* * * RADIOAMADORISMO * * *



REFLEXÕES DE UMA YL


Por Alda Schlemm Niemeyer - PP5ASN

           Não é fácil tornar-se radioamadora. Ser esposa, mãe, dona-de-casa, cozinheira, governanta de sogra, chofer, estudar tabuada com os netos, e, estudar radioeletricidade para um exame é dose. Não é por menos que a mão suada treme, segurando a caneta no exame! Mas, as dificuldades começam depois de ter vencido estes obstáculos.

           Já que o equipamento apareceu milagrosamente, com um sorriso meio desconfiado do "carvão" (que não é radioamador) resta a pergunda: quem ajuda nas antenas? Descobrimos que temos colegas fora de série, que se prontificam (em troca de uma feijoada e cerveja) a medir, soldar e levantar as antenas.

           Não importa que a solda pingue no pé da gente, não importa o olhar espantado quando nos "metemos" em todo este trabalho. Vale o primeiro chamado "CQ - Geral" e, o nó na garganta é facilmente vencido, escutando as primeiras modulações. Como é vantajoso ser "YL" (Young lady), modulação procurada pelos "OMs" (Old mans). Um mundo se abre, no sentido da palavra. Mas, não pensem que as dificuldades acabaram.

           Bem na hora que somos chamados numa rodada, bate o telefone. No meio do mais interessante contato com um colega em DX vem um cheiro de queimado do forno, onde devia assar o pão, em vez de queimar. Bem armada com fones de ouvido, olhos cravados no painel do equipo para não perder a "figurinha" tão almejada, alguém cutuca o braço: "Vovó, quero fazer xixi".

           E, as dificuldades técnicas! Um dia notamos que não transmitimos. Escutando bem o colega, ele não nos escuta. Não adianta modular mais alto, não saímos. Lá vai o equipamento p'ro conserto. Dois dias depois um telefonema, uma gargalhada: "...como você quer que alguém te ouça, se você tem o mic-gaine todo fechado!". Vermelho de vergonha a gente jura, nunca mais tirar o pó do equipamento.

           E, mesmo já radioamadora escolada, um dia notamos que fizemos um belíssimo câmbio, segurando o microfone do lado errado. Ou, falamos no microfone dos 2 metros, devidamente sintonizados em 40 metros. O consolo vem de um radioamador-amigo, um pioneiro nas faixas: aconteceu a ele também.

           Chegamos à conclusão de que não há dificuldades que supera o prazer e a satisfação de ser radioamadora. Tenho certeza que muita radioamadora devidamente licenciada estaria com a gente na freqüência, se tivesse feito a gratificante esperiência de ser YL ativa.

           Os colegas radioamadores são gentis e pacientes com as nossas falhas. Aprendemos rapidamente que não tem só blá blá blá na freqüência, que achamos amigos, podemos ