99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 34: Mantenha os seus sentidos aguçados.
A nossa visão, a audição, o olfato, o paladar, e o tato
são nossas conexões com o mundo. Eles
indicam o nosso relacionamento com o que nos rodeia. Sem eles, nós viveríamos
em um compartimento escuro e sossegado. Muitas pessoas mais idosas tendem a se retirar
do mundo. Uma das principais estratégias para se viver até os 100 e ter
vitalidade todo o tempo, é manter todos os sentidos ligados e atentos para o
mundo. Administrar os nossos sentidos em um patamar mais elevado de
planejamento para desenvolver a resistência. É do conhecimento geral que os
nossos
sentidos vão se enfraquecendo conforme vamos envelhecendo.
Noventa por cento das pessoas que chegam aos 90 anos, são portadoras de alguma
forma de catarata. Igualmente, os remédios que as pessoas tomam, podem ter seus
efeitos nos sentidos: por exemplo, a aspirina afeta a audição. Se nós queremos
permanecer engajados por dez décadas, nós precisamos ser ágeis e estarmos
motivados. Quando nós perdemos o contato com o mundo que nos cerca, a nossa mente tende a vaguear. A privação
sensorial resulta em perda de ambição e da consciência de nós mesmos no mundo.
Rotineiramente, eu vejo pacientes idosos
que têm sido trazidos por seus familiares
devido a essa perda. Eles estão agindo deficientemente e com risco de cair fora
da vida real.Uma das minhas primeiras verificações é avaliar os seus sentidos.
Muitas vezes eu identifico as maiores perdas e prescrevo ações corretivas
urgentes. É claro que a tendência é atribuir tudo ao envelhecimento. Os termos
"presbiopia" e "presbicuse" ( presbi = velho, opi = visão,
cuse = audição) são ouvidos muito frequentemente. Os médicos afirmam,
"você não pode ver ou ouvir porque você está velho". Essas atitudes
são tanto desatinadas como prejudiciais. A maior parte das deficiências dos
sentidos pode ser tratada. As perdas na visão e na audição podem ser tratadas
com sucesso. O tratamento pode ser com remédios, com cirurgia, mecânico , ou
ambiental. Colírios, operação de catarata, filtros óticos, e aparelhos auditivos são importantes
intensificadores dos sentidos. Nunca é tarde demais para melhorar os sentidos.
Nós parecemos mais condicionados em assegurar que os nossos dentes estejam bem
cuidados do que os nossos olhos e os
nossos ouvidos. Eu sugiro que a cada cinco anos você precisa fazer um
levantamento da situação de todos os seus sentidos, e se você descobrir que
alguma deles está interferindo com a qualidade de sua vida, consulte um especialista.
A vida é cheia de desafios. Nós devemos estar em condições de reagir com
precisão ,rapidez, e de modo adequado para enfrentá-los e canalizar as nossas
energias para nosso melhor benefício.
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Ação 35: Exercite o seu cérebro
O principal mito acerca do envelhecimento se refere ao
cérebro. É comumente aceito que o vigor do nosso cérebro diminui com a idade,
mas como outras dimensões da existência, a maior parte do declínio não é devido
ao envelhecimento, é devido à flacidez intelectual. Como uma perna engessada,
quando não usado o cérebro se deteriora. Estudos têm demonstrado que ficar
vendo televisão exige menor energia do cérebro que ficar olhando para uma
parede. A TV aumenta o estado de inconsciência. Quando uma certa parte do
cérebro é estimulada por uma tarefa da vida, vai mais sangue para a área. Por
exemplo, a nossa visão é focada atrás do nosso cérebro. Quando nós realizamos
uma ação visual, a parte de trás do cérebro recebe um fluxo maior de sangue, e portanto
mais oxigênio e nutrientes.
Exercícios para construir a força
O desafio intelectual
e conseqüente enriquecimento causam reais mudanças estruturais no
cérebro. Ele cresce, assim como acontece com o
nosso bíceps quando nós fazemos flexão na barra. As finas ramificações das células do cérebro fazem brotar novos
ramos quando o cérebro é estimulado. Nenhuma dessas informações é de algum modo
surpreendente. É exatamente o modo como a natureza trabalha. Nossa estrutura e
funcionamento dependem de ativa estimulação para crescimento e vitalidade. O
mundo natural tem pouca tolerância para organismos que param de crescer. Nosso cérebro
não é uma exceção.
Proteção da inteligência
Foi sugerido que o Mal de Alzheimer afeta menos as pessoas
inteligentes. Isso não significa que as pessoas inteligentes não pegam o Mal de
Alzheimer, mas a teoria sustenta que se nós formos mais inteligentes, nós
teremos um cabedal mental maior para usar antes que as deficiências do
Alzheimer incomodem. Mas como treinar um cérebro? Isso é onde nós precisamos de
muito trabalho. É previsível que certas substâncias do cérebro tais como certos
aminoácidos surjam para fazer o nosso cérebro trabalhar para nós. Ninguém sabe
se elas funcionam ou não, mas eu faço pouco do nosso eterno esforço para
simplificar. Nós precisamos de um programa para exercitar o cérebro de modo a manter
o nosso mais significativo órgão estimulado e reativo. Os detalhes desse tipo
de currículo ainda não foram elaborados, e ele irá variar grandemente entre
nós, mas para os iniciantes eu sugiro que nós escrevamos uma carta por dia,
façamos trabalho voluntário, aprendamos uma língua, fiquemos em boa forma física,
aprendamos a ser sociáveis, toquemos um instrumento musical, sejamos um agente
comunitário e de proteção ambiental, cuidemos de bastantes coisas para sermos
necessários. Usemos o nosso cérebro.
Construamos o nosso cérebro.
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Ação 36: Construir a memória
É mais importante esquecer do que lembrar. Se nós nos lembrássemos
de somente 10 por cento de todas as informações que nós recebemos , nós
teríamos um bocado de problemas. Os gregos costumavam considerar o cérebro das
crianças como uma pedra de ardósia vazia,
aonde as experiências da vida vão sendo registradas. Agora imaginemos a
confusão que iria ocorrer se tudo o que nós ouvimos, vimos, sentimos,
cheiramos, provamos, e aprendemos estivesse junto em um quadro negro. Nós
precisamos de um eficiente apagador para viver efetivamente.
A memória e o envelhecimento
Quantas vezes nós ou os outros lamentamos
que nos lembramos de muita coisa? Geralmente a reclamação é ao contrário. Diz-se que a
perda de memória é uma das conseqüências inevitáveis do envelhecimento, e é, de
alguma forma. Uma pessoa jovem pode se lembrar de uma média de oito a dez nomes
em uma lista, as mais velhas de seis a oito. Contudo se nós treinamos a pessoa
mais velha, ela pode aprender a se lembrar de trinta a quarenta nomes. É claro
que se nós treinamos uma pessoa jovem, ele irá de novo suplantar o estudante
mais velho, mas o ponto central é que o treinamento dá ganho, e esse ganho é
muito maior que a perda ocasionada somente pelo tempo. Há essencialmente dois
tipos de memória, a curta e a longa. A memória de curto prazo é aquela para
tarefas obrigatórias, como se lembrar de um número de telefone quando nos é
passado -- mas que nós iremos esquecer rapidamente se ele não for repetido e
depositado na nossa gaveta da memória de longo prazo, onde são arquivadas as
pistas das nossas informações importantes. Diz-se que a memória tem três componentes:
o registro, a retenção, e a recuperação. Registrar significa codificar o
evento, colocá-lo, ou nomeá-lo dentro do banco do curto prazo concentrando-se
atentamente no esforço de se lembrar. Com agitação ou distração, a codificação
não irá registrar. A retenção exige a repetição para segurar o item na memória
de longo prazo. A recuperação envolve a lembrança e o reconhecimento. Quanto
mais rica a rede da qual poderá ser extraída a lembrança e o reconhecimento,
melhor será a memória.
Ameaças à memória
Nós sabemos pouco como melhorar a memória, mas nós sabemos
muito sobre o que a piora. A mais importante ameaça para a nossa memória é o
Mal de Alzheimer, que rouba de milhões de pessoas seus tesouros mentais e
emocionais, mas a hipertensão, a depressão, e muitas outras doenças também nos
roubam a nossa duramente conseguida herança intelectual. Muitas drogas, especialmente
o álcool, embotam a nossa habilidade de lembrar. Alcançar os 100 exige a
criação e a retenção de experiências dignas de uma rica vida. Nós precisamos da
nossa memória para registrar nossos bons e maus esforços. Ela nos dá a
oportunidade de fazer escolhas
esclarecidas, o que vem a ser afinal a
vida em primeiro lugar.
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Ação 37: Seja metódico
Quando 1.200 centenários foram entrevistados para se
descobrir seu segredo para a longevidade, 90 por cento do grupo destacou o papel
do método em suas vidas. Regularidade -- não dinheiro, nem genética, nem saúde
-- encabeçava a lista das atitudes benééficas. Entretanto, esse elemento parece
estar privado de um apelo mais emocional e mesmo intelectual. Eu não posso imaginar,
por exemplo, uma Associação Nacional para o Avanço da Ordem. Mas quanto mais eu
leio e compreendo, mais me impele a idéia de manter a ordem. Nós sabemos que as
pessoas casadas vivem mais, que os eventos da vida solteira prejudicam a longevidade,
que as desordens físicas e mentais são fatores de risco. Ordem significa saúde.
Saúde significa ordem. Ordem significa manutenção da melhor forma e funcionamento. Um corpo sadio
está em perfeita ordem, mantido assim por uma corrente de energia. Um frágil
ramo ou corpo está com pouca ordem. Ele não trabalha bem, ele precisa de uma
transfusão de energia. Crescimento e
adaptabilidade não podem ocorrer sem o efeito de ordem de uma corrente de
energia
Mantendo a ordem do corpo
Como podemos transformar a necessidade de ordem em regras práticas?
Primeiro,
mantenha-se em movimento.
A maior parte do corpo serve para fins de movimento, e
usando os músculos, ossos, juntas e tendões para as suas finalidades, ficarão
asseguradas suas formas e funções.
Segundo, mantenha o aprendizado.
Para o cérebro, o desafio é tão essencial quanto o movimento o é para os músculos. O
aprendizado não deveria estar confinado nas duas primeiras décadas da vida.
Nova pesquisa mostra claramente que o
cérebro usado não enferruja. Além disso, aprender a viver muito traz consigo a
alegria de ver as coisas. Quanto mais complexa é uma coisa, mais organizada ela
é -- como uma floresta tropical. As coisas complexas têm muitos elementos de suporte
que mantêm um funcionamento bem organizado.Diferente das máquinas, que parecem
enguiçar na proporção direta do número de suas partes, o nosso corpo -- e
particularmente o nosso cérebro -- é mais saudável quanto mais complexo e bem
usado ele é.
Terceiro, mantenha frias as emoções.
Quando a raiva, a ansiedade, ou a depressão aparecem além
de uma margem controlável, elas colocam em risco o nosso controle emocional.
"Tudo com moderação" tem sido a regra por milhares de anos – também
para moderar o temperamento. Um modo de agir com raiva não é bom nem para a
saúde da pessoa com raiva, nem para as outras pessoas.
Quarto, mantenha os sentidos apurados.
Os sentidos são as nossas antenas para o mundo e precisam
estar em condições de receber as mais recentes informações do mundo em que
vivemos. Quanto mais velhos vamos ficando, mais importantes os nossos sentidos
para a nossa efetiva sobrevivência.
Quinto, mantenha as tradições.
O tempo é um honrado professor e o conhecimento das
tradições pessoais e da comunidade é uma valiosa memória. Relembrar como certas
datas e ocasiões têm sido celebradas no passado nos traz elevado significado e
auto-suficiência. Quanto mais velhos vamos ficando, mais importante é o nosso
papel em manter os arquivos
das experiências compartilhados. A experiência acumulada
nos conduz à sabedoria, e os velhos são os preciosos proprietários do casa onde
vive a sabedoria.
Sexto, renove-se a si mesmo.
Uma das grandes glórias da vida é a sua quase infinita capacidade
para se renovar. Renovar significa reorganizar, reagrupar. Se o recesso e o
desligamento são obtidos por um processo de uma consciente renovação, a ordem é
reconquistada e o rigor garantido. Nós nunca somos demasiado velhos para
renovar. A ordem emerge, então, como o indicador principal de um envelhecimento
de sucesso. A ordem não está no domínio exclusivo dos físicos teóricos, ela é,
de fato, a chave para se tornar um centenário.
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Ação 38: Seja atraente
A razão porque as mulheres vivem mais que os homens é que
elas costumam se vestir como se
estivessem indo para um banquete diferente dos homens, que sempre parecem estar
seguindo para um funeral.
Pratique a higiene
Se você quer chegar aos 100, seja animado, atraente, e asseado.Mantenha
um brilho nos seus olhos e no seu andar. Mantenha os seus cabelos limpos e penteados.
Esteja bem barbeado. Conserve os seus dentes em boa forma, e mantenha uma boa
higiene.Nada é mais motivo de repulsa do
que uma pessoa com odor desagradável. Seja esbelto. Seja forte. Torne-se amigo
do seu barbeiro ou cabeleireiro. Um banho quente de chuveiro faz qualquer um
sentir-se décadas mais jovem.
Manter-se asseado. Vestir-se bem
Mantenha suas roupas limpas e cuidadas.A aparência
desleixada não ajuda em nenhuma idade, ao contrário serve para transmitir imagem
de decadência e deterioração. Roupas velhas são apropriadas se elas não estão
rasgadas, mas é importante de vez em quando comprar coisas novas. Os gurus da
moda gostariam que a gente acreditasse que a roupa cria a nossa personalidade.
Pode ser um exagero de venda, mas não há dúvida que a nossa auto-imagem é
determinada em boa escala pelo tipo de pano que nós enrolamos em torno do nosso
corpo. Apesar das minhas sugestões, contudo, não usemos roupas como um
disfarce.Mostremo-nos como somos.
Abrace a experiência
A nossa pele fica flácida
conforme vamos ficando velhos. A perda da elasticidade é uma das marcas
reais do envelhecimento. A pele de cima das mãos do idoso demora mais tempo
para voltar à posição do que a de uma pessoa jovem. Essa falta de elasticidade causa
rugas e torna flácidos pele, pálpebras , e
seios. Para muitos de nós, essas rugas são troféus, que conseguimos a
duras penas. Eu acho as faces dos idosos atraentes e muito mais interessantes
que as dos jovens, que ainda não foram marcadas pela experiência da vida. Essas
telas ainda não foram pintadas. Muitos, contudo, consideram as rugas mais
depreciação do que prestígio. A mãe de 85 anos de um colega meu se aproximou de
mim há alguns anos atrás para saber a minha opinião se ela devia fazer uma
plástica no rosto. Ela certamente não precisava da minha benção para isso, mas
eu lhe disse que uma plástica no rosto normalmente dura somente dez anos, sendo
assim quando ela estivesse com 95, ela certamente precisaria fazer outra. Esse fato
não a deteve de modo algum.
Irradiar saúde
Ser atraente representa a média -- nem muito nem pouco, nem pequeno nem alto, de nariz , olhos, e lábios médios –
todos ligados a um gentilmente oculto desejo de cultura. A saúde e o vigor
estão inerentes. Conforme envelhecemos o desejo da capacidade reprodutiva
torna-se de pouca ou nenhuma importância, mas permanece o resíduo da mensagem
de muita saúde e de atração. Naturalmente, nós gostamos de estar junto
daqueles que irradiam bons sentimentos e otimismo. Conforme vamos chegando aos
100, nós precisamos manter as nossas calças com vinco, os nossos sapatos lustrados,
o nosso cabelo esmeradamente cortado, e o nosso sorriso sempre presente.
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Ação 39: Reconhecer que
sexo é para a vida
É o sexo após 50 um ato não natural, um resíduo declinante
escolhido pela natureza somente para aqueles da idade reprodutiva? Ou é o sexo
um assunto de qualidade de vida, uma função central a ser protegida e estimada,
como respirar ou comer? O sexo está bem ligado à essência da vida. Alguns biólogos
afirmam que tudo nele é para a vida. De todas as nossas funções vitais, o sexo
é a mais secreta e escondida do mundo, e para maior tristeza, ele é igualmente
escondido de nós mesmos. Freud fez fama ao nos ensinar como todos nós
reprimimos a nossa sexualidade básica. Ninguém é mais reprimido que o velho.
Essa repressão é doentia, desnecessária, e completamente estúpida. Masters e
Johnson, nossos mais apreciados sexólogos, afirmam que a chave é a educação.
Quanto mais nós aprendemos sobre sexualidade ao longo de nossa existência,
tanto mais ficaremos em condições de
redefinir nossos próprios potenciais conforme vamos envelhecendo.
Mitos sexuais
Todo o campo da gerontologia está cheio de mito, e em
nenhuma parte é a mitologia mais preponderante que na área do sexo. O primeiro
e o mais impregnado mito se refere à realidade do sexo após os 50. A verdade é
que o velho tem capacidade. O velho faz. O idoso é mais sexual do que o jovem o
acha e é mais sexual que ele mesmo idoso acha. Eu não quero dizer que o velho
possa e faça sexo do mesmo modo como o fez nos 20 anos. O que é o mesmo nos 70
e nos 20? Nós estamos errados ao tentar nos comparar agora como o que éramos cinqüenta anos atrás; em
vez disso, tentemos olhar para os outros da mesma idade. Aqui é onde o índice
de ignorância é muito alto.
A causa da inadaptação
Até recentemente a inadaptação sexual nas pessoas idosas
era considerada ser grandemente psicológica. Agora nós sabemos que podem haver
também numerosos problemas físicos, doenças e uso de remédios entre outros. De
fato, a maioria dos problemas sexuais nos idosos são físicos. Para os homens,
eles envolvem problemas de potência, para as mulheres, de oportunidade. Tanto o
homem como a mulher devem dar a si mesmos a permissão de permanecerem
sexuais.Os idosos de ambos os sexos devem compreender que sexo não é só aprovar
pensar a respeito e preservar, mas uma
força maior e positiva de vida. A famosa expressão "Use-o ou perca-o"
ecoa freqüentemente. Uma característica chave da sexualidade é a
responsabilidade. Muito da imagem negativa que cerca o sexo em geral provém de
uma amplamente divulgada falta de respeito pelos outros e mesmo para consigo
mesmo quando os humores orgânicos começam a fluir. Conforme vamos envelhecendo,
esse problema vai ficando cada vez menos relevante. O compromisso e a
intimidade, para que sejam as positivas
forças de vida que devem ser, exigem fácil comunicação e constante confiança
mútua. Uma robusta vida sexual nos 90 e além, é o ideal. Tudo o que se precisa
é disposição e sensibilidade. Sensibilidade é o conhecimento de que a fonte da auto-identificação
e da glória podem ser nossa todo o tempo, e disposição é a coragem de conservar
o sexo livre e romântico, novo e saudável. Alex Comfort escreveu que fazer sexo
é como andar de bicicleta. Exige um pouco de energia e um pouco de equilíbrio,
é bom para nós , e é ocasião de muito divertimento.
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(USA)
Ação 40: Esteja em contato
Ninguém, homem ou
mulher é uma ilha. Ninguém está sozinho. A evidência da importância da
intimidade na meninice é clara. Um dos maiores riscos da institucionalização do
final da vida é a perda da oportunidade de dar e receber intimidade, e a perda
da oportunidade de intimidade é o supremo desligamento e o risco de uma
verdadeira dependência.O relacionamento não é só necessário no início da vida,
mas também no final. Estudos demonstraram que as pessoas relacionadas têm menos
da metade dos índices de mortalidade que as solitárias, e que quanto mais
estreito o relacionamento, mais poderoso o efeito de sobrevida. Viver sozinho é
ruim para o nosso coração, ruim para a nossa imunidade, ruim para a nossa
mente. A chave para manter vivos os ratos em laboratório não é o cuidado nutricional
ou médico, mas a simples possibilidade de TAC (ternura, amor e cuidado). Os
ratos velhos vivem muito mais simplesmente porque eles são bem tratados.Isso me
soa bem.
Estendendo para outros casos
Como médico, eu identifico a força do tocar. Eu tenho diversos
pacientes em asilos. Muitas das suas situações são bastante delicadas. Apesar
de "intocáveis" como parecem, eu tenho o hábito de tocá-los, mesmo aqueles que parecem
insensíveis e hostis. Eu não sei se isso os ajuda, mas eu tenho certeza que me
ajuda. Ronald Reagan relembra a enfermeira que segurou a
sua mão depois que ele foi baleado. "O fato de ela segurar a minha mão
enquanto eu lá estava estendido com uma bala no peito, ajudou a salvar a minha
vida”. A presença de rosto amigável -- e o toque -- são uma força inexplorada
no ambiente asséptico das salas de emergência e unidades de tratamento
intensivo. Um programa de toque revela cinco diferentes variedades através de
um espectro de intensidade: (1) funcional, (2) social, (3) amigável, (4) para sentir
a sensação, e (5) sexual. Nós precisamos de todos os cinco, mas os problemas
surgem em quando e como aplicar e receber. Assim como em outras ligações
humanas, o estímulo precisa ser apropriado para o doador e o receptor. E assim
como nós precisamos aprender como tocar, nós também precisamos aprender como
ser tocado. Muitos de nós somos avessos ao toque. No limite, isso leva ao
desligamento: "Deixe-me sozinho! Não me toques!". Em um limite inferior é mais comum a
tendência de se evitar situações em que o toque é provável de acontecer. Tocar
alguém e ser tocado é de alguma forma arriscado. Isso envolve a natureza do
contato, e é crítica a reciprocidade do contato. Conforme nós vamos ficando
velhos inteligentemente, nós devemos nos lembrar e realçar a importância do
toque. Para a maior
parte da natureza, o toque é uma ferramenta de
sobrevivência -- e com toda a probabilidade é para nós também.
Diferença na duração da vida
Uma das principais barreiras ao toque e à intimidade
conforme vamos envelhecendo é a diferença entre a duração da vida do homem e da
mulher. Muitas mulheres casadas ficam viúvas por mais de oito anos no final de
suas vidas. O que nós esperamos fazer a respeito dessa ainda não bem explicada
diferença nas médias de idade de morte
de homens e mulheres? Nós homens estamos tentando nos desempenhar melhor ao
lidar com essa grande desvantagem (principalmente procurando continuar
saudáveis na velhice). "Fome de toques" e "inanição por falta de
intimidades" são os maiores problemas para nós que ousamos chegar aos 100.
Abrace, acaricie, aconchegue-se, afague, coce, mime, mantenha-se em contato.
Este conselho é melhor remédio que todos
os que eu tenho na minha pasta preta.
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(USA)
Ação 41: Siga a receita de ter um bicho de estimação
Um canto dos Sioux diz, "Eu canto para os
animais". O que seria do nosso mundo se nós fôssemos os únicos animais? Se
não houvesse sabiás, cangurus, aranhas, tigres, rãs, águias, ursos, borboletas,
cachorros? Que solitário e triste planeta ele seria. Os animais fazem parte da
nossa família. Eles nos dão muitas coisas em milhões de maneiras.
Desenvolvendo os laços
Os bichos de estimação são formidáveis para pessoas de
qualquer idade, mas eles são de particular significado para os idosos. Eles
muitas vezes se tornam um substituto da família de um idoso. No começo da vida
em nossa maioria temos os felizes laços
dos membros da família para nos nutrir e sustentar. Quando envelhecemos, as
nossas famílias se fragmentam, e muito frequentemente um solitário idoso fica
para trás. Acolha um bicho de estimação. Uma recente viúva de 74 anos pode
usufruir de grandes benefícios com a companhia de um animal. Um asilo é
um lugar coerente para a presença de um animal. Podemos
ser criativos na escolha do tipo de animal -- além da escolha comum de
cachorro e gato -- incluir peixes
tropicais, pássaros, cervos, esquilos e coelhos, até mesmo furões e cobras. Ter
um animal nos compromete a cuidar de
alguma coisa fora de nós mesmos. Significa ser responsável pelos desejos e
necessidades de um outro. Tal relacionamento entre os humanos e os bichos cresce
somente com um espírito generoso. Contudo o valor de um relacionamento com um
animal, como tudo na vida, é diretamente proporcional à energia e ao cuidado que investimos. Se nós estamos
querendo aprender e mostrar respeito mútuo, os animais podem nos ensinar muito
acerca da vida. A observação do ciclo de vida de um animal ajuda-nos a entender
melhor as nossas próprias fases da vida. A experiência da morte de um animal de
estimação ajuda-nos a entender a nossa própria mortalidade. A tristeza causada
pela sua falta é uma intensa experiência humana, e o sentimento de perda deve
constar do nosso cardápio dos eventos da vida.
Benefícios para a saúde
A existência dos fortes laços emocionais entre os humanos
e os animais de estimação tem levado a inumeráveis esforços para se usar os
animais como terapia para uma grande diversidade de sofrimentos humanos.
Esfregar as orelhas dos nossos cães não
somente abaixa a
pulsação e a pressão sanguínea deles como também as nossas.Os
pacientes que tiveram um ataque do
coração e que também têm um animal de estimação, têm uma recuperação mais fácil
do que aqueles que não têm um bichinho.O controle da diabetes é melhorado se há
um animal em casa. Tanto a sobrevivência com câncer como a recuperação após uma
cirurgia são ajudadas pelo relacionamento com um animal amigo. Os animais são
admiráveis antidepressivos. Como poderia alguma depressão resistir à alegria e
ao entusiasmo de um cachorrinho de pêlos dourados que traz de volta algo que
foi atirado? De modo semelhante pessoas com deficiência neurológica parecem decobrir que os animais
de estimação proporcionam forte apoio ajudando-os
a vencer suas limitações. A intimidade de uma cabeça macia, de uma língua
quente, e de um rabo abanando é de fato um poderoso remédio. Em última análise,
um animal de estimação é um excelente médico e um caro amigo.
Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 42: Mantenha uma sólida família
A família é o abrigo moral. É dentro da estrutura da
família que nós aprendemos primeiro os nossos valores. Todos nós começamos a
vida em uma estrutura de família -- muito menos terminamos a vida dessa
maneira. Alguma coisa ficou perdida ao longo do caminho. No relacionamento familiar, nós deixamos de ser um indivíduo solitário. A família nos ajuda a
resolver problemas, dividir tensões, e desenvolver defesas comuns. Em teoria,
nosso relacionamento com as personalidades que mudam em nossa vida deveria
ficar mais rico conforme nós atravessamos as etapas da vida. Como crianças, nós
somos receptores da energia de nossos pais. Conforme vamos vivendo, o nosso
papel muda de receptor para doador de energia. Quanto mais velhos vamos ficando,
mais nós teremos que doar. Naturalmente, a sociedade não reconhece sempre essa contribuição.
Habilidades da vida
Os biologistas ensinam que nós mantemos a ligação e a
devoção em proporção direta com o
material genético repartido – aquela conexão de família que traz o sentido de
sobrevivência -- e nós construímos nossas estratégias de vida para dividir o
objetivo comum da sobrevivência da família. Com a divisão dos objetivos, surgem
os planos de vencer-vencer -- uma atitude "um por todos e todos por um".
São desenvolvidas as habilidades de relacionamento dentro da família,
habilidades de relacionamento que irão ajudar na interação com o resto do
mundo. Neste sentido, a unidade familiar torna-se a sala de ensaios para o
teatro da vida. As negociações e as
soluções de problemas que ocorrem entre os membros de uma família, envolvem as
mesmas habilidades como as necessárias
no local de trabalho e na comunidade mundial como um todo. É claro que a
família não existe sozinha. A unidade familiar vive no seu próprio
ambiente social, como acontece com cada
indivíduo. O desenvolvimento de recursos repartidos e a capacidade de competir
possibilitam uma força coletiva que nenhum indivíduo sozinho pode mobilizar.O
ninho serve-nos admiravelmente como um primeiro lar, mas ninguém pode abrir por
nós as nossas asas. Essa responsabilidade é só nossa. Um crescimento bem
sucedido implica no desenvolvimento simultâneo da força individual e a
preservação do contexto familiar. Neste mundo acelerado, a vida em família é
uma opção -- não uma necessidade. A
mudança no ambiente social, particularmente a abertura do mercado de trabalho
para as mulheres, destruiu os modelos tradicionais. As famílias com um pai ou
uma mãe são lamentavelmente comuns. Eu mantenho a minha convicção de que o
crescimento e o desenvolvimento do indivíduo ocorrem melhor em lares com pai e
mãe. A continuidade do relacionamento é dispensada na família de um pai ou uma
mãe.
Prevalece a desordem.
A família deve ser cultivada
As estruturas organizadas exigem um constante suprimento
de energia para sustentá-las. Com a família não é diferente. A premissa comum é
que a família é tão natural que ela mais ou menos cuida dela mesma. Não é
assim. Ela deve ser cuidadosamente e entusiasticamente cultivada. Um dos elementos
da preservação da integridade da família é o restabelecimento do papel dos
membros mais velhos na unidade funcional. Muitas vezes os membros mais velhos
da família -- o avô, a avó, e outros – são vestígios inúteis, confusos nos seus
papeis. As gerações mais jovens também não sabem o seu papel. Alem disso, a
existência de famílias com quatro gerações está cada vez mais comum. A segunda
geração a partir de baixo, comumente chamada de geração "sanduíche",
torna-se o centro vital, ficando as outras três dependentes deste centro. Essa
estrutura não é normal e não pode ser mantida funcional. As outras gerações
mais velhas precisam afirmar suas continuadas responsabilidades e exercer seus
futuros papéis cedo na vida. Nos seus "90" a minha mãe estava
confusa, porque ela sabia como reagir com as minhas crianças e com as crianças
dela -- ela afinal não esperava viver tanto.Nós, porém, devemos esperar nos
tornarmos avós e bisavós e planejar os correspondentes papéis como integrantes da família em evolução. O pessoal mais velho tem mais tempo para
ouvir, tem menores urgências pessoais, e um desenvolvido senso do contexto. Ele
é o arquivo da família. O membros mais velhos são os profetas da família, são
as placas de sinalização que mostram aonde os jovens podem ou não podem ir.
Palavras finais:
Conforme caminhamos para os 100, as nossas oportunidades e
responsabilidades na família vão mudando, mas continuam.O sucesso da nossa
cultura, e a qualidade das nossas vidas, são fortemente dependentes do nosso
respeito para com a nossa família e de como cuidamos dela.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 43: Não leve a você mesmo tão a sério
Meu pai costumava perguntar, "Quem irá se lembrar
daqui a cem anos? " Essa simples pepita de sabedoria tem me ajudado
em milhares de mini-crises -- situações
que eu pensava que o destino havia escrito todas elas mas que eram na realidade
pequenos sinais na grande tela de uma vida. Tal modo de ver é ainda uma outra
vantagem de se ir ficando mais velho. O mundo, é claro, é do jeito que ele é; o
modo como o percebemos é que é decisivo. Norman Cousins encantou na discussão
das emoções positivas. Há vários anos atrás eu organizei um encontro de um dia
inteiro de seis neuroquímicos de peso com Norman. Nós nos reunimos no Centro da Ciência do
Comportamento em Stanford. Durante horas, os cientistas descreveram os apurados
novos estudos sobre depressão, raiva, ansiedade. Norman não disse nada até
quase a hora do intervalo. "Mas
vocês não acham que as emoções positivas de amor, cuidado, comprometimento têm
efeitos semelhantes mas opostos no cérebro? "A assembléia de cientistas
pestanejou, e silenciosamente meneou a cabeça, concordando. Nào há estudos
sobre o que pode dar certo -- somente sobre o que pode dar errado.
O humor melhora a saúde
Todos nós sabemos do valor da risada -- Norman costumava
chamá-la de "corrida interna"-- e o campo de humor tem sido submetido
à análise científica. Nossas endorfinas crescem quando Jonathan Winters, Bill
Cosby, ou Robin Williams aparecem na tela da TV. Nossa resposta
imunológica aumenta . O humor parece ser
proveniente de uma combinação incomum, inesperada. Na sua melhor forma ele nos
permite comentar os confusos conceitos e absurdos da nossa existência. Ele permite
flexibilidade e plasticidade e nos previne da rigidez de pensamento e de ponto
de vista. Muitas vezes um paciente entra em meu consultório com muitas
lamentações sobre os últimos 40 anos. Por si só, o comprimento da
lista é um aviso. Eu ouço com o maior
respeito que posso e freqüentemente comento, "Nenhum entre nós é saudável
o suficiente para contestar esse auto-exame que o senhor mostra. Se algum de
nós tivesse que olhar em um espelho de aumento e se preocupar com a análise que
tal exame iria revelar inevitavelmente, nós teríamos uma lista igual à sua.
"Saúde e humor demonstram uma falta de auto-consciência e um ativa
reciprocidade com o resto do mundo. A tolerância é a prima do bom umor. O bom
humor nunca é cruel. Se ele machuca, ele não é bom humor.
O humor conduz a soluções
O humor pode
desintoxicar não somente a doença médica, mas ele também pode ser usado como
uma tentativa para resolver problemas em inúmeros níveis. Impasses políticos, discórdias em família, e
desavenças nos negócios podem todos ser resolvidos por uma apropriada analogia
humorística. Menos pose e menos ar de superioridade -- e mais generosidade de
espírito -- leva os distúrbios de todas as sortes para um foco mais claro e
para a ordem. Ninguém será tão velho para esquecer o Reinado Mágico. Lindas
histórias nunca estão abaixo da nossa superfície. Os palhaços provavelmente
fazem tão bem como os médicos em proporcionar alívio e compreensão. Nenhum dia
será totalmente ruim se ele produz uma risada.
Linhas finais:
Planejar para 100 anos não significa, contudo, usar o
humor como uma tola fuga da realidade. Quanto mais velhos ficamos, mais capazes
deveríamos ser de nos desviar do vazio e do inútil e encontrar prazer e energia
positiva no inesperado e no descontínuo. Reuniões de surpresa são divertidas porque
são muito imprevisíveis. Quando cada dia é previsível, a vida é aborrecida.
Alguém observou que o tamanho do nosso funeral depende das condições do tempo.
Use roupas alegres no seu funeral; faça alguém feliz. Faça com que o seu último
pensamento seja de felicidade.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 44: Trabalhar com estresse
O estresse é conhecido como um ativo cúmplice em muitas
das causas das doenças que rondam os hospitais e os consultórios médicos. Na
tabuleta pode estar registrado como problemas cardíacos ou derrame, mas o
verdadeiro culpado é muitas vezes o estresse. A velocidade e a complexidade da
vida moderna parecem admiravelmente apropriadas para causar o estresse. A alta
"densidade de eventos"da existência diária é um contínuo bombardeio
para o sistema nervoso.
Como nós reagimos determina o efeito
O estresse é muito mais que somente tempo e mudança. Mais
importante que o acontecimento que causa o estresse é como
cada um de nós reage a ele. Algumas pessoas podem marchar por uma estrada com
marimbondos e nunca perder o passo. Para outras, um mosquito no mesmo local
provoca grande ansiedade. Qualquer vida de valor terá baldes cheios de
potenciais produtores de estresse; o segredo do estresse é recebê-lo bem, trabalhar
com ele, e usar sua energia e seus desafios para tornar melhor a nossa vida.
Uma pesquisa Gallup entre os executivos das 500 maiores empresas listadas na
revista Fortune revelou que 60 por cento deles acharam o estresse divertido e
criativo.
Manter uma visão do conjunto
O ingrediente central na construção de uma familiaridade
em lidar com o estresse é ter uma visão do conjunto. Se nós vemos cada pequeno
desvio da rotina como uma ameaça de maiores conseqüências, então nós estamos
caminhando para o estresse. O Dr. Robert Eliot, entendido em estresse,
aconselha duas coisas: "Primeiro, -- não se angustiar com as pequenas
coisas, e segundo, -- tudo são pequenas coisas". É sempre impressionante
relembrar mais ou menos um ano atrás e identificar as coisas que nos mantinham
acordados à noite. Quase invariavelmente elas se diluíram na insignificância.
Outros redutores de estresse
Outros antídotos do estresse são uma saúde boa e
resistente e uma visão positiva para reagir ao estresse. É importante também encarar
o estresse. Pretender que uma alta conta referente a uma consulta médica ou
odontológica vencida, ou a uma disputa familiar não exista, deixa a solução
muito difícil. Técnicas de
relaxamento e senso de humor ajudam. O exercício é também
um extraordinário redutor de estresse.
Linhas finais:
Um excelente modo de reagir contra o estresse é permitir
que nós envelheçamos. Conforme vamos envelhecendo, consideramos os problemas
aparentemente intransponíveis de nossa mocidade bastante superficiais. O
envelhecer nos traz um modo de ver as coisas que somente o tempo e a
experiência podem proporcionar. Finalmente, ficar mais velho é um solvente em
que os estresses da vida pregressa se
dissolvem.
Complemento tirado do jornal Gazeta do Povo de 24/12/2001
Artigo do Dr. Luiz Bodachne, médico-geriatra do Hospital
Universitário Cajuru da PUC-PR
Você pode e deve administrar o estresse
Palavra de origem inglesa, estresse significa pressão. Na
verdade, representa um conjunto de reações do organismo a qualquer solicitação que
lhe chega, na maioria das vezes desfavoráveis, sendo considerado doença quando
crônico. Afeta todos os seres vivos, sendo seus efeitos proporcionais à
intensidade, duração e capacidade de reação do organismo. Em pequenas doses,
ele funciona como um motivador.
Embora seja
impossível viver sem uma certa carga de estresse, em dose excessiva pode trazer
repercussões para o organismo, tanto na área física como emocional. O conjunto
de modificações que ocorrem no organismo frente a situações estressantes é chamado
de síndrome geral de adaptação, passando pela reação de alarme (alerta),
resistência (luta) e, finalmente, a fase de exaustão (esgotamento). A adaptação
fisiológica do organismo ao estresse é feita por meio do eixo hipotálamo –
hipófise – supra-renais, com a liberação dos hormônios ACTH (hormônio
adrenocorticotrófico hipofisário), cortisol e substâncias, tais como adrenalina
e nor-adrenalina.
Frente a um
agente estressante, esse eixo é ativado, os hormônios são liberados, ocorre
liberação de adrenalina pelas supra-renais e o organismo reage conforme as
fases anteriormente citadas. Na luta do organismo contra o estresse podem
ocorrer ulcerações no aparelho digestivo, cólon irritável, pressão alta,
doenças cardiovasculares, respiratórias, dermatológicas, reumáticas, redução da
imunidade com maior propensão a infecções, crises de enxaqueca, irritabilidade,
ansiedade, tiques nervosos, insônia, falta de prazer, alterações no humor, no
desejo sexual, baixa produtividade no trabalho e, inclusive, câncer, além de
acelerar o envelhecimento.
Medidas
antiestressantes. Importante é reconhecer as condições físicas ou emocionais
que o desencadeiam (agentes estressantes) e fazer a sua prevenção.
·
Planejar
melhor a sua vida, evitando o excesso de trabalho e muitos compromissos ao
mesmo tempo. Não leve trabalho para casa.
·
Faça
pausas de 10 minutos a cada hora e meia de trabalho.
·
Não
deixe sua atividade profissional dominar a sua vida.
·
Não
faça tudo sozinho, divida responsabilidade.
·
Aprenda
a dizer “não”, sem se sentir culpado.
·
Mantenha
um horário para as refeições e procure ter um sono reparador.
·
Procure
fazer uma atividade física que seja prazerosa. Exercícios de relaxamento,
massagem ou meditação, em média 10 minutos pela manhã e 10 à noite, são úteis.
Reduzir a tensão muscular causada pelo estresse.
·
Diminua
os ruídos no local de trabalho.
·
Crie
atividades de lazer. Não venda suas férias.
·
Cultive
um hobby, evitando a competição.
·
Não
seja impaciente demais. Poucas coisas são tão “urgentes”.
·
Evite
envolver-se com problemas alheios.
·
No
trabalho, procure manter uma postura física correta, prevenindo lesões por
esforços repetitivos (LER).
·
Evite
que problemas profissionais ou pessoais se mantenham por muito tempo.
·
O
trânsito quase sempre é estressante. Procure relaxar, ouvindo uma música suave,
por exemplo.
·
Mantenha
uma atitude positiva e dinâmica em relação à vida. Pessoas com auto-estima
muito baixa são mais sujeitas ao estresse.
·
Não
utilize tranqüilizantes, antidepressivos, remédios para dormir, laxantes e
antiácidos sem orientação médica.
·
Peça
ajuda quando houver necessidade.
Ainda da mesma Gazeta do Povo:
Um centenário com
muitas histórias
VIVER É MELHOR DO
QUE ESPERAR a
morte chegar, porque ela pode demorar. Essa é a filosofia de vida de seu
Alexandre Ribeiro, que aos 100 anos de idade – apesar de cego e não andar mais
– está totalmente lúcido e com boa memória. Ele é natural de Paulo Frontin,
sudoeste do estado, mas reside há 50 anos em Pinhão a 48 km de Guarapuava, onde
fez sua vida. Como filho mais velho, trabalhou na agricultura para ajudar a
criar seus 17 irmãos, depois que o pai morreu. Aos 25 anos, casou-se com uma
ucraniana refugiada da Primeira Guerra Mundial. Depois de casado, começou a
trabalhar em madereiras, cortando tora e carregando lenha. Eles tiveram 12 filhos,
mas pelas dificuldades que enfrentavam acabaram perdendo alguns. “Dois guris
morreram de meningite com oito meses. Uma menina morreu em casa e nunca se
soube a causa”.
Mas o
centenário não recorda apenas momentos tristes. Diz que antigamente ninguém falava
em miséria, não passavam fome e havia muito divertimento. “Felicidade era ir
aos bailes, caçar e fumar”, conta. Relembrando os bons tempos, comenta que
dançava com as moças da cidade ao som das violas. “Junto com as bonitas iam as
feias também. Tinha de todos os tipos, mas as gordinhas é que iam sobrando”,
conta animado. Hoje, para o velho festeiro, a alegria está em sua grande
família. Com seis filhos vivos, 65 netos, 106 bisnetos e dez tataranetos, seu
Ribeiro ainda ironiza. “Por isso que encheu o Brasil, né? Mas ainda tem muito
terreno”.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 45: Tenha sentido do tempo
O lema de prevenção do suicídio, "O suicídio é uma
solução permanente para um problema temporário" coloca o tempo sob uma
nova perspectiva. O desespero do momento e a corrida para uma recompensa
imediata não estão ligados a nenhuma dimensão do tempo. A Nova Geração se
consome a si mesma a seu tempo e em consequência ela não tem ou tem poucos
amanhãs para antecipar. Todos nós estamos pagando um preço por este sentido de
falta de tempo.
Os presentes da idade
A possibilidade hoje de uma maior extensão da vida torna
imperativo o entendimento do tempo. Se nós temos de morrer aos 20 ou aos 40, a
vida longitudinal força que não se tenha uma chance de nos afirmarmos. Os
presentes da idade são reais e importantes, mas eles só podem ser alcançados
colocando-os no tempo. Em algum lugar nestes artigos eu escrevi do papel
central que o tempo desempenha na criatividade. Do mesmo modo o tempo afeta o
aprendizado, a experiência , e a sabedoria – todos temas centrais de uma vida
de sucesso. O processo do conceito sequencial traz força particularmente à
pessoa culta.
Efeitos das escolhas na vida
O efeito das escolhas na vida demora para aparecer. Um
corpo são ou uma mente sã envelhece a uma taxa de 1/2 por cento ao ano. Isto é
lento. Comparativamente falando, um corpo ou uma mente doente se deteriora a 2
por cento ao ano -- ainda uma taxa não muito rápida -- mas quando nós
multiplicamos essas pequenas diferenças entre 2 por cento e 1/2 por cento ao ano por 30 ou 40 anos, a variação a
curto prazo é ampliada muitas vezes. Estudos de pesquisa sobre envelhecimento
são impedidos por tal falta de tempo de apreciação. Qualquer esforço para
melhorar a qualidade de vida do idoso tem a esperança de agir rápido -- e
barato. Infelizmente, os déficits que se acumularam em décadas são de um tipo
diferente de, por exemplo um indivíduo dar uma volta em movimento. As
experiências com o envelhecimento, porém, demandam um longo tempo de execução,
e os resultados são modestos. A solução
rápida geralmente não funciona com os problemas que aparecem mais tarde
na vida. Esse fato não deve, contudo, ser motivo para não se fazer um esforço. A idade nunca é
uma desculpa para não se tentar. Nunca é tarde demais. Gian Carlo Menotti diz
que a idéia de inferno é achar que é
"tarde demais".
Metas para uma vida
A habilidade em planejar para toda uma duração de vida é
decisiva. Nós precisamos metas de curto e de longo prazo. O que nós pretendemos
ser na idade dos 90? A resposta depende do planejamento e da confiança de que a
aparente distante idade não é só possível, mas provável.
Linhas finais:
Nossa habilidade em predizer e gerir nosso destino depende
em grande medida da competência que nós temos desenvolvido em décadas de
experiência de vida. O tempo permite esse desenvolvimento acontecer e por ele
mesmo facilitar o sucesso, mas somente se nós tivermos a habilidade de usar
esse presente. O tempo não deve ser o inimigo, mas o maior aliado. Nós
precisamos compreendê-lo e usá-lo para os nossos melhores propósitos. O tempo
caminha; acertemos o passo com ele.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 46: Conheça o seu primeiro médico
Para achar o melhor médico na cidade, pegue a lista
telefônica, e procure pelo seu próprio número. Esse é o número a discar para o
melhor médico na cidade -- você. O que eu quero dizer é que o melhor médico
está dentro da sua própria pele. Certamente, o sistema médico está a postos
para toda sorte de heróicos milagres, mas para a grande maioria das
indisposições, o auto-diagnóstico e auto-tratamento deveriam ser o primeiro
plano de ação. Felizmente, há um bom número de livros de auto-ajuda disponíveis
para servirem como nossa consulta e referência. Alguns dos melhores são
"Take Care of Yourself" de Vickery e Fries, o "Manual on
Self-Care da AMA, e "Healthwise for Life". Apesar de um diligente
auto-diagnóstico, contudo, toda pessoa deveria ter um médico para os primeiros
cuidados, normalmente um clínico geral ou um médico de família. Os clínicos
gerais são amplamente difundidos e podem lidar com 90 por cento dos problemas
médicos. Eles também sabem quando e por que nos encaminhar para um
especialista.
Ser um paciente ativo
A nossa participação é importante para a nossa saúde. O
nosso médico não é chefe; nós somos parceiros em manter o nosso bem-estar. A
nossa habilidade em sabermos nos comunicar com o nosso médico também é
essencial. Na nossa primeira visita a um provável novo médico, devemos
perguntar se ele ou ela compartilha do nosso compromisso de promoção da saúde.
O médico que se torna interessado somente quando estamos doentes é uma má
escolha.Atende o médico razoavelmente na hora, retorna as ligações prontamente,
dá adequadas e corteses explicações? Está
ele ou ela disponível? Nós podemos escolher o maior nome
na cidade, mas se o nome não está no outro lado da linha quando nós chamamos,
qual a vantagem do nome? Nem todos os bons médicos fazem ligações domiciliares,
mas qualquer médico registrado no Conselho que o faça, é uma boa escolha.
Prescreve o nosso médico logo pílulas, ou em vez disso tenta resolver nosso
problema sugerindo outras estratégias de cura? Uma pílula deveria ser o último
-- e não o primeiro recurso. Tentar connhecer a enfermeira é também um bom
passo. Nós conheceremos melhor o médico se tivermos um bom relacionamento com a
dama (ou o cavalheiro) de branco.
Pergunte a respeito de testes e de medicamentos, entenda as receitas e
diagnósticos, esteja ciente dos custos, e pergunte "Quanto?”.
Faça perguntas
Escrever perguntas antes de uma consulta -- e depois
escrever um resumo da consulta -- é um auxílio para expressar o valor do
encontro com o médico e seu resultado. Se não entendermos alguma coisa depois
que deixamos o consultório, liguemos de novo e perguntemos. Geralmente, nós
temos medo daquilo que não entendemos. Umas poucas e simples perguntas podem
fazer uma grande diferença no esclarecimento das dúvidas.
Linhas finais:
Albert Schweiser escreveu, "Cada paciente carrega
dentro de si o seu próprio médico". Estaremos na melhor quando o médico
que vive dentro da gente tiver uma chance de trabalhar. Quando nós trabalhamos
junto com o nosso médico, a nossa saúde está nas melhores mãos.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 47: Cuidemos bem de nossas glândulas
Os hormônios significam -- muito. Nós devemos explorar o
seu uso quanto pudermos, mas a atenção com dieta, atitude, renovação, e
exercício deve ainda manter a precedência. Se os hormônios podem nos ajudar,
entretanto, abracemos a reposição hormonal como parte do seu nosso plano de
TENTAR chegar aos 100. Sempre que eu escrevo uma receita eu sinto uma aflição.
Eu percebo que eu poderia encaminhar o problema de um modo mais natural. De
fato, receitar um remédio é mais fácil, e leva muito menos tempo escrever uma
receita que investigar qual dieta, qual exercício, ou quais estratégias que
alterem o estresse são mais apropriadas.
Uma exceção
Prescrever hormônios femininos, contudo é uma exceção. Eu
acredito firmemente nos intensos benefícios decorrentes do uso do estrogênio.
Em certo sentido, hormônios não são remédios; ao usá-los recompletamos o
suprimento do corpo de algo que ele produziu por aproximadamente quatro
décadas, mas parou de prover em torno da meia vida. É de certo modo como dar
insulina a um diabético, reparando uma evidente falta de uma substância que
normalmente existiria.
Os benefícios do estrogênio
O principal benefício que o estrogênio proporciona às
mulheres mais velhas é a sua proteção contra as doenças do coração e das
artérias. Com a exceção das fumantes, as mulheres antes da menopausa são
virtualmente imunes a problemas no coração. Porém, após a menopausa, os
problemas com o coração nas mulheres começam a superar aqueles nos homens
quando o seu colesterol aumenta. O estrogênio proporciona maiores níveis do bom
colesterol HDL, e a terapia de reposição hormonal é geralmente aceita como boa
para prevenir doença do coração. O segundo maior benefício de estrogênio é a
sua proteção contra a osteoporose. A epidemia de fraturas devidas a ossos
fracos, 1,2 milhão por ano, é em grande parte atribuível à falta de estrogênio.
Este problema é particularmente crítico para as mulheres que tiveram os seus
ovários removidos cedo em suas vidas; elas estão em um severo risco de
osteoporose. Há poucos meses passados, um terceiro grande benefício do
estrogênio apareceu. Foi mostrado que a incidência do Mal de Alzheimer é menor nas mulheres que tomaram
estrogênio. O mecanismo desta conexão não está claro ainda, apesar de os
hormônios sexuais terem sido conhecidos por um longo tempo como tendo efeitos
no desenvolvimento do cérebro.
Vantagens e desvantagens
Como em quase tudo na vida, tomar estrogênio tem vantagens
e desvantagens. Um maior risco de câncer no útero e nos seios foi registrado
nas mulheres sob reposição hormonal. Minha suspeita, contudo, é que muito desse
aumento tenha sido resultante de um exagerado uso dos hormônios. Alguns médicos
prescreveram sem intenção doses maiores que as normais. Para compensar esse
efeito, muitos ginecologistas aconselham o uso simultâneo de progesterona, o
outro hormônio do ovário. Por outro lado, o problema dessa estratégia é que a
progesterona anula parte do efeito protetor do estrogênio. A comunidade médica
está ainda trabalhando em combinações que limitem esse inconveniente da
progesterona, tal como usá-la somente a cada três meses, por exemplo. Outro
efeito colateral do uso do hormônio, incluindo tendências para retenção de
líquido e formação de coágulos, devem ser tratados individualmente. Entretanto,
se não houver maiores alterações, eu ainda sou a favor do estrogênio.
O que dizer a respeito da testosterona?
Assim como o estrogênio é bom para as mulheres, será a
testosterona boa para os homens? Apesar dos níveis de testosterona baixarem com
a idade, isso não se dá na mesma escala que o estrogênio. Além disso, a
testosterona estimula a próstata, que é ainda um grande incômodo no homem
idoso. Nós simplesmente necessitamos de maior informação antes que uma ampla
prescrição de testosterona possa ser julgada apropriada.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 48: Seja um bom perdedor
Quando eu era jovem, eu odiava perder. Eu explodia
toneladas de mau humor quando o meu time perdia ou os meus parentes mais velhos
ganhavam de mim no jogo de baralho. Mas o tempo foi passando e eu cresci. As
perdas ainda me machucam, mas o tempo me ensinou que o sol ainda aparecerá
amanhã. Mais uma vez, o tempo traz uma visão global. O desenvolvimento durante
qualquer período da vida reflete a dinâmica interação entre ganhos e
perdas. Essa dinâmica traz um balanço menos positivo
conforme vamos envelhecendo. Inevitavelmente o envelhecimento acarreta perdas.
Nós simplesmente devemos saber que a cada dia um pouco d'água derrama do nosso
copo. Mas está o copo parcialmente vazio ou parcialmente cheio? Se nós o vemos
todo o tempo como se esvaziando, é possível cairmos vítimas do desamparo e do
desespero. O antídoto para essa atitude chama-se esperança. Ela pode ser
ensinada e aprendida. Quando a esperança acaba, está tudo perdido. Ellen Langer
escreveu, "Não há fracassos, somente soluções inadequadas". Enfrentar a perda do bom humor é também uma arma a se usar ao se enfrentar um resultado
negativo. Quando nós podemos sorrir em uma derrota, nós a vemos no conjunto.
Nós nos preocupamos com o ocaso de nossas vidas. A morte é usada por alguns
como uma justificativa para estragar a festa. No meu ponto de vista, a morte, a
perda final, nos aflige por três motivos, sendo que dois deles nós podemos
controlar. A primeira coisa que nos aflige em relação à morte é quando ela vai
chegar. Quase sempre ela vem muito cedo. A morte de qualquer pessoa jovem
sempre nos choca, porque está fora de sincronismo com o que deveria ser. Em
nosso nível pessoal, nós podemos evitar essa aflição, simplesmente decidindo
viver muito – e depois ser bem sucedido.
A segunda aflição é a maneira como nós morremos, muitas vezes sem controle e dignidade.
Isso também pode ser abordado e é sanável. A terceira aflição da morte é
simplesmente o sentido animal de uma perda. Mas
se as duas primeiras aflições podem ser tratadas ( como no caso da morte
da minha mãe; ela morreu saudável aos 95), a última aflição pode ser
transformada em um sentimento quase bom. Certamente, sob qualquer ângulo, a
morte é um grande acontecimento da vida, mas ele é mais aceitável quando a
gente pode transformá-lo e usá-lo como um momento de crescimento e não de
declínio.
Transformando a perda em ganho
Quanto mais velhos ficamos, mais habilidosos e experientes
nos tornamos. A nossa tolerância à perda é maior e a nossa habilidade em
refazer as perdas traz a oportunidade
para uma vida mais estável e efetiva. Uma das mais importantes motivações é uma
frase de um poema que o meu pai adaptou de Robert Browning: "Então dê boas
vindas a cada malogro que torna turbulenta a suavidade da Terra, e que oferece
a cada homem a oportunidade de partir, e não de sentar nem de ficar
parado". Essa exortação tem sido bastante poderosa para mim. Ela tem
trazido sucesso de muitos aparentes insucessos. Talvez eu seja ainda um pobre
perdedor, mas agora eu uso a energia de uma perda para conseguir uma vitória.
99
Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz (USA)
Ação
49: Esteja sintonizado
O que Florence Nightingale, Plato, o tambor para uma morte
agradável, uma enfermeira de 90 anos que residia na casa, e o Dr. Oliver Sacks
têm em comum? Resposta: Todos eles
recomendaram a música como terapia.
A força da música
O poder curativo da música tem sido reconhecido há
séculos. Como Congreve escreveu em 1697, "A música tem encantos para
acalmar um coração irado, derreter rochas, ou dobrar um carvalho
enrijecido". Conferências são agora feitas sobre as propriedades curativas
que a música oferece. Partos, extrações de dentes, depressão, ansiedade,
compulsão, hipertensão, e muitas outras condições médicas são atenuadas pelos
efeitos da música. A música pode inspirar, incitar paixão, e criar intimidade.
Para cada situação há uma forma de música, das marchas fúnebres ao rock pesado.
A música é como o sexo. Ela entra profundo dentro da gente , e nos dá um grande
prazer. A música representa a recaptura das batidas do coração materno
primeiramente ouvidas antes do nascimento. As cordas e as percussões são
ouvidas na batida de tambor da natureza. Um filme ou um show de TV sem música é
uma experiência insípida. Do mesmo modo, a vida sem música parece
unidimensional, como viver somente em preto e branco. A música traz ordem à
vida, dando sentido a um mundo caótico e trazendo encantamento aos períodos de
silêncio. Ela compõe ricas harmonias com a dissonância que nos cerca. Ela nos
ajuda a sobreviver.
Mantenha a música na sua vida
O que acontece com os encontros musicais quando
envelhecemos? Muitas vezes o desgaste da velhice inibe as oportunidades
estéticas que a música e a arte proporcionam. Esse desgaste é o composto de
perda sensorial e de outras falhas funcionais, que podem restringir o acesso às
divertidas oportunidades que uma vez permearam a vida. Quando nós envelhecemos,
se nos desligamos desses saudosos hábitos, a vida se transforma simplesmente em
uma pálida sombra de sua real natureza. Concertos, desfiles, e festivais são
essenciais para se viver uma vida plena. Faça-os tão parte da etapa final da
vida quanto eles o foram na etapa inicial. Conservemos a nossa ligação ao som
da música. Ele, por sua vez, nos conservará.
99
Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz (USA)
Ação
50: Mantenha-se na estrada
Para melhor ou para pior, os americanos vivem para
dirigir. Os nossos carros muitas vezes parecem ser mais importantes que os
nossos lares. Para muitos de nós, as nossas pernas são só vestígios que
permanecem. São os nossos carros que nos mantêm em movimento. Quando
envelhecemos, os nossos carros causam problemas. Eles são não só caros como
complicados. Eu ainda não li sobre uma montadora que tenha projetado um carro
amigo do idoso. Ao contrário, toda a propaganda é dirigida à veloz e estridente
juventude, mas um grande, um grande número de cabeças grisalhas está nas
estradas, tanto por necessidade como por
vontade. Os motoristas nos seus 60 se acidentam na média de quatro vezes em um
milhão de milhas. Nos seus 80 esse número aumenta para quinze vezes, ainda
somente a metade do índice dos jovens. Os motoristas mais velhos dirigem mais
devagar. Um giro pelas notícias indica que as pessoas mais velhas são mais
cautelosas, e as companhias de seguro sabem disso. Os periódicos exames de
motorista impostos pelo departamento de trânsito procuram assegurar a nossa
contínua competência nas estradas. Um claro problema é a visão, e obviamente
nós precisamos ver para dirigir ou fazer quase todo o resto. Mas, e quanto aos
reflexos e decisão?
Um símbolo de independência
Cada vez mais freqüentemente, um membro de uma família me
telefona e expressa a sua preocupação de que a mãe ou o pai não parece estar em
condições de continuar a dirigir. Isso é sempre algo desagradável para mim,
porque dirigir é um símbolo de independência, e quando a habilidade para
dirigir é restringida, a vida passa a ter um novo e diminuído significado. Em
muitos casos, a perda dos privilégios de dirigir pode significar a perda de um
inteiro conjunto de competência. A minha primeira reação a tais telefonemas é
tentar compreender o que está acontecendo. Como é que está ele ou ela, qual o
vigor que demonstra ter, como está o raciocínio, e o que significa dirigir para
ele ou para ela? Após ter feito essa fase inicial, às vezes eu me sinto
perplexo. O idoso não deveria mais dirigir, mas ainda afirma inflexivelmente sua
disposição em continuar. O meu próximo passo é insistir em um teste objetivo,
quem sabe através de um clube local de automobilismo ou de uma escola de motorista.
Se o indivíduo passou, então todos ficam felizes. Se foi regular, então ele
pode ter umas aulas de direção para melhorar a sua habilidade. Se for
reprovado, então não deve dirigir. Algumas vezes as pessoas podem obter licença
condicional, que permite a direção somente durante o dia, ou em estradas com
limite de velocidade de 40 milhas por hora ou menos.
Alternativas criativas
A proibição dos privilégios de dirigir pode ser abrandada
por várias estratégias criativas. Quem sabe um membro mais jovem da família
concordasse em transportar um parente mais velho em troca de maiores regalias
quanto ao uso do carro. Quem sabe um antigo colega possa proporcionar tanto
carona como contatos sociais. Finalmente, não faria mal um renovado esforço em
caminhar. Para a maioria, contudo, eu sugiro que mantenha em dia a habilidade
de dirigir como qualquer outra coisa que faça. Os nossos sentidos, músculos, e
a memória todos necessitam ser exercitados. Do mesmo modo, dirigir é tão
importante que nós precisamos nos assegurar de não perder essa nossa habilidade
enquanto vamos envelhecendo.
99
Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz (USA)
Ação
51: Reconheça a depressão
Para milhões de pessoas, a depressão é um sombrio
parceiro. É bem provável, que muitas pessoas fiquem deprimidas uma vez ou outra, mas para muitas
mais, os últimos anos da vida são pintados de azul escuro. A vida nos
proporciona inúmeros motivos para ficarmos deprimidos. Contudo, os
acontecimentos não são os principais ingredientes para a depressão. Se nós
pensamos que a vida está ficando difícil, não adianta ouvir o que alguém diz,
ela tenderá a ser difícil. Mais importante que as ofensas e insultos é o modo
como nós reagimos a eles. Se nós vemos as perdas na vida pelo que elas são e
aprendemos as lições delas que nos estimulam para a próxima perda, então, de
modo semelhante, a depressão retrocede. Se, contudo, o desamparo e o desespero
resultam da percepção de que ficar vivo significa contínuo sofrimento e que
lutar é inútil, então a depressão toma conta.
Defesa contra a depressão
Grandes mudanças na química do cérebro acompanham a
depressão. É então que aparecem os remédios antidepressivos. O uso de antidepressivos
em pessoas deprimidas é como usar insulina nos diabéticos -- é um esforço para
reparar uma deficiência química, e funciona! Mas antes de partir logo para o
bloco de receitas, eu sempre tenho defendido o exercício físico como a primeira
linha de defesa -- ou talvez de ataque. Como um antidepressivo, o exercício tem
fortes credenciais. Cada rodada de transpiração é acompanhada de um aumento
repentino na produção de moléculas do corpo chamadas catecolaminas, comumente
conhecidas como adrenalina. Esses mesmos compostos não são encontrados em abundância
nos sistemas nervosos das pessoas deprimidas. O exercício, também, tem mostrado
aumentar os níveis dos compostos superiores das endorfinas, os quais acompanham
a euforia e imunizam contra a dor. Essas endorfinas estão provavelmente por trás
da conhecida qualidade do exercício, de criar dependência.
Tempo e perspectiva
Ao cuidar de pacientes idosos deprimidos, eu tento
realizar uma abordagem ativista. As pessoas idosas podem realmente levar
vantagem sobre as mais jovens quando aparece a depressão, porque elas têm maior
experiência, levaram os repentinos golpes que toda vida proporciona, e entendem
que o tempo é um admirável remédio. Quando eu me lembro das dezenas de pessoas
acima dos 100 de quem eu cuidei, eu não consigo me lembrar de uma única que
fosse deprimida. Ao contrário, em todos os casos prevaleceu um sentimento de
confiança. A perspectiva é decisiva na hora de fazer as nossas apostas. Há
estratégias fortes que nós podemos desenvolver que nos ajudam a compensar a
depressão. O otimismo, o senso de humor, e o preparo físico são técnicas seguras,
baratas, e universalmente disponíveis. Se mesmo adotando essas opções nós não
conseguimos levantar o fardo da depressão, então devemos pedir ajuda.
99
Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz (USA)
Ação 52: Morrer bem
"Eu não estou com medo de morrer", disse Woody
Allen, "eu só não quero estar lá quando acontecer". Seria
interessante se nós pudéssemos pedir ou pagar a uma outra pessoa para morrer em
nosso lugar, mas eu realmente não sei como fazer essa abordagem. A maior parte
das pessoas morrem no hospital. Para a maioria,
isso não é necessário -- só acontece devido à nossa inabilidade coletiva
para providenciar morrer em casa. Uma morte boa e decente tem três componentes
-- sem dor, sem tubos, e sem solidão. QQuando esses três critérios estiverem satisfeitos,
Woody Allen e todos nós restantes deveríamos ter pouco a lamentar sobre a nossa
partida final.
Modo moderno de morrer
A morte é raramente caracterizada por uma dor que não é controlável.
Eu monitorei as trajetórias terminais dos noventa e sete pacientes que morreram
em 1989 na minha clínica. Eu analisei suas habilidades para se mover, pensar, vestir-se,
arrumar-se, tomar banho, e se eles sentiram dor no final das suas vidas.
Somente quatro sentiram, e esse fato foi facilmente controlado. Os tubos são um
problema a ser comentado. A medicina moderna não poderia obter êxito sem todos
os tubos à sua disposição, mas eles deveriam ser usados com muito critério. Os tubos
são muitas vezes extremamente valiosos em situações críticas, mas eles quase
nunca precisam ser usados por longo tempo. É difícil ter uma vida de alta
qualidade quando os tubos estão presentes. A solidão como um acompanhamento
para a morte é um problema social que vai além da medicina. Alguém disse que "a
velhice é um tempo da vida que se passa entre estranhos". Se esse triste
comentário contém alguma verdade, é muito mais triste na hora da morte. A
despedida final muito apropriadamente pertence ao lar, bem junto daqueles que
nós amamos. Se nós conseguirmos juntar tudo isso e
garantirmos a nós mesmos que esses
três aspectos de sofrimento, tubos, e solidão não estarão conosco no final de
nossas vidas, então o problema da eutanásia facilmente desaparece. O grande
apoio público à eutanásia é resultado de um sentimento de incapacidade associado
ao ato de morrer.
Mantendo o controle
Um a importante maneira para se manter o controle sobre
essa última passagem é estabelecer os nossos desejos com o nosso principal
médico, e a declaração de vontade de viver ou uma permanente procuração
judicial para o tratamento de saúde. Eu não quero que a minha morte seja nas
mãos de qualquer um, e eu espero garantir que eu agi com franqueza. Espero que você, também. Todos nós temos o
direito de morrer, mas nós também temos uma igual responsabilidade de viver. No
momento em que nós esprememos todas as gotas de bem viver em nossas vidas,
então nos deve ser assegurado o direito de morrer. A insistência, contudo, no
direito de morrer quando ainda existe abundante possibilidade de vida, diminui
esse direito. Portanto vivamos bem e plenamente, e então morramos bem.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 53: Sejamos corajosos
Nós temos que ter coragem para
ficar velhos. A coragem para viver não se refere a um simples ato de heroísmo
dramático ou a uma bravata de desafio à morte, mas a um constante e controlado compromisso
para enfrentar os difíceis momentos e se manter caminhando. É uma afirmação de
vida. A maioria das pessoas morre no hospital. Para muitos, isso não é
necessário -- só acontece devido à nossa inabilidade coletiva para conseguir
morrer em casa. Uma boa e decente morte tem três componentes -- nenhuma dor,
nenhum tubo, e nenhuma solidão. Quando esses três critérios estão satisfeitos,
Woody Allen e nós outros teríamos pouco a lamentar sobre a nossa partida final.
Um moderno modo de morrer é raramente caracterizado por uma dor não
controlável. Eu fiz um levantamento das trajetórias finais de noventa e sete
pacientes da minha clínica que morreram em 1989. Eu analisei suas habilidades
para se mover, pensar, ir ao banheiro, e se eles sofreram ao término de suas
vidas. Somente quatro sofreram, mas isso foi facilmente controlado. Cada vida,
independente de quão abençoada seja, tem muitos episódios de agressão e de
demasiada deslealdade. Se a nossa resposta a essas injustiças é amaldiçoar a
escuridão ou se voltar para a melancolia, então o tempo não terá a oportunidade
de realizar o papel corretivo. Se, contudo, nós somos fortes o bastante para
enfrentar a adversidade fria e desapaixonadamente, nós poderemos captar a
energia das agressões e transformá-las em nosso favor.
Descobrindo a força
Rotineiramente eu observo pessoas
curvadas e atormentadas a quem a natureza tratou de modo cruel. Eu estou
constantemente reverenciando a maravilhosa resistência que muitas dessas pessoas
mostram, e elas são para mim grandes heróis e heroínas. Para mim é obscuro como
elas chegaram a esse ponto. Além disso, elas próprias não conseguem descrever
de onde vem sua coragem. Elas simplesmente a têm. Algumas, quando questionadas,
até afirmam que as condições que causaram a aflição, na verdade encobriam uma
benção, pois mostraram como lidar com elas e revelaram forças que de outro modo
não saberiam que tinham. Por outro lado, eu vejo muitos pacientes cujas vidas
desmoronaram quando uma pequena aflição
ou perda parece se abater sobre suas vidas, e então o consultório médico se
transforma no tribunal para a solução
desse conflito. Raramente nós os médicos conseguimos a cura; sempre iremos
confortar. Essa é uma premissa básica da prática médica. Confortar é importante
e apropriado, mas esse objetivo não deve levar à complacência. Todos nós sofremos
e precisamos de conforto uma vez ou outra, contudo todos nós precisamos também
de coragem para ver as circunstâncias no seu mais completo contexto e aplicar
as nossas melhores energias na sua solução. Coragem por procuração não
funciona. Como médico, eu não posso sentir as aflições dos meus pacientes e
compreender inteiramente seus efeitos. As aflições e seus efeitos devem ser
curados por um processo natural. Uma abordagem positiva em relação à vida torna
mais fácil lidar com os golpes.
A coragem perante o perigo
Como eu visualizo a existência da
vida humana, ela é um pouco semelhante a um campo minado. Em toda a área, em
locais e horas inesperados, há perigos pequenos e grandes. É claro que nós precisamos
de inteligência para não pisar no lugar errado, mas mais importante, nós
precisamos de raça e coragem para nos aventurar no ataque e prosseguir, mesmo
sabendo que o perigo está espreitando em toda a parte. Conforme vamos ficando
velhos, nós vamos desenvolvendo vantagens das experiências do passado. Nós
ficamos acostumados ao desafio -- como enfrentá-lo e contorná-lo se ele for
muito grande, ou canalizar sua energia para um objetivo construtivo. Todas as
pessoas idosas bem sucedidas demonstram uma fria coragem e uma firme
competência que aceitam -- ou mesmo buscam -- o desafio. Sem desafio, a vida
não flui, e o fato de não experimentar e enfrentar os desafios fará da vida um
acontecimento muito sem animação. Esse é o motivo porque nós devemos ter
coragem para sermos bem sucedidos.
99 Ações para se chegar aos 100
anos -- Dr. Walter Bortz (USA)
Ação 54: Recarregue você mesmo
Um dos maiores dons que a natureza
nos deu é a nossa quase infinita capacidade de renovação. Rene Dubos encantou
ao apontar caso após caso em que tanto a humanidade como a força da natureza causaram
uma devastação em massa a tal ponto que qualquer pessoa racional acharia que
como resultado não seria mais possível qualquer vida. Mas é claro que, uns
poucos anos depois, o processo renovador da natureza estava intensamente trabalhando
de novo. A volta de peixes a rios e lagos anteriormente envenenados, o
recrescimento da vegetação no parque de Yellowstone queimado, e a força
curativa do corpo humano após um grande ferimento são todos demonstração de renovação.
Eu me lembro bem de como fiquei horrorizado quando eu vi a chapa de raio X da
perna de uma querida e antiga amiga após uma terrível queda. Ela mostrava um
fêmur estraçalhado, era como uma peça de cerâmica quebrada. Eu disse a mim
mesmo que duvidava que ela voltaria a andar de novo. Três meses mais tarde, ela
estava subindo as escadas dos pináculos das catedrais francesas.
A mágica da renovação
O processo da renovação quase
parece com uma mágica. Ele reverte a apatia, a entropia, a passividade sombria,
a horrível desesperança, a corrosiva melancolia. Na aposentadoria e em outros
desengajamentos da meia-vida e da vida posterior, nós corremos o risco de
sermos relegados a meros espectadores de arquibancadas -- improdutivos,
inadequados, e inferiores. A renovação é a clara estratégia para interromper a
lenta descida para um prematuro esquecimento. É difícil para os jovens
entender a noção da renovação.
Para eles, tudo está acontecendo pela primeira vez, e não está disponível
nenhuma perspectiva longitudinal quando ocorre uma perda. Mas como observou sabiamente
alguém, “Não é quantas vezes que nós caímos que é
importante, mas quantas vezes nós nos levantamos". A
vantagem de acumular anos de vida é que
fica perceptível a realidade da renovação. Se nós vimos somente uma primavera,
seguida da desolação do inverno, nós não pudemos apreciar uma renovação. Mas se
nós vivemos 50 anos, nós temos uma serena confiança de que a primavera virá em
breve.
Valor da experiência
Envelhecer não é uma rígida
descida de ladeira sem possibilidade de mudanças. Novas informações médicas nos
dão toda sorte de evidências de que a velhice é cheia de oportunidades para atividades
importantes. Em certo sentido, a pessoa idosa deveria ser mais capaz de renovar
que uma pessoa jovem que tem menos repertório de onde tirar. A aguardada
aposentadoria apresenta alguns problemas: as áreas relativas aos rendimentos,
saúde, habitação, e a uma proposta de vida podem todas ser afetadas
prejudicialmente. As três primeiras são suscetíveis de estratégias confiáveis
de combate. A última, descobrir e manter uma proposta de vida, é a área onde
residem os maiores desafios. Se na nossa velhice falta um objetivo ou uma
necessidade, então por quê renovar? Onde
está o estímulo para um recrescimento, um renascimento, ou uma reafirmação, se
a vida não tem um objetivo? A exploração de toda a gama de nossas
potencialidades pessoais não é algo que uma pessoa que se quer renovar deixe
por conta do destino. É algo a ser perseguido sistematicamente até o fim dos nossos
dias.
