Por Antonio Luiz de Oliveira - PY3AL
Surgiu em data distante (1861)
Em Porto Alegre, no Centro
Um nome que no momento
Motiva esta homenagem
Vislumbrado o personagem
Que começo a desenhar
Na busca de resgatar
A grandeza de seus feitos
E também alguns defeitos
Se porventura encontrar
Dona Sara Marianna Landell
E Inácio Ferreira Moura
Foram o pai e a genitora
Do garotão muito esperto
Que se chamava Roberto
Com seu nome confirmado
No ato do batizado
Feito aqui nesta cidade
Com dois anos de idade (1863)
Quando foi sacramentado
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Com certeza herdou dos pais
Algum traço definido
Foi menino extrovertido
Em busca de novidades
Estudou Humanidades (1872/77)
E partiu pro Rio de Janeiro
Foi estudante, caixeiro
Mas seguindo seu destino
Procurou um outro ensino
Que fosse mais verdadeiro
Matriculou-se em Roma
De acordo com sua fé
Pertinho da Santa Sé
Estudou Filosofia
E também Teologia
Sendo este mesmo o mote
Pra se tornar sacerdote (1886)
Sem descuidar dos inventos
Que foi um de seus intentos
Desde quando rapazote
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Com seu gênio desinquieto
Era um padre itinerante
Parava só um instante (1887/1900)
Em suas várias mudanças
Foram assim suas andanças
De Porto Alegre a Santana (SP)
Campinas, Santos, Uruguaiana
Como vigário e confessor
Cientista e professor
Servindo a espécie humana
Roberto Landell de Moura
Tinha até fama de santo
Havia alguém, entretanto
Que o considerava "bruxo"
Assustava algum gaúcho
Com idéias avançadas
E atitudes ousadas
Como repreender as beatas
Pra que fossem mais sensatas
Principalmente as casadas
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Os sermões que ele pregava
Calavam fundo na alma
Pois eram escritos com a calma
De quem falava com Deus
Por isso os cadernos seus
Guardam ainda a doutrina
Que uma mente cristalina
Produziu durante anos
Ensinando aos paroquianos
A mais cristã disciplina
A versatilidade do gênio
É clara, não se ignora
Buscava em Nossa Senhora
Seu amparo e proteção
Prevendo a televisão (1904)
Antes que falassem dela
Antevendo assim a tela
Em silêncio, sem alarde
Pra vinte e dois anos mais tarde
Alguém abrir a "janela"
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Onde quer que ela andasse
Despertava curiosidade
Pela extrema habilidade
De mexer com coisas estranhas
São muitas suas façanhas
No campo do Espiritismo
E também do Hipnotismo
Com alguns experimentos
Ou simples divertimentos
Alheios ao cristianismo
Com cabeça prodigiosa
Carregada de projetos
Catava sempre objetos
Dos inventos que montava
Ou então os fabricava
Suprindo a necessidade
Superando a dificuldade
Que surgisse em seu caminho
Com capricho, com carinho
E sem qualquer valeidade
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A criação importante
Que serviu de apanágio
Foi a invenção do rádio (1893)
O pai, o mestre, a razão
De qualquer comunicação
Por onda hertziana
O que muito nos ufana
Mas a inércia oficial
Permitiu que seu rival
É que ficasse com a fama
A grande prova no ar (1889)
De transmissão à distância
Teve toda a relevância
Que tal fato requeria
Pra mostrar que a telefonia
Já dispensava o fio
Sendo esse o desafio
Assistido pela imprensa
Que lhe deu a recompensa
Fazendo algum elogio (1900)
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Os processos de inventor
Conforme era previsto
Só encontraram registro
Depois de grande labuta
Mas enfrentou essa luta
Na forma de seu perfil
Registrando no Brasil (1901)
O primeiro aparato
Que transmitia de fato
Qualquer som, por mais sutil
Nosso ilustre conterrâneo
Foi um grande brasileiro
É patrono verdadeiro
Dos que amam seus inventos
E dizem aos quatro-ventos
Com orgulho, com louvor
Pois o bom radioamador
Que serve à sociedade
Por sua livre vontade
Nunca espera algum favor
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Finalmente reconhecido
Depois de alguns desenganos
Recebeu dos americanos
Três patentes de inventor
Do sonhado transmissor (1904)
Que ganhou tanto elogio
A do telefone sem fio (1904)
E também da melhoria
Da própria telegrafia (1904)
Para completar o trio
Perdão ilustre pastor
Pela simplória abordagem
Que a título de homenagem
Quis colocar no papel
Mas foi tarefa cruel
Diante de sua estatura
Senti me faltar cultura
Pra descrever seus inventos
E alcançar seus pensamentos
Confesso, não tenho altura
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Colaboração de Ivan Dorneles Rodrigues - PY3IDR
e-mail: ivanr@cpovo.net