essas várias opções -- eu simplesmente as apresento como escolhas que nós possamos querer levar em conta.

Evitar os asilos de idosos

A menos desejável das últimas moradas é uma instituição onde 5 por  cento  ou mais  de seus moradores  tenham 65 anos. Uma morada institucional é perigosa para a nossa saúde. A institucionalização aumenta a mortalidade em duas vezes e meia e representa um desengajamento com  "D" maiúsculo. A nossa sociedade deve trabalhar intensamente para diminuir a necessidade de asilos para idosos. Permanecer em casa, junto das pessoas que nós amamos e que amam a gente. Manter o nosso lar ativo, com vida, e envolvente. Manter nosso senso de comunidade, tradição, e continuidade. A grama mais verde é normalmente aquela que nós mesmos cortamos.

 

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Ação 61: Cuidado com os mitos da aposentadoria

 

Certifique-se de que você está adequadamente preparado para a aposentadoria, separando o fato da ficção. Aqui estão alguns dos comuns mitos da aposentadoria. Mito Nº 1: Eu só vou ficar preocupada com ela quando chegar a hora. Errado. A mudança abrupta na disponibilidade de tempo, rendimentos, relações pessoais, e responsabilidades criada pela aposentadoria traz grande descontinuidade. Sem planejamento e antecipação, há muitas vezes uma depressão opressiva e aguda, junto com inação.

Mito nº 2: O meu médico vai cuidar da minha saúde. Errado. Cuidar da saúde é uma tarefa sempre difícil, e quanto mais velhos ficamos, mais atenção teremos que dar. O maior dos problemas de saúde do final da vida é a dependência física. Do monte de coisas que devemos evitar quando envelhecemos, a dependência ocupa p primeiro lugar. Não deixe ninguém limpar o seu nariz ou o seu traseiro. Não deixe ninguém alimentar você ou empurrar sua cadeira de rodas. A diferença entre décadas de contínua independência ou uma prolongada dependência é normalmente um renovado compromisso em se conseguir vigorosos hábitos de saúde. A saúde é uma tarefa para nós mesmos, e a aposentadoria nos proporciona a oportunidade de cuidarmos ainda melhor de nós mesmos.

Mito nº 3: A grama é mais verde lá no Sul. Errado. A aposentadoria traz consigo a oportunidade incomum de mudarmos de residência sem nos preocuparmos com as exigências do emprego. Mas a perda da continuidade com o lar, com a família, e com a comunidade é perigosa. Para muitos, também, a parte econômica que no início parece tão convidativa torna-se menos agradável quando o inesperado acontece -- tal como uma doença ou uma despesa inesperada. Quando a aposentadoria se aproximar, nós devemos primeiro explorar meios de nos envolver mais no nosso lar atual e com a comunidade. As escolas, as bibliotecas, as artes, e o governo precisam de pessoas como nós que conhecemos a comunidade. Viajar, sim -- mas permanecer também no lar.

Mito nº 4: É claro que nós vamos ter bastante dinheiro. Para chegar aos 100? Talvez para chegar aos 75, mas nós planejamos para uma distância maior? As chances são cada vez mais fortes de que viveremos mais do que planejamos. Não conte que a Assistência Médica, a Pensão, ou o Seguro Social serão suficientes. As chances são de que não serão. Não sejamos tolos por não investigar. Não nos deixemos ser surpreendidos, porque a falta de recursos financeiros enfraquece a moral -- leva a maiores problemas de saúde, que por sua vez tornam as coisas piores.

Mito nº 5: É claro que eu terei bastante coisa para fazer. Errado. A maioria das pessoas ao se aposentar encontra-se com bastante tempo disponível, e a TV se torna a saída fácil. Se nós pudéssemos usar uma pequena fração das horas gastas após a aposentadoria, nós poderíamos começar uma nova ordem no mundo.  O tempo -- não o dinheiro -- é o nosso mais precioso recurso, e o seu presente e o seu futuro devem ser cuidadosamente delineados. O conjunto de mitos da aposentadoria não é uma coisa inesperada. Afinal, nós nunca realmente tivemos tantas oportunidades como temos agora. Reavaliemos e aproveitemos a grande quantidade de horas após a aposentadoria para servir ao bem comum. Tal esforço irá representar uma nova oportunidade de imensas proporções.

 

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Ação 62 - Tenha recursos para a aposentadoria

 

No próximo ano, 2,5 milhões de pessoas irão se aposentar. A maior atração e estímulo da aposentadoria é a grande variação de opções que ela proporciona -- uma nova carreira, um emprego em tempo parcial, um trabalho voluntário, ou simplesmente a exploração de novos modos de lazer. Mas não há a tal coisa de tempo de graça. Até o tempo custa alguma coisa.  Independente de qual novo caminho ou combinação de caminhos que nós escolhamos na aposentadoria, ela nos custará dinheiro. Um anúncio em uma revista diz, "A única coisa que é pior que viver é viver mais que o nosso dinheiro". A estratégia de um arrojado e inteligente viver cheio de vida é um certo modo de assegurar um século de vida saudável, mas isso se torna irrelevante se aparece o empobrecimento financeiro. A questão é claro, se os nossos últimos anos têm que ter o brilhantismo e as promessas que nós antecipamos, terão que ser abundantemente providos tanto de saúde como de dinheiro. 

Dinheiro: Energia para a vida

Para mim, dinheiro é exatamente uma procuração para a energia. Eu trabalho, e eu sou pago pelo meu trabalho. Eu coloco o meu dinheiro no banco de modo que eu posso usá-lo para pagar a energia de outras pessoas, tal como a produção de alimento, ou jornais ou músicas ou educação ou gasolina. Ao longo de uma vida, as energias e o dinheiro devem se igualar. Cinqüenta anos de trabalho a $30.000 dólares ao ano, significam $1.500.000 para pagar pelo trabalho e produtos dos outros, distribuídos não somente pelos anos de trabalho, mas pela vida inteira.

Comece a planejar agora

É nessa hora, portanto, que aparece o planejamento de toda a vida. A verificação da conta precisa mostrar o equilíbrio não exatamente no final do último mês de trabalho, mas no último mês de vida. Se nós planejamos trabalhar durante toda a nossa vida, não há necessidade de um planejamento antecipado, mas se nós paramos de trabalhar antes do término da nossa vida, poupar é além de uma opção, é imperativo. Nós americanos somos conhecidos por não sermos bons poupadores, e de fato nós somos normalmente o oposto, devedores. Essa não é uma estratégia que pode funcionar na aposentadoria. Enquanto existir um contracheque garantido no fim do mês, consegue-se pagar as contas, mas quando o salário mensal acaba, as contas tornam-se menos suportáveis.

Passos para uma independência financeira

O planejamento financeiro e a poupança são as chaves para manter a independência  financeira enquanto caminhamos para os 100. Assim como nós não queremos depender dos outros para atender às nossas necessidades físicas enquanto envelhecemos, nós também não desejamos depender dos filhos, dos netos, e de ninguém mais para pagarmos as nossas contas. Ser um entendido em dólar na aposentadoria significa: Planejar para toda a nossa vida, não confiar nas pensões e na seguridade social, considerar a possibilidade de trabalhar mais do que pensávamos, usar o nosso capital com responsabilidade, fazer lobby para incentivos e apoios governamentais  para o final da vida. Com a devida antecedência, arrumar as nossas finanças não deverá ser um obstáculo para chegarmos aos 100; ao contrário, deverá ser um dos passos positivos que nós podemos dar para nos encorajar a alcançar aquele nobre objetivo. 

 

99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz (USA)

 

Ação 63 - Ter um plano financeiro para a vida

 

Quando confrontado por um ladrão que disse "O seu dinheiro ou a sua vida!" Jack Benny respondeu, "Eu estou pensando bem sobre isso."  Ter bastante dinheiro para ter uma boa vida é um objetivo evidente. Contudo, a aposentadoria e as suas implicações financeiras devem ser pensadas antecipadamente. Se nós acordamos na manhã seguinte à aposentadoria e então começamos a querer saber o que acontecerá em seguida, nós estamos em um grande transtorno. Eu prevejo que, com tão descuidado tratamento com o resto da nossa vida, as nossas chances de chegar aos 100 são quase nulas. Ter um planejamento financeiro para a vida implica em um número de elementos básicos: 1. Começar cedo. Economizar cedo paga grandes dividendos mais tarde. Mesmo pequenos e contínuos depósitos mais cedo nos levam a um bom hábito. Com o passar do tempo, o dinheiro disponível será igual às opções do final da vida. 2. Ser estável. Não procurar por grandes retiradas cedo. Adiar as gratificações para garantir competência financeira no final da vida. As chances são de que nós vamos viver por um longo tempo, e quanto mais estáveis nós formos ao longo das décadas, maiores serão as chances de um resultado de sucesso. 3. Arriscar. Quando o nosso plano financeiro para a vida se tornar conservador, nós estamos em perigo. A vida é inerentemente perigosa, e nós devemos reconhecer que não há uma aposta segura. 4. Ser flexível. Estar disposto a passar de uma estratégia para outra. É muito improvável que um plano de ontem ainda seja o melhor para amanhã. Continuar a reavaliar e a repensar. Algumas despesas -- tais como moradia, educação, roupas, e alimentação - normalmente diminuem com o tempo. Outras -- como viagens, entretenimento, e saúde -- muitas vezes aumentam. 5. Não ser sentimental no programa. Ser realista e oportunista. Não se apegar a investimentos ou posses simplesmente por razões sentimentais. O mundo muda, e nós e o nosso plano financeiro devemos mudar com ele. 6. Pedir ajuda - mas usando múltiplas fontes de informação. Compreender que todos os entendidos estão lá para dar orientação mais para seu próprio benefício do que para o nosso. Comparar os conselhos e questionar os resultados. Cuidado com as comissões. 7. Não se assustar com a inflação. Seguramente, o nosso dinheiro não estará valendo no próximo ano o que vale hoje, mas sábios investimentos proporcionam rendimentos que variam com a inflação, de modo que os produtos do nosso trabalho não serão corroídos pelas tendências inflacionárias. A inflação pode variar de 2,5 a 7,5 por cento ao ano, e os nossos investimentos devem levar essa variável  em conta. Cuidado com os planos de aposentadoria antecipada. Eles nos são oferecidos não para nosso benefício, mas porque eles irão custar menos ao longo do tempo para a empresa ou para o governo. 8. Ficar atento não somente para as próprias necessidades, mas também para as dos que estão em volta. Compartilhar o processo do planejamento com a esposa e os filhos. Perguntar quais são as suas perspectivas. 9. Estar ciente das despesas bem como dos rendimentos. Ambos podem e vão mudar. O que é verdade em um balanço em determinado tempo, pode ser totalmente diferente em outro. Não gastar um dólar é o mesmo que ganhar um. Mas não ficar com medo de gastar. 10. Se uma estratégia falhar, tentar outra. Não começar com um plano de perdedor no jogo. Ficar ciente de que planejamento financeiro implica tanto em elementos emocionais como físicos. Não sacrificar um por causa do outro. A qualidade de vida é a linha mestra. Planejar significa estar no ataque. Protege contra a dependência e proporciona auto-suficiência. Implica em contínuo envolvimento na importante fase da vida ativa.  

 

99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz (USA)

 

Ação 64 - Estar ajustado nos bens -- Economizar

 

A saúde dos bens significa ter bastante não só para hoje, mas também para muitos amanhãs. Estar ajustado nos bens significa ter uma abordagem equilibrada. Esse equilíbrio é comparado pelos entendidos a um assento com três pernas, sendo as três pernas o seguro social, o rendimento do trabalho, e as economias (incluindo pensões e investimentos). Se nós optamos por não trabalhar, então as outras duas pernas são consideradas por milhões de não afortunadas pessoas serem suficientes para a saúde dos bens. Essa é uma terrível e perigosa ilusão. Na média, o seguro social supre menos que 40 por cento dos rendimentos no final da vida. A quantia modesta de rendimento proveniente da seguridade social significa que a estratégia para economizar para a vida é preponderante para a manutenção da qualidade de vida.

Nós estamos economizando?

Uma pesquisa conduzida pela Merrill Lynch revelou que 15 por cento das pessoas não têm nenhum plano de previdência, e somente 39 por cento tem algum plano de previdência para a aposentadoria, seja no trabalho seja em casa. Esses números são somente a metade do que era há alguns anos atrás. Nós economizamos menos de 5 por cento do que ganhamos.

Desejar uma aposentadoria antecipada?

Dezenas de milhões das crianças do "boom" de após-guerra, próximas de virar os 50, estão em grande risco. Mas, como para todos os problemas da vida, há soluções: continuar a trabalhar, aumentar as economias ou uma combinação das duas. A atitude que está prevalecendo parece ser antes se aposentar cedo, mais cedo e cada vez mais cedo, do que o contrário. Se nós ousamos chegar aos 100, os números simplesmente não aumentam se nós paramos de trabalhar aos 62. Em 1950, metade da população trabalhadora ainda mantinha seus empregos aos 65.