Dois pontos essenciais
A renovação, portanto, depende
precisamente de duas coisas -- raça e habilidade. Habilidade significa ter
competência e experiência acumulada nas quais se apoiar para assegurar a
oportunidade de uma nova ação. Raça significa ter tenacidade e otimismo
obstinado no modo de ver a vida. Nós já ouvimos isso antes -- e isso se aplica
aqui tão bem com anteriormente. A expectativa real de novas aventuras físicas e
mentais nas décadas que nos restam é um dos reais estímulos no envelhecimento. Todos nós precisamos de mais exemplos desse tipo
que mostrem o modo como -- mais pessoas nos seus 90 e além, estão se renovando.
Vida e renovação são realmente sinônimos. A vida termina quando cessa a
renovação.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 55: Fluir
O importante livro de Mihaly Csikszentmihalyi "Fluir
- A Psicologia de uma Ótima Experiênciaa" (HarperCollins, 1991) está cheio
de dicas para viver uma vida de experiência ótima. Ele me ensinou bastante e me
proporcionou evidências diárias da
importância de se estar envolvido. Não há um modo simples para
se estar envolvido, nem um objetivo simples ou uma técnica. Mas é essencial
estar envolvido em alguma coisa -- "fluir". O eminente psicólogo da
Universidade de Chicago comenta como nós
somos "esbofeteados por forças anônimas", que
tornam a vida complicada e incerta. Somente assegurando-se um esforço concentrado
pode a vida ter sentido. "Os melhores momentos normalmente ocorrem quando
o corpo de uma pessoa ou a sua mente são exigidos nos seus limites por um
esforço voluntário para conquistar alguma coisa difícil e valiosa." O
fluxo existe entre a ansiedade e o
fastio, entre a tensão e o desuso. Há aquele momento durante o qual nós
entramos em ressonância mais apropriadamente e completamente com o nosso meio
ambiente.
Crescendo através do desafio
A técnica experimental de Csikszentmihalyi revela que nós fluimos
quando estamos trabalhando em um projeto. Meus pais me ensinaram que nós
crescemos enfrentando a adversidade. Quando não há resistência, não há
crescimento ou fluxo. Isso não é intuitivo. Não está claro que o trabalho trará
mais satisfação do que ficar ocioso vendo televisão, mas as experiências de Csikszentmihaly
mostram uma nítida distinção entre essas duas atividades. "Decididamente a
esmagadora proporção de ótimas experiências é ordenada para ocorrer dentro de
seqüências de atividades que são dirigidas a objetivos e limitadas por regras”.
A implicação dessas observações mais tarde na vida não pode ser bem enfatizada.
No começo da vida, nossas atividades diárias são grandemente determinadas pelo
trabalho ou pelas responsabilidades em casa, nas quais nós adaptávamos as
nossas energias para as claras tarefas à nossa frente. Os princípios do fluxo
ditavam que nós deveríamos trabalhar de modo que essas atividades fossem
exercidas com entusiasmo e energia, e que elas nos podiam trazer uma
auto-satisfação. Mais tarde na vida, mais liberdade se nos apresenta, e portanto
as atividades de fluir ficam geradas e dirigidas mais internamente. Se a vida
mais tarde se dissolve em apatia, aborrecimento, e desengajamentos, então a
nossa taxa de fluxo vai sofrer bastante. Contudo se nós perseguimos ativamente
um objetivo, seja antigo, novo, remodelado, emprestado, ou gerado
espontaneamente, então o fluxo se nos apresenta como uma opção para a vida
toda.
Permanecer ativo e no controle
Csikszentmihalyi nos alerta que a passividade não leva a
uma vida gratificante, mas a uma vida de desilusão. Fluir não é um destino, mas
a viagem. Não é tanto se sentir no controle, mas exercer o controle. É um
processo ativo. A noção de fluir é tão inerentemente congênita a outras
estratégias que eu tenho proposto, que ela as reforça e por sua vez é reforçada
por elas. Desafiar chegar aos 100 envolve esforço. Não é um presente passivo. É
um tesouro que deve ser explorado através de investimento de energia, coragem,
e inteligência. Quanto mais fértil nós permanecermos em todas essas categorias,
maior será a proporção que nós iremos estar fluindo nas nossas décadas apontadas
para os 100. Ele ou ela que morre com mais fluir é um sucesso. Fluir menos é
uma profunda tragédia à qual muitas vidas estão destinadas.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 56: Renovar a nossa saúde
De todos os nossos bens, a nossa saúde é o mais precioso
-- mais precioso que o nosso dinheiro, que a nossa casa, que os nossos amigos. Sem saúde, tudo mais se torna um fardo. Ao
contrário, com boa saúde quase tudo é possível. O melhor caminho para se economizar
dinheiro durante a vida é ser saudável. Na minha família, nós sempre temos
considerado como um bom ano todo aquele em que não tenha sido consultado um
médico (ou um advogado), independente do que mais possa ter acontecido. Certamente
que a saúde pode tornar-se dispendiosa quando ela é perdida. Há um conseqüente
mito nas afirmativas de que o Seguro Social cuidará das necessidades
financeiras do final da vida, e que a Assistência Social cuidará das despesas
médicas dessa fase. A primeira afirmativa é tão inverídica como a primeira. A
Assistência Social (nos EUA), na realidade cuida de menos da metade das contas
médicas referentes às pessoas acima de 65 anos. Isso deixa uma grande lacuna,
às vezes chamada de "lacuna médica".
Os defeitos do nosso sistema
Todo o sistema de pagamento da Assistência Social deveria
ser reprojetado. Ele está filosoficamente -- e ameaça estar fiscalmente -
falido. Ele é uma fase crítica do sistema vinculada a uma época da vida durante
a qual predominam os problemas crônicos. Ele dá ênfase aos esforços para curar,
quando geralmente não é mais possível a cura. Isso não quer dizer que não há
nada para ser feito quanto aos problemas médicos do final da vida, porque há.
Porém o modelo tradicional não funciona. Até que um novo projeto da Assistência
Médica tome forma, contudo, nós somos deixados com o que existe, que é uma confusão.
Inconsistência, descontinuidade, ineficiência, e uma insuportável complexidade
foram construídas dentro do atual sistema. Envelhecer, aos olhos da maior parte
dos planejadores da saúde, continua a ser uma doença a ser curada. Que tenham sucesso.
Em vez disso eles deveriam dar ênfase ao funcionamento. O maior teste para o
final da vida é se ainda nós podemos funcionar, não qual o diagnóstico que
algum médico possa nos ter dado. Ao lado desta observação está o fato não
reconhecido de que a invalidez é uma consideração de saúde muito mais importante
que a morte. Se nós estamos mortos os efeitos são bem diretos. Ao contrário, a
invalidez significa que nós estamos sobrevivendo em um nível funcional
reduzido, usualmente entre 20 e 30 por cento da vitalidade máxima, o que custa
dinheiro. É muito melhor morrer em um derrame do que ficar paralítico e sem voz
durante anos. O meu pai costumava me dizer, "Há muitas coisas na vida que
são piores que morrer". Especialmente se elas são muito dispendiosas.
Uma solução
A minha proposta ideal seria que a assistência médica
fosse prestada às pessoas idosas em grande parte através do mecanismo de um
plano em grande escala pré-pago. Para uma taxa anual fixa, que ajuda muitíssimo
o planejamento do final da vida, o sistema torna-se responsável por algumas ou
todas as despesas relacionadas à saúde -- doenças e outras. Tal dispositivo
iria assumir a responsabilidade pela educação para a saúde, de medidas de prevenção,
e de cuidar das crises, e finalmente iria permitir que as pessoas morressem em
casa, onde deveriam, e não numa indiferente área de hospital. Um novo
profissional de saúde, menos dispendioso que médicos e enfermeiros, deveria surgir
com competência para análise e gerenciamento do declínio funcional das pessoas.
Há muito trabalho positivo a ser feito, mas as nossas atuais instituições não
estão bem adequadas para os problemas práticos que aparecem. Surge a melhor
estratégia: Viva ativamente e com otimismo, e as chances de uma fragilidade prolongada
ficam diminuídas de forma marcante. Então, morra rapidamente, em casa, com
dignidade.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 57: Apreciar o nosso mundo
Eu cresci no centro de Filadélfia. As árvores foram
escassas na minha vida. Bondes e edifícios foram o meu mundo. Os únicos animais
selvagens que eu vi foram os do jardim zoológico. Eu não tinha o sentimento de
conservação ou de preservação. Os meus pais não tinham essa compreensão. Agora
a idéia de zerar o impacto ambiental é o tema central da minha vida. Um dos
maiores contratos que eu fiz com o meu planeta é que eu espero deixá-lo em
melhor forma do que quando eu entrei nele. Isso não é um propósito sem
profundidade. Eu levo em consideração que o meu uso pessoal terá exaurido a
Terra de vários navios tanques cheios de combustível fóssil. Eu uso as minhas
excursões caminhando três vezes por semana, para manter a minha vizinhança livre
de lixos. Eu reciclo tudo o que eu posso.
Nós ameaçamos a nossa qualidade de vida
Pode ser que o meu sentimento de maior responsabilidade
tenha vindo com a idade, ou pode ser que somente na nossa época de vida é que
estamos começando a perceber pela primeira vez que nós estamos lidando com
recursos finitos. Nós não podemos pescar todos os atuns do oceano, enjaular
todos os gorilas da selva, ou envenenar todas as águias do mundo, porque não
sobrará nenhum deles. Eu estou firme na crença de que a qualidade de todas as
nossas vidas será muito mais rica com a diversidade que nós herdamos do que com
o reduzido mundo que o nosso consumo e a nossa estupidez ameaçam criar.
Conforme vamos envelhecendo, é nossa crescente responsabilidade cuidar do nosso
mundo, porque nós temos vivido mais tempo nele, e portanto ele nos supriu com
mais e foi afetado mais pelo nosso uso. Nós somos o seu protetor e o seu guia.
Se nós não cuidarmos do nosso mundo, quem cuidará? Nós somos mais esclarecidos,
mais informados, e mais sensíveis à interligação das coisas.
Nós pertencemos à Terra
O Chefe das nações Suquamish e Duwamish de Seattle disse,
"Meus antepassados me disseram isso que nós sabemos. A terra não nos
pertence. Nós pertencemos à terra. A voz da minha avó me disse, ensina às
nossas crianças aquilo que te foi ensinado. A terra é a nossa mãe. O que
acontece com a terra acontece com todos
os filhos e filhas da terra." Permanecer ligado com o nosso mundo traz
maiores implicações com a saúde. Se nós somos indiferentes com a saúde da nossa
Terra, ela irá se deteriorar e afetar adversamente a qualidade de vida daqueles
que estão nascendo hoje. Além disso, o isolamento à interação do meio ambiente
cria uma série de efeitos negativos do não engajamento. Assim como uma perna
engessada afina, assim isolando a nossa vida do resto da vida no nosso planeta
definha a nossa vida e nos torna cidadãos menos integrados no globo.
99
Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz (USA)
Ação
58: Pense em viajar
Em qualquer nível que possamos alcançar, viajar ajuda a
vida a atingir um significado maior. Qualquer lista de desejo de coisas a fazer
durante a aposentadoria inclui viajar em primeiro lugar. As oportunidades que
viajar oferece -- aventura, cultura, novidade, nova visita, educação -- atraem
grandemente todas as idades, mas a aposentadoria oferece a decisiva vantagem de
disponibilidade de tempo. Uma esclarecida prescrição da clínica onde eu
trabalho é o sabático. Minha esposa e eu temos aproveitado esse período para
prolongadas viagens ao estrangeiro para mais de 50 países na Ásia, África,
Europa, e América do Sul, que não teriam sido possíveis nos moldes restritos de
tempo das férias usuais. As experiências que nós tivemos, foram modeladores de
vida para nós e para as nossas crianças. Elas nos proporcionaram novos conhecimentos,
amizades, e perspectivas, que de outra maneira nos faltariam.
Viajar por viajar
Viajar, como outros benefícios de renovação, deve ser
planejado. De fato, planejar pode ser bastante divertido. O tempo permite que
nós percorramos longínquos caminhos do mundo, a carruagem mais lenta nos dá a
oportunidade de saborear a cena, já que ela não passa tão rápida. A maioria das
viagens da meia-idade não é realmente uma viagem, é na realidade uma
transferência em grande velocidade de um indiferente lugar para outro. Robert
Louis Stevenson escreveu, "De minha parte, eu não viajo para algum lugar,
eu simplesmente me ponho em movimento. O grande negócio é se movimentar".
Estar em movimento e viajar por sua própria natureza é a maior parte da
fascinação, mas o aprendizado e o envolvimento em novas experiências está
implícito no se deixar o lar. Permanecer maleável, continuar o crescimento, é
uma parte vital do envelhecimento. Ao contrário, permanecer em casa quando a
oportunidade aparece, significa se desligar do negócio de estar plenamente vivo. Viajar implica em
continuado crescimento e risco. Mantém o nosso cérebro curioso e nossos
terminais nervosos em desenvolvimento.
Há mais de uma maneira
As viagens na aposentadoria podem ter diversos objetivos
além do geográfico. A boa forma, por exemplo. Nós podemos escolher um atraente
destino porque nos dá a chance de escalar uma montanha, fazer uma bela
caminhada, ou navegar em um deslumbrante rio ou cavalgar. Viajar nos dá a
oportunidade de renovar nossos músculos e ossos, bem como a nossa cabeça.
Procure pacotes de viagem que dão ênfase aos esportes e outras atividades. Os
viajantes idosos são um grande negócio. Muitas agências procuram as pessoas idosas,
não por favorecimento, mas com projetos de exploração da oportunidade, por
exemplo, de viagens fora da estação. Muitas universidades patrocinam viagens de
seus alunos, e organizações de prestígio, tais como o "Smithsonian" oferecem
muitas oportunidades, incluindo a de explorar a pré-história ou assistir a
festivais de arte ou de música. Aonde
nós gostaríamos de ir? O que nós gostaríamos de aprender? Nós poderíamos
escolher compartilhar a viagem com os nossos netos, explorar as nossas raízes
genealógicas, ou reencontrarmo-nos com nossos velhos amigos que também estão
tendo mais tempo para aventuras. Os diversos Parques Nacionais, com suas
incríveis belezas naturais, são absolutamente obrigatórios de serem visitados
em alguma fase de nossas vidas. Viajar não significa ter de se ir para o outro
lado do mundo. Um estado vizinho ou uma estação de turismo no nosso país
certamente oferecem vários e inesperados tesouros a serem explorados.
