DIZ-ME, Ó LUA

Diz-me, ó Lua, por favor,

não te faças tão rogada,

se vistes o meu amor,

lá longe, na terra amada.

 

Diz-me, ó Lua, não escondas,

nem um segredo sequer,

se viste junto das ondas

esse encanto de mulher.

 

Diz-me, ó Lua, bem baixinho,

ao ouvido, p’la calada,

se viste pelo caminho,

passeando a minha amada.

 

Diz-me, ó Lua, que não digo,

deste segredo a ninguém,

se ainda toma castigo,

o meu amor, de sua mãe.

 

Diz-me, ó Lua, p’ra saber

se continua indo à fonte,

buscar água p’ra beber

o meu amor, lá no monte.

 

Diz-me, ó Lua, abertamente,

que minha alma grata fica,

se meu amor, no presente,

ainda baila a chamarrita.

 

Diz-me, ó Lua, tu, submissa,

ao que dou grande valor,

se ainda vês ir à missa,

aos domingos, meu amor.

Diz-me, ó Lua, que não falo,

a ninguém eu direi tal,

se vai à missa do galo

meu amor, quando é Natal.

 

Diz-me, ó Lua, agora apenas,

baixinho como convém,

se ainda vai às novenas,

pelo Natal, o meu bem.

 

Diz-me, ó Lua, e eu não direi

a ninguém, nada de nada,

diz-me tudo o que não sei,

segredos da minha amada.

      ©  José Pereira Mancebo (SILAPI)   

Publicado no Jornal “O Dever”   

Nº- 3894 de 26 de Dezembro de 1996  

E-Mail
Poema de:
 ©José Pereira Mancebo

==

Voltar

Portal da Página e Ilustrações de: Picos de
Saudade ©Ann Marie

Pagina 18

Saudade