Começar a poupar agora

A principal chave do sucesso da saúde dos bens é a duração do período de economias mais do que a sua engenhosidade. Um dólar economizado antes dos 40 anos vale oito dólares na idade de 60. Por conseguinte, quanto mais tempo nós pudermos continuar a economizar, melhor estaremos quando pararmos. Reciprocamente, quanto mais tempo nós trabalharmos, mais poderemos economizar, e é exatamente naqueles anos entre os 62 e os 70 que as economias podem crescer dramaticamente e aumentar imensamente o valor do programa de poupança.

Mais do que contas no banco

O aspecto do plano de economias para o final da vida não é só o da conta no banco -- por economias quero dizer uma casa, investimentos, pensões, e outra propriedade. Qualquer programa inteligente investiga todos esses ativos, em seguida faz o balanço e levanta o seu valor. As economias é claro, devem incluir não só as nossas necessidades correntes e futuras, mas também igualmente aquelas da nossa família dependente. Tais economias exigem que nós mantenhamos atualizados os valores correntes de cada tipo de economia e exploremos as oportunidades de mudar de um tipo para outro, dependendo das circunstâncias.

Nossa alternativa: cortar as despesas

O outro modo de economizar é não gastar. Aqui é que onde a qualidade de vida entra em jogo de novo. O dinheiro é para ser usado para aumentar a qualidade de vida. Se nós temos a oportunidade de não gastar sem compensar ou melhorar a qualidade de vida, então nós devemos aproveitar esta chance. Há muitas estratégias não dolorosas para cortar as despesas, incluindo a venda de um segundo carro, descartando seguros em excesso, concentrando e fortalecendo sempre que possível.

Aumentar as nossas opções

A importância das economias é o número de opções que elas oferecem. Quando nós temos adequadas economias, nós podemos ser mais criativos com a nossa programação de trabalho. Se as nossas economias forem suficientes para durarem até nós chegarmos aos 100, então torna-se uma opção se vamos ou não trabalhar. Poucos de nós na realidade chegamos a esse ideal, portanto torna-se vital para todos nós economizarmos desde cedo e sem interrupção. O valor médio do dinheiro que os americanos têm ao se aposentar é de 11.000 dólares. Nós devemos ser bem melhores se desejarmos ter saúde e bem-estar.

 

99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz (USA)

 

Ação 65 – Continuar trabalhando

 

Vários amigos economistas de Stanford sugerem que se todos nós estamos realmente planejando viver até os 100, devemos levar em consideração trabalhar até os 80. Nós somos uma pessoa rara se, na metade dos 60 anos, nós já temos economias suficientes para suplementar os pagamentos do Seguro Social e viver sem preocupações até os 100. As três pernas do banco – economias, Seguro Social, e rendimentos do trabalho – irão normalmente exigir o apoio de todas as três fontes se o projeto da melhor vida é para ser preservado.

Começar a retrabalhar o “trabalho”.

A conveniência de se prolongar o período de trabalho da vida não provém somente ou mesmo predominantemente do aspecto financeiro, apesar de que este aspecto não deve ser subestimado. Para a maioria de nós, o trabalho proporciona uma de nossas identidades centrais. A aposentadoria proporciona a oportunidade de se repensar o trabalho.Quase infinitas escolhas existem. Trabalhar no início da vida é imperativo, tornando-se opcional mais tarde. Um retrabalho da idéia de trabalho nos nossos 60 nos proporciona um tesouro carregado de oportunidades, enriquecido por décadas de experiências. Nós sabemos do que gostamos e do que não gostamos. A compulsão financeira da experiência dos primeiros trabalhos parece ser menor, permitindo-nos mesmo maior liberdade na escolha da segunda carreira.

Mesmo trabalho, novo acordo?

A primeira questão a fazer a respeito da nossa carreira é se a presente situação de emprego pode receber alguma mudança; como divisão de trabalho, agenda flexível, emprego temporário, e outras oportunidades criativas – todas elas passíveis de serem exploradas com criatividade conosco pelas corporações  e empresas esclarecidas o suficiente. Muitos estudos indicam a confiabilidade dos trabalhadores antigos, que tiveram baixos índices de ausência. Para o empregador, a desvantagem do trabalhador mais velho é que geralmente envolve uma categoria de salários mais altos. Certamente a nossa habilidade em ajudar a encaminhar essa questão, criando por esse meio oportunidades de ascensão dos jovens trabalhadores, será útil.

Tempo de mudanças?