Mais benefícios
Uma virtude muitas vezes não identificada de viajar é a
sua capacidade de desenvolver a tolerância. Nós iremos notar mais semelhanças
que diferenças. Eu acho que quanto mais velhos vamos ficando, mais pacientes e
compreensivos nos tornamos com as maneiras dos outros. Situações desagradáveis, conexões perdidas, e
reservas canceladas não nos parecem tão críticas. É sempre melhor ir aprendendo
essa lição desde cedo na vida, mas nunca é tarde demais para começar. A maior
desvantagem de viajar é a despesa. Sim, deve haver uma provisão de recursos,
mas há quase sempre descontos disponíveis para os idosos. Numerosos pacotes de
turismo oferecem infinita variedade, mas muitas vezes viajar sozinho pode ser
até mais barato. Intercâmbio de residências é muitas vezes divertido e vale a
pena, e há também oportunidades para viajar através de organizações tais como o
"Peace Corps", que oferece a chance de não somente conhecer outros
lugares e pessoas mas também de se fazer
algo de útil a alguém -- sem custo.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz (USA)
Ação 59: Pense em quando, onde e por que se aposentar
O que nós iremos fazer com o resto da nossa vida? Se nós
estamos planejando morrer por volta dos 60 ou 70, essa dúvida provavelmente não
nos incomodará, mas e se nós pensamos em viver até os 100? O que nós iremos
fazer durante todos esses anos? Infelizmente, não há guias ou enciclopédias que
tragam respostas para tal pergunta. Até recentemente, o motivo principal para
uma pessoa se aposentar nos seus 50 ou 60 era que a aposentadoria acenava como
um prêmio por décadas na bancada de trabalho, um bem remunerado descanso após
anos de labuta. Essa observação soa tão universal que parece que isso é
correto. Seu reconhecimento posterior por nossas maiores instituições --
empresas e governo -- serviu para validar que ela é apropriada. Participação ou
retirada, engajamento ou desengajamento. Quando os 60 se aproximam, parece que
é a hora de pular fora e deixar outra pessoa
carregar o peso.
Um ato não natural
Mas onde na natureza há uma outra espécie na qual aqueles
no final da meia-idade se retiram para o topo das árvores, saliência dos
corais, ou tocas na pradaria, atendidos pelos jovens como recompensa pelos
serviços prestados? A aposentadoria, em termos da natureza, é um ato não
natural. O meu mentor na clínica de Palo Alto, Dr. Russel Lee, classificou a
aposentadoria "senilidade estatutária". Uma pessoa nos seus 60 está
muitas vezes em turbulência, reavaliando e repartindo a vida e o futuro. Pode
ser um tempo de participação contínua ou de retirada, um tempo de renovação e
engajamento ou perigoso desligamento. É claramente uma transição da vida de
imensa proporção, semelhante a um casamento, nascimento, ou morte. Os entendidos
estão divididos quanto aos efeitos da aposentadoria sobre a saúde. Muitos acham
que não é um pulo para a morte, enquanto outros citam evidências de que os anos
de aposentadoria acarretam muitos e aumentados riscos de declínio físico e emocional.
Hordas de cientistas e filósofos têm proclamado o valor do trabalho no
bem-estar do ser humano. Desde os gregos até Freud, a busca de uma luta diária
tem sido vista como a manifestação
principal do ser vivo. A perda
desse tema unificador central pode não ajudar mas ser uma junção importante na
trajetória da nossa vida.
Finalidade e exploração
Tennessee Ernie Ford cantou, "Nós carregamos
dezesseis toneladas, e o que nós ganhamos? Um outro dia mais velhos e mais
afundados em dívidas". Um bom planejamento não significa que nós devemos
escavar carvão ou preparar burgers ou apertar parafusos aos 80 anos. Significa que
alguma atividade ou finalidade deve prevalecer -- se não é escavar carvão, ou preparar
burgers ou apertar parafusos, então viajar, cuidar dos bisnetos, ou ser voluntário.
A aposentadoria não deveria ser encarada como um tempo para balançar em cadeiras, mas em trampolins
-- tentar coisas que têm nos intrigado,, mas que nós nunca exploramos. Devemos
pensar na aposentadoria não como um final mas como um começo, uma graduação,
todo um conjunto de novas oportunidades que pode nos enriquecer e recompensar.
A aposentadoria é um processo ativo -- não passivo. Prevê-la adiantadamente em
décadas, planejá-la, e executá-la com um método bem detalhado. Naturalmente,
isso não implica que ela deva ser rígida nos seus contornos. Mantenha suas
opções em aberto -- dê uma chance a novas direções. Eu pretendo me aposentar
dentro de mais ou menos seis anos, de modo a elaborar toda uma nova lista de
coisas - juntar-me ao "Peace Corps", reaprender piano, procurar
conhecer melhor minha família e meus amigos. A aposentadoria pode e deve ser a
melhor época da nossa vida.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 60: Faça do seu último ninho o melhor
Eu nunca ouvi ou li de alguém que tenha vivido todos os 100
anos dele ou dela na mesma casa. Na nossa sociedade móvel, nós tendemos a nos
mudar a cerca de cada sete ou oito anos. Isso significaria na média, doze
diferentes lares em 100 anos de vida. Como tudo o mais na vida, viver onde a
gente quer viver -- mais do que onde a gente tem que viver -- é o ideal
supremo. Tarde na vida, o trabalho perde a sua força como o principal determinante
do local da moradia, e surgem novas opções. Dados existem que mostram que após
parar de trabalhar, 90 por cento das pessoas ainda vivem dentro de 10 milhas da
casa ocupada antes da aposentadoria. Além disso, muitos daqueles que fugiram para
o sul dos Estados Unidos na aposentadoria, ficaram desiludidos e retornaram
para casa. Muitos de nós optamos por "envelhecer em um lugar".
Coisas a considerar
O mais importante e único aspecto que nós devemos
considerar quando se aproximar a decisão de onde viver na aposentadoria é o efeito
que qualquer mudança terá na qualidade da nossa vida como um todo. O lar é
verdadeiramente onde está o coração. Vários estudos de pesquisa mostram a forte
correlação entre a longevidade e a satisfação com os arranjos da vida. O nosso estilo
de vida e a qualidade da última fase da nossa vida dependem primeiramente das
decisões que faremos sobre onde viver. Muitas vezes, as mudanças de lar no
final da vida podem reunir a família, espalhada pelas exigências de início de carreira. Há um número de variáveis menores a
considerar -- custo, clima, segurança, impostos, acessibilidade dos serviços médicos,
recreação, educação, e oportunidades culturais. São permitidos animais de
estimação? Se nós pretendemos nos mudar para
" onde os céus não são nublados o
dia inteiro", devemos visitar os lugares várias vezes em diferentes estações para ver como são o
verão e o inverno. Assinar o jornal local, e alugar antes de comprar.
Desenvolver o sentimento de como nós poderemos nos tornar membros da
comunidade, e não simplesmente alguém expectador do lado de fora. Comunidades
que cuidam da vida e que proporcionam assistência médica durante toda a vida,
são atraentes se nós ansiamos por segurança e temos recursos para pagar a
considerável taxa de entrada. Outros atraentes modelos de lar, tais como lares
compartilhados ou alugados, podem ser adequados para nós. Alugar um quarto
extra da nossa casa para um estudante pode atender às necessidades de ambos,
desde que nós escolhamos com cuidado o nosso inquilino. Eu nem encorajo ou desencorajo
essas várias opções -- eu simplesmente as apresento como escolhas que nós
possamos querer levar em conta.
Evitar os asilos de idosos
A menos desejável das últimas moradas é uma instituição
onde 5 por cento ou mais
de seus moradores tenham 65 anos.
Uma morada institucional é perigosa para a nossa saúde. A institucionalização
aumenta a mortalidade em duas vezes e meia e representa um desengajamento com "D" maiúsculo. A nossa sociedade
deve trabalhar intensamente para diminuir a necessidade de asilos para idosos.
Permanecer em casa, junto das pessoas que nós amamos e que amam a gente. Manter
o nosso lar ativo, com vida, e envolvente. Manter nosso senso de comunidade, tradição,
e continuidade. A grama mais verde é normalmente aquela que nós mesmos
cortamos.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 61: Cuidado com os mitos da aposentadoria
Certifique-se de que você está adequadamente preparado
para a aposentadoria, separando o fato da ficção. Aqui estão alguns dos comuns
mitos da aposentadoria. Mito Nº 1: Eu só vou ficar preocupada com ela quando
chegar a hora. Errado. A mudança abrupta na disponibilidade de tempo,
rendimentos, relações pessoais, e responsabilidades criada pela aposentadoria
traz grande descontinuidade. Sem planejamento e antecipação, há muitas vezes
uma depressão opressiva e aguda, junto com inação.
Mito nº 2: O meu médico vai cuidar da minha saúde. Errado.
Cuidar da saúde é uma tarefa sempre difícil, e quanto mais velhos ficamos, mais
atenção teremos que dar. O maior dos problemas de saúde do final da vida é a
dependência física. Do monte de coisas que devemos evitar quando envelhecemos,
a dependência ocupa p primeiro lugar. Não deixe ninguém limpar o seu nariz ou o
seu traseiro. Não deixe ninguém alimentar você ou empurrar sua cadeira de
rodas. A diferença entre décadas de contínua independência ou uma prolongada
dependência é normalmente um renovado compromisso em se conseguir vigorosos hábitos
de saúde. A saúde é uma tarefa para nós mesmos, e a aposentadoria nos
proporciona a oportunidade de cuidarmos ainda melhor de nós mesmos.
Mito nº 3: A grama é mais verde lá no Sul. Errado. A aposentadoria
traz consigo a oportunidade incomum de mudarmos de residência sem nos
preocuparmos com as exigências do emprego. Mas a perda da continuidade com o
lar, com a família, e com a comunidade é perigosa. Para muitos, também, a parte
econômica que no início parece tão convidativa torna-se menos agradável quando
o inesperado acontece -- tal como uma doença ou uma despesa inesperada. Quando
a aposentadoria se aproximar, nós devemos primeiro explorar meios de nos
envolver mais no nosso lar atual e com a comunidade. As escolas, as
bibliotecas, as artes, e o governo precisam de pessoas como nós que conhecemos
a comunidade. Viajar, sim -- mas permanecer também no lar.
Mito nº 4: É claro que nós vamos ter bastante dinheiro.
Para chegar aos 100? Talvez para chegar aos 75, mas nós planejamos para uma distância
maior? As chances são cada vez mais fortes de que viveremos mais do que
planejamos. Não conte que a Assistência Médica, a Pensão, ou o Seguro Social
serão suficientes. As chances são de que não serão. Não sejamos tolos por não investigar.
Não nos deixemos ser surpreendidos, porque a falta de recursos financeiros
enfraquece a moral -- leva a maiores problemas de saúde, que por sua vez tornam
as coisas piores.
Mito nº 5: É claro que eu terei bastante coisa para fazer.
Errado. A maioria das pessoas ao se aposentar encontra-se com bastante tempo
disponível, e a TV se torna a saída fácil. Se nós pudéssemos usar uma pequena
fração das horas gastas após a aposentadoria, nós poderíamos começar uma nova
ordem no mundo. O tempo -- não o
dinheiro -- é o nosso mais precioso recurso, e o seu presente e o seu futuro devem
ser cuidadosamente delineados. O conjunto de mitos da aposentadoria não é uma coisa
inesperada. Afinal, nós nunca realmente tivemos tantas oportunidades como temos
agora. Reavaliemos e aproveitemos a grande quantidade de horas após a
aposentadoria para servir ao bem comum. Tal esforço irá representar uma nova
oportunidade de imensas proporções.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz (USA)
Ação 62 - Tenha recursos para a aposentadoria
No próximo ano, 2,5 milhões de pessoas irão se aposentar.
A maior atração e estímulo da aposentadoria é a grande variação de opções que
ela proporciona -- uma nova carreira, um emprego em tempo parcial, um trabalho
voluntário, ou simplesmente a exploração de novos modos de lazer. Mas não há a
tal coisa de tempo de graça. Até o tempo custa alguma coisa. Independente de qual novo caminho ou
combinação de caminhos que nós escolhamos na aposentadoria, ela nos custará
dinheiro. Um anúncio em uma revista diz, "A única coisa que é pior que
viver é viver mais que o nosso dinheiro". A estratégia de um arrojado e inteligente
viver cheio de vida é um certo modo de assegurar um século de vida saudável,
mas isso se torna irrelevante se aparece o empobrecimento financeiro. A questão
é claro, se os nossos últimos anos têm que ter o brilhantismo e as promessas que
nós antecipamos, terão que ser abundantemente providos tanto de saúde como de
dinheiro.
Dinheiro: Energia para a vida
Para mim, dinheiro é exatamente uma procuração para a
energia. Eu trabalho, e eu sou pago pelo meu trabalho. Eu coloco o meu dinheiro
no banco de modo que eu posso usá-lo para pagar a energia de outras pessoas,
tal como a produção de alimento, ou jornais ou músicas ou educação ou gasolina.
Ao longo de uma vida, as energias e o dinheiro devem se igualar. Cinqüenta anos
de trabalho a $30.000 dólares ao ano, significam $1.500.000 para pagar pelo
trabalho e produtos dos outros, distribuídos não somente pelos anos de
trabalho, mas pela vida inteira.
Comece a planejar agora
É nessa hora, portanto, que aparece o planejamento de toda
a vida. A verificação da conta precisa mostrar o equilíbrio não exatamente no
final do último mês de trabalho, mas no último mês de vida. Se nós planejamos
trabalhar durante toda a nossa vida, não há necessidade de um planejamento
antecipado, mas se nós paramos de trabalhar antes do término da nossa vida,
poupar é além de uma opção, é imperativo. Nós americanos somos conhecidos por
não sermos bons poupadores, e de fato nós somos normalmente o oposto,
devedores. Essa não é uma estratégia que pode funcionar na aposentadoria.
Enquanto existir um contracheque garantido no fim do mês, consegue-se pagar as
contas, mas quando o salário mensal acaba, as contas tornam-se menos
suportáveis.
