* * * RADIOAMADORISMO * * *



QSL


           É muito comum ouvir-se pelas faixas, reclamações as mais diversas sobre o baixa percentual de confirmações recebidas, em comparação com o número de QSL expedidos.

          As queixas são generalizadas até mesmo entre os radioamadores mais antigos, não se configurando o problema como "privilégio" dos novatos. Em contraposição, encontramos diversos colegas bem sucedidos nesse mister, ostentando percentuais invejáveis, por vezes acima de 90%. Algum mistério nisso? Sorte? Enfim, o que poderia estar acontecendo?

           Entre os radioamadores mais experimentados, detentores dos mais cobiçados diplomas, existe um consenso razoável de que tudo não passa de pura e simples observação de certos procedimentos elementares, acessíveis a qualquer um.

           Evidente que tais práticas não são infalíveis, nem esgotam totalmente o assunto. Dir-se-ia até que poderiam ser absolutamente inócuas em relação ao "mau pagador" de QSL.

           Infelizmente é preciso registrar a existência de amadores que não possuem o menor interesse em receber e, menos ainda, em pagar QSL. Existem até aqueles que pedem polidamente para que não se lhes mande o cartão, porquanto não colecionam essas confirmações. Traduzindo: a nossa bonita e dispendiosa "cartolina" vai inexoravelmente à cesta de lixo... Mas, em verdade, estes são minoria na sua excentricidade.

           Pagar QSL é muito mais que simples gentileza da parte de quem recebe um pedido de confirmação: é dever, pois isso faz parte das regras universalmente consagradas pelo uso e costume da prática radioamadorística.

           Enfim, que procedimentos são esses que otimizam o recebimento de cartões? O que vamos descrever, a seguir, reflete unicamente o nosso ponto de vista. São meras sugestões, com as quais o leitor pode concordar ou não, mas que vêm demonstrando eficácia no nosso caso particular.

           Inicialmente, se você tem interesse especial em determinada confirmação, saiba que deverá tomar a iniciativa de remeter primeiro o seu QSL. Ficar esperando que o outro expeça previamente o dele poderá significar o não recebimento daquela confirmação. Não raro ouve-se pela faixa, alguém dirigir-se a outrem reclamando o QSL; a resposta quase sempre vem curta e seca: "Também não recebi o seu".

           Falemos um pouco do QSL em sí. É preciso compreender, antes de mais nada, que você deve facilitar o trabalho de quem vai proporcionar-lhe a confirmação.

           Com isso em mente, surge a questão da legibilidade do QSL como um dos fatores importantes. Vale o destaque: os QSLs precisão ser legíveis! Acostume-se a usar letra de forma e capriche na escrita dos numerais.

           Muitas confirmações deixam de ser expedidas basicamente porque não se conseguiu decifrar a data do QSO... Um detalhe: o algarismo "7" deve preferentemente ser grafado ao estilo europeu, ou seja, cortado com um traço, a fim de facilitar a distinção com o algarismo "1".

           Outro pormenor não menos digno de nota diz respeito à impressão do nosso próprio indicativo de chamada no cartão QSL. O indicativo deve ser impresso com o devido destaque, clareza e proeminência. Há colegas mal informados que, inadvertidamente, utilizam uma cartolina enorme (fora dos padrões, diga-se de passagem) com o seu indicativo de chamada minusculamente impresso num canto qualquer.

           Vamos passar agora aos dois pontos onde ocorrem as maiores confusões na tarefa de pagamento de QSL: a data e a hora do QSO! No exato momento de um QSO você tem sua data e hora local.

           Sucede que, noutros pontos do globo terrestre, colegas radioamadores ainda estão com um dia de antecedência e outros já estão vivendo o dia seguinte! Portanto, em qualquer dado momento, sobre a face da terra ocorrerá a existência de três datas locais ao mesmo tempo. Imagine-se, então, trabalhando três estações situadas naquelas áreas geográficas.

           Se você grafar no QSL a sua data e hora local, muito provavelmente só conseguirá a resposta de apenas um deles! Daí a necessidade obrigatória de utilização do padrão comum: a hora UTC (Universal Time Coordinated), a hora GMT (Greenwich Meridian Time) ou Z (Zulu Time), todas com o mesmo significado.

           Esse aspecto assume importância extraordinária mormente quando o pedido de confirmação é feito através de Gerentes de QSL (QSL Managers), que não têm obrigação nem tempo para fazer conversões desta espécie.

           Ainda sobre a data do QSO, acrescentaríamos ser indispensável grafá-la de modo correto. Imagine um radioamador americano recebendo o seu QSL com a data 07/08/99.

           Ele certamente vai procurar o contato, no Livro de Registro, na data de 8 de julho de 1999. Se, efetivamente, o QSO aconteceu no dia 7 de agosto de 1999, as chances de recebimento da confirmação são bastante reduzidas; ou praticamente nenhuma, no caso de a remessa ter sido dirigida a um "QSL Manager". Uma das formas usadas para evitar semelhante problema de data é grafar o (s) algarismo (s) do mês com numerais romanos, simultaneamente com os do dia e do ano em numerais arábicos, como por exemplo: VIII/07/99 ou 07/VIII/99, ambos para a data de 7 de agosto de 1999.