Ou será que está na hora de mudar para uma nova carreira, uma nova direção, um novo lugar. Leia os anúncios classificados, pergunte aos colegas, faça novos contatos e amigos, apresente-se para tentar algumas opções. Uma outra possibilidade é começar o seu próprio negócio. Arriscar faz parte da idéia do continuado crescimento na vida avançada. Ou talvez nós tenhamos uma oportunidade de trabalhar em casa. É claro, todas as decisões importantes de trabalho são mais bem feitas depois que nós as levamos em conta no início da vida. Eu gosto de criar cenários de possíveis trabalhos para as diferentes décadas que se estendem à minha frente.

As recompensas imateriais do trabalho

A imagem do trabalho como uma fonte de orgulho – uma razão para permitir que ele controle a nossa vida – persiste. Trabalharmos nós mesmos até a morte algumas vezes não nos parece uma má idéia. Um contracheque regular é uma contínua evidência de valor, dinheiro de fato e significativo. Eu espero que eu possa desempenhar um trabalho ainda digno de pagamento quando eu estiver próximo dos 100. Significará que a minha continuada existência é necessária a alguém, que também acha que o meu trabalho merece recompensa. Um contínuo envolvimento em uma vida ativa é a peça central de uma vida vivida completamente. Contínua produtividade é o selo de garantia de um envelhecimento bem sucedido. O relógio não é a barreira, e esperamos que a vitalidade física também não seja. Compromisso em significar alguma coisa – neste caso trabalhar – é fundamental.

 

99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz (USA)

 

Ação 66- Gastar tudo

 

Esta ação é provavelmente a mais difícil de todas a se levar à perfeição, exigindo tanto habilidade como sorte. O princípio geral é sair da vida como nós entramos nela – sem nada. Nunca foi possível propor tal ação antes, porque a vida tinha sido um jogo de dados que todo o tipo de planos de contingência artificiais era necessário. Agora, contudo, nós podemos abordar toda a extensão da nossa vida com inteligência e confiança.

Nosso último dia: De quanto vamos precisar?

Se nós estamos no negócio de planejar toda a nossa vida em todos os detalhes, parece apropriado levar em conta quanto de dinheiro nós desejamos ter na nossa conta bancária no dia da nossa morte. Para mim, a quantia certa parece ser exatamente o que nós precisamos: o suficiente para pagar as nossas contas e cumprir as nossas obrigações, e não mais. O ideal de ver quão grande propriedade a gente pode acumular como um indicador de uma vida bem sucedida não faz absolutamente sentido para mim.

Cuidado com o Tio Sam

A teoria diz que se ambos minha esposa e eu vamos morrer nos nossos 100 anos ou perto deles, então as nossas necessidades materiais chegaram a um fim, e toda a nossa riqueza acumulada e energias deverão ser distribuídas nesta data ou perto dela. Certamente, enfaticamente, nada deveria ser deixado para o governo cair em cima e espoliar. Se eu faço questão de contribuir voluntariamente para um contínuo apoio financeiro ao meu país antes de eu morrer, eu me reservo este direito. Mas a idéia de que algum palhaço em Washington irá reivindicar o produto das energias da minha vida, só porque eu não fui esperto ou cuidadoso o suficiente para me livrar da minha propriedade (para a minha família e para instituições beneficentes escolhidas), me enche de repugnância.

Doe tudo

Para evitar que isso aconteça, é necessário um criterioso uso do nosso capital no final da vida. Revogar hipotecas, heranças, e vendas ou doações dos ativos desnecessários deveria tudo ser deliberadamente planejado. Eu nunca terei dinheiro sobrando, principalmente na hora da minha morte. Economizar, em seguida usar, é uma estratégia correta. Eu não tenciono ser alguma vez esperto o bastante para elaborar os detalhes deste importante passo de planejamento financeiro, mas eu confio isso à multidão de planejadores financeiros do mundo. Eu estou certo de que aparecerão diversas brechas nas taxas, se eu for habilidoso ao lidar com o meu patrimônio. Eu não vou precisar de dois carros ao morrer. Eu não vou precisar nem de um. Eu não vou precisar de nada ou do mínimo, esta é a grande estratégia agora. Doando os nossos bens, nós mantemos o controle sobre a nossa vida e sobre a nossa morte. Eu desejo desesperadamente ter a satisfação de que o que eu gastei a minha vida acumulando está sendo distribuído precisamente do jeito que eu quero, e a única maneira para ter essa confiança é ter uma conta bancária zerada quando eu morrer. Eu sugiro o mesmo para você. Algum grande sábio uma vez observou, “Nós não podemos levar nada conosco”. Eu ainda não achei uma exceção a essa regra, mas nós podemos fazer doações.