Passos para uma independência financeira
O planejamento financeiro e a poupança são as chaves para
manter a independência financeira
enquanto caminhamos para os 100. Assim como nós não queremos depender dos
outros para atender às nossas necessidades físicas enquanto envelhecemos, nós
também não desejamos depender dos filhos, dos netos, e de ninguém mais para
pagarmos as nossas contas. Ser um entendido em dólar na aposentadoria
significa: Planejar para toda a nossa vida, não confiar nas pensões e na
seguridade social, considerar a possibilidade de trabalhar mais do que
pensávamos, usar o nosso capital com responsabilidade, fazer lobby para
incentivos e apoios governamentais para
o final da vida. Com a devida antecedência, arrumar as nossas finanças não deverá
ser um obstáculo para chegarmos aos 100; ao contrário, deverá ser um dos passos
positivos que nós podemos dar para nos encorajar a alcançar aquele nobre
objetivo.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 63 - Ter um plano financeiro para a vida
Quando confrontado por um ladrão que disse "O seu
dinheiro ou a sua vida!" Jack Benny respondeu, "Eu estou pensando bem
sobre isso." Ter bastante dinheiro
para ter uma boa vida é um objetivo evidente. Contudo, a aposentadoria e as
suas implicações financeiras devem ser pensadas antecipadamente. Se nós
acordamos na manhã seguinte à aposentadoria e então começamos a querer saber o
que acontecerá em seguida, nós estamos em um grande transtorno. Eu prevejo que,
com tão descuidado tratamento com o resto da nossa vida, as nossas chances de
chegar aos 100 são quase nulas. Ter um planejamento financeiro para a vida
implica em um número de elementos básicos: 1. Começar cedo. Economizar cedo
paga grandes dividendos mais tarde. Mesmo pequenos e contínuos depósitos mais cedo
nos levam a um bom hábito. Com o passar do tempo, o dinheiro disponível será
igual às opções do final da vida. 2. Ser estável. Não procurar por grandes
retiradas cedo. Adiar as gratificações para garantir competência financeira no
final da vida. As chances são de que nós vamos viver por um longo tempo, e
quanto mais estáveis nós formos ao longo das décadas, maiores serão as chances
de um resultado de sucesso. 3. Arriscar. Quando o nosso plano financeiro para a
vida se tornar conservador, nós estamos em perigo. A vida é inerentemente
perigosa, e nós devemos reconhecer que não há uma aposta segura. 4. Ser flexível.
Estar disposto a passar de uma estratégia para outra. É muito improvável que um
plano de ontem ainda seja o melhor para amanhã. Continuar a reavaliar e a
repensar. Algumas despesas -- tais como moradia, educação, roupas, e
alimentação - normalmente diminuem com o tempo. Outras -- como viagens, entretenimento,
e saúde -- muitas vezes aumentam. 5. Não ser sentimental no programa. Ser
realista e oportunista. Não se apegar a investimentos ou posses simplesmente
por razões sentimentais. O mundo muda, e nós e o nosso plano financeiro devemos
mudar com ele. 6. Pedir ajuda - mas usando múltiplas fontes de informação.
Compreender que todos os entendidos estão lá para dar orientação mais para seu
próprio benefício do que para o nosso. Comparar os conselhos e questionar os
resultados. Cuidado com as comissões. 7. Não se assustar com a inflação. Seguramente,
o nosso dinheiro não estará valendo no próximo ano o que vale hoje, mas sábios
investimentos proporcionam rendimentos que variam com a inflação, de modo que
os produtos do nosso trabalho não serão corroídos pelas tendências inflacionárias.
A inflação pode variar de 2,5 a 7,5 por cento ao ano, e os nossos investimentos
devem levar essa variável em conta.
Cuidado com os planos de aposentadoria antecipada. Eles nos são oferecidos não
para nosso benefício, mas porque eles irão custar menos ao longo do tempo para
a empresa ou para o governo. 8. Ficar atento não somente para as próprias necessidades,
mas também para as dos que estão em volta. Compartilhar o processo do
planejamento com a esposa e os filhos. Perguntar quais são as suas
perspectivas. 9. Estar ciente das despesas bem como dos rendimentos. Ambos
podem e vão mudar. O que é verdade em um balanço em determinado tempo, pode ser
totalmente diferente em outro. Não gastar um dólar é o mesmo que ganhar um. Mas
não ficar com medo de gastar. 10. Se uma estratégia falhar, tentar outra. Não
começar com um plano de perdedor no jogo. Ficar ciente de que planejamento
financeiro implica tanto em elementos emocionais como físicos. Não sacrificar
um por causa do outro. A qualidade de vida é a linha mestra. Planejar significa
estar no ataque. Protege contra a dependência e proporciona auto-suficiência.
Implica em contínuo envolvimento na importante fase da vida ativa.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 64 - Estar ajustado nos bens -- Economizar
A saúde dos bens significa ter bastante não só para hoje,
mas também para muitos amanhãs. Estar ajustado nos bens significa ter uma
abordagem equilibrada. Esse equilíbrio é comparado pelos entendidos a um assento
com três pernas, sendo as três pernas o seguro social, o rendimento do
trabalho, e as economias (incluindo pensões e investimentos). Se nós optamos
por não trabalhar, então as outras duas pernas são consideradas por milhões de
não afortunadas pessoas serem suficientes para a saúde dos bens. Essa é uma
terrível e perigosa ilusão. Na média, o seguro social supre menos que 40 por cento
dos rendimentos no final da vida. A quantia modesta de rendimento proveniente
da seguridade social significa que a estratégia para economizar para a vida é
preponderante para a manutenção da qualidade de vida.
Nós estamos economizando?
Uma pesquisa conduzida pela Merrill Lynch revelou que 15 por
cento das pessoas não têm nenhum plano de previdência, e somente 39 por cento
tem algum plano de previdência para a aposentadoria, seja no trabalho seja em
casa. Esses números são somente a metade do que era há alguns anos atrás. Nós economizamos
menos de 5 por cento do que ganhamos.
Desejar uma aposentadoria antecipada?
Dezenas de milhões das crianças do "boom" de
após-guerra, próximas de virar os 50, estão em grande risco. Mas, como para todos
os problemas da vida, há soluções: continuar a trabalhar, aumentar as economias
ou uma combinação das duas. A atitude que está prevalecendo parece ser antes se
aposentar cedo, mais cedo e cada vez mais cedo, do que o contrário. Se nós
ousamos chegar aos 100, os números simplesmente não aumentam se nós paramos de trabalhar
aos 62. Em 1950, metade da população trabalhadora ainda mantinha seus empregos
aos 65.
Começar a poupar agora
A principal chave do sucesso da saúde dos bens é a duração
do período de economias mais do que a sua engenhosidade. Um dólar economizado
antes dos 40 anos vale oito dólares na idade de 60. Por conseguinte, quanto
mais tempo nós pudermos continuar a economizar, melhor estaremos quando
pararmos. Reciprocamente, quanto mais tempo nós trabalharmos, mais poderemos
economizar, e é exatamente naqueles anos entre os 62 e os 70 que as economias podem
crescer dramaticamente e aumentar imensamente o valor do programa de poupança.
Mais do que contas no banco
O aspecto do plano de economias para o final da vida não é
só o da conta no banco -- por economias quero dizer uma casa, investimentos,
pensões, e outra propriedade. Qualquer programa inteligente investiga todos
esses ativos, em seguida faz o balanço e levanta o seu valor. As economias é
claro, devem incluir não só as nossas necessidades correntes e futuras, mas também
igualmente aquelas da nossa família dependente. Tais economias exigem que nós
mantenhamos atualizados os valores correntes de cada tipo de economia e
exploremos as oportunidades de mudar de um tipo para outro, dependendo das
circunstâncias.
Nossa alternativa: cortar as despesas
O outro modo de economizar é não gastar. Aqui é que onde a
qualidade de vida entra em jogo de novo. O dinheiro é para ser usado para
aumentar a qualidade de vida. Se nós temos a oportunidade de não gastar sem
compensar ou melhorar a qualidade de vida, então nós devemos aproveitar esta
chance. Há muitas estratégias não dolorosas para cortar as despesas, incluindo
a venda de um segundo carro, descartando seguros em excesso, concentrando e
fortalecendo sempre que possível.
Aumentar as nossas opções
A importância das economias é o número de opções que elas
oferecem. Quando nós temos adequadas economias, nós podemos ser mais criativos
com a nossa programação de trabalho. Se as nossas economias forem suficientes
para durarem até nós chegarmos aos 100, então torna-se uma opção se vamos ou
não trabalhar. Poucos de nós na realidade chegamos a esse ideal, portanto
torna-se vital para todos nós economizarmos desde cedo e sem interrupção. O
valor médio do dinheiro que os americanos têm ao se aposentar é de 11.000
dólares. Nós devemos ser bem melhores se desejarmos ter saúde e bem-estar.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 65 – Continuar trabalhando
Vários amigos economistas de Stanford sugerem que se todos
nós estamos realmente planejando viver até os 100, devemos levar em consideração
trabalhar até os 80. Nós somos uma pessoa rara se, na metade dos 60 anos, nós
já temos economias suficientes para suplementar os pagamentos do Seguro Social
e viver sem preocupações até os 100. As três pernas do banco – economias,
Seguro Social, e rendimentos do trabalho – irão normalmente exigir o apoio de
todas as três fontes se o projeto da melhor vida é para ser preservado.
Começar a retrabalhar o “trabalho”.
A conveniência de se prolongar o período de trabalho da
vida não provém somente ou mesmo predominantemente do aspecto financeiro,
apesar de que este aspecto não deve ser subestimado. Para a maioria de nós, o
trabalho proporciona uma de nossas identidades centrais. A aposentadoria
proporciona a oportunidade de se repensar o trabalho.Quase infinitas escolhas
existem. Trabalhar no início da vida é imperativo, tornando-se opcional mais
tarde. Um retrabalho da idéia de trabalho nos nossos 60 nos proporciona um
tesouro carregado de oportunidades, enriquecido por décadas de experiências.
Nós sabemos do que gostamos e do que não gostamos. A compulsão financeira da
experiência dos primeiros trabalhos parece ser menor, permitindo-nos mesmo
maior liberdade na escolha da segunda carreira.
Mesmo trabalho, novo acordo?
A primeira questão a fazer a respeito da nossa carreira é
se a presente situação de emprego pode receber alguma mudança; como divisão de
trabalho, agenda flexível, emprego temporário, e outras oportunidades criativas
– todas elas passíveis de serem exploradas com criatividade conosco pelas
corporações e empresas esclarecidas o
suficiente. Muitos estudos indicam a confiabilidade dos trabalhadores antigos,
que tiveram baixos índices de ausência. Para o empregador, a desvantagem do
trabalhador mais velho é que geralmente envolve uma categoria de salários mais
altos. Certamente a nossa habilidade em ajudar a encaminhar essa questão, criando
por esse meio oportunidades de ascensão dos jovens trabalhadores, será útil.
Tempo de mudanças?
Ou será que está na hora de mudar para uma nova carreira, uma
nova direção, um novo lugar. Leia os anúncios classificados, pergunte aos
colegas, faça novos contatos e amigos, apresente-se para tentar algumas opções.
Uma outra possibilidade é começar o seu próprio negócio. Arriscar faz parte da
idéia do continuado crescimento na vida avançada. Ou talvez nós tenhamos uma
oportunidade de trabalhar em casa. É claro, todas as decisões importantes de
trabalho são mais bem feitas depois que nós as levamos em conta no início da
vida. Eu gosto de criar cenários de possíveis trabalhos para as diferentes
décadas que se estendem à minha frente.
As recompensas imateriais do trabalho
A imagem do trabalho como uma fonte de orgulho – uma razão
para permitir que ele controle a nossa vida – persiste. Trabalharmos nós mesmos
até a morte algumas vezes não nos parece uma má idéia. Um contracheque regular
é uma contínua evidência de valor, dinheiro de fato e significativo. Eu espero
que eu possa desempenhar um trabalho ainda digno de pagamento quando eu estiver
próximo dos 100. Significará que a minha continuada existência é necessária a
alguém, que também acha que o meu trabalho merece recompensa. Um contínuo
envolvimento em uma vida ativa é a peça central de uma vida vivida
completamente. Contínua produtividade é o selo de garantia de um envelhecimento
bem sucedido. O relógio não é a barreira, e esperamos que a vitalidade física
também não seja. Compromisso em significar alguma coisa – neste caso trabalhar
– é fundamental.
99 Ações para se chegar aos 100 anos -- Dr. Walter Bortz
(USA)
Ação 66- Gastar tudo
Esta ação é provavelmente a mais difícil de todas a se
levar à perfeição, exigindo tanto habilidade como sorte. O princípio geral é
sair da vida como nós entramos nela – sem nada. Nunca foi possível propor tal
ação antes, porque a vida tinha sido um jogo de dados que todo o tipo de planos
de contingência artificiais era necessário. Agora, contudo, nós podemos abordar
toda a extensão da nossa vida com inteligência e confiança.
Nosso último dia: De quanto vamos precisar?
Se nós estamos no negócio de planejar toda a nossa vida em
todos os detalhes, parece apropriado levar em conta quanto de dinheiro nós
desejamos ter na nossa conta bancária no dia da nossa morte. Para mim, a
quantia certa parece ser exatamente o que nós precisamos: o suficiente para
pagar as nossas contas e cumprir as nossas obrigações, e não mais. O ideal de
ver quão grande propriedade a gente pode acumular como um indicador de uma vida
bem sucedida não faz absolutamente sentido para mim.
Cuidado com o Tio Sam
A teoria diz que se ambos minha esposa e eu vamos morrer
nos nossos 100 anos ou perto deles, então as nossas necessidades materiais
chegaram a um fim, e toda a nossa riqueza acumulada e energias deverão ser
distribuídas nesta data ou perto dela. Certamente, enfaticamente, nada deveria
ser deixado para o governo cair em cima e espoliar. Se eu faço questão de
contribuir voluntariamente para um contínuo apoio financeiro ao meu país antes
de eu morrer, eu me reservo este direito. Mas a idéia de que algum palhaço em
Washington irá reivindicar o produto das energias da minha vida, só porque eu
não fui esperto ou cuidadoso o suficiente para me livrar da minha propriedade
(para a minha família e para instituições beneficentes escolhidas), me enche de
repugnância.
Doe tudo
Para evitar que isso aconteça, é necessário um criterioso
uso do nosso capital no final da vida. Revogar hipotecas, heranças, e vendas ou
doações dos ativos desnecessários deveria tudo ser deliberadamente planejado.
Eu nunca terei dinheiro sobrando, principalmente na hora da minha morte.
Economizar, em seguida usar, é uma estratégia correta. Eu não tenciono ser
alguma vez esperto o bastante para elaborar os detalhes deste importante passo
de planejamento financeiro, mas eu confio isso à multidão de planejadores
financeiros do mundo. Eu estou certo de que aparecerão diversas brechas nas
taxas, se eu for habilidoso ao lidar com o meu patrimônio. Eu não vou precisar
de dois carros ao morrer. Eu não vou precisar nem de um. Eu não vou precisar de
nada ou do mínimo, esta é a grande estratégia agora. Doando os nossos bens, nós
mantemos o controle sobre a nossa vida e sobre a nossa morte. Eu desejo
desesperadamente ter a satisfação de que o que eu gastei a minha vida
acumulando está sendo distribuído precisamente do jeito que eu quero, e a única
maneira para ter essa confiança é ter uma conta bancária zerada quando eu
morrer. Eu sugiro o mesmo para você. Algum grande sábio uma vez observou, “Nós
não podemos levar nada conosco”. Eu ainda não achei uma exceção a essa regra,
mas nós podemos fazer doações.