           Nunca esquecer de cortar (passar um traço em cima) os zeros. Preferimos, contudo, por ser mais simples, grafar tudo com algarismos arábicos, desde que o QSL seja impresso com as expressões: Day/Month/Year (Dia/Mês/Ano).

           Não seria demasiado esclarecer que os QSLs devem também indicar claramente o modo de operação, a reportagem enviada e a faixa (ou freqüência) onde o QSO foi realizado. Além de ajudar na localização do contato, esses dados são imprescindíveis na validação do QSO para efeito da obtenção da maioria dos diplomas radioamadorísticos. O ideal seria que todos dos dados do QSO estivessem indicados apenas num dos lados do QSL.

           Quando, porém, o indicativo de chamada está impresso na frente do QSL e os dados do QSO figuram no verso, devemos imprimir o indicativo de forma reduzida também no verso. Isso ajuda muito e previne a ocorrência de erros. A propósito, é bom lembrar que a hipótese de seu QSL estar impresso totalmente num dos lados da cartolina, aconselha-se escrever o indicativo da estação destinatária em ambos os lados, visto que tal providência facilita a separação nas Gerências e a distribuição nos "Bureaux".

           Se você tem especial interesse em determinada confirmação e não deseja correr o risco de perdê-la, o ideal é fazer o pedido pela via direta, posto que a remessa através dos "bureaux" podem ser extremamente demorada, a ponto de nem mesmo encontrar o destinatário. Muitas vezes, também o destinatário não é filiado à sociedade nacional ou regional de radioamadores que administra o "bureaux", ficando, portanto, prejudicada a entrega.

           Uma vez decidida a remessa direta, outros cuidados adicionais se fazem necessários. Recomenda-se enfaticamente o uso de envelope auto-endereçado e de IRC's (International Reply Coupons) para cobrir as despesas de porte pela via indicada.

           Só utilize selos se estiver totalmente seguro do preço cobrado pela expedição da carta. Lembre-se de que selar insuficientemente uma carta resulta num procedimento burocrático dispendioso, tudo correndo por sua conta. Jamais remeta dinheiro junto com o QSL, visto ser proibido em lei e ter o inconveniente de nem sempre ser possível trocá-lo por selos no país de destino.

           Se a remessa é para um Gerente, a regra básica e remeter tantos envelopes auto-endereçados e tantos IRC's quanto sejam as confirmações requeridas.

           Embora fique mais caro, particularmente aconselhamos expedir um QSL em cada correspondência, evitando-se juntar várias cartolinas numa mesma sobrecarta.

           No endereçamento da correspondência, sempre que possível, evite mencionar o indicativo de chamada do remetente e do destinatário. Aí por fora existem carteiros desonestos que abrem correspondências que sabem provenientes de ou dirigidas a radioamador, para delas retirar cartões postais, "souvenirs" e outras coisas mais.

           Pelos mesmos motivos, convém postar a carta com selos comuns ou simplesmente franqueá-la; evite utilizar selos especiais ou comemorativos. Se, contudo, a carta é dirigida a um Gerente de QSL, o jeito é correr o risco de modo mais ou menos velado.

           Nestas, é de bom alvitre apor no verso do envelope, na parte superior, os indicativos das estações envolvidas no QSO, a data, a hora UTC e faixa (exemplo: XZ5A - PY3AJB - 04/VII/99 - 1115 UTC - 14 Mhz). Esta providência ajuda o Gerente a colecionar os pedidos por ordem cronológica e a checar o contato, sem necessidade de abrir a carta e de fazer anotações prévias.

           A seguir, mais duas sugestões finais. O envelope auto-endereçado deverá ficar com a dobra pelo lado de baixo da sobrecarta.

           O motivo é simples: muita gente usa abridor de correspondência do tipo guilhotina e o corte é feito na parte superior da sobrecarta.

           Isso evita que o seu envelope condutor da resposta seja cortado ao meio, inconveniente que vai inviabilizar o pagamento do QSL ou, no mínimo, retardá-lo. E, por fim vale esclarecer que 1 IRC cobre somente as despesas de carta simples de primeiro porte, dirigida ao exterior por via de superfície.

           Se temos pressa no recebimento do QSL e indicamos a Via Aérea, faz-se necessário anexar um número suficiente de IRC's.

           Na maioria dos países, 3 IRC's são bastantes para cobrir o porte por Via Aérea. Contudo, há muitos países onde o porte aéreo custa entre 4 e 8 IRC's. Vale a pena dar uma olhada na relação junto ao Callbook americano.

           Esperamos ter esclarecido algumas questões fundamentais sobre este importante assunto e que os colecionadores de QSL possam melhorar o seu índice de confirmações.

Colaboração de Ivan Dorneles Rodrigues - PY3IDR
e-mail: ivanr@cpovo.net  


| Retorna | Recomende esta pagina a um amigo | imprimir esta pagina |



Publicado em 28 de junho de 2006
Atualizado em 28 de junho de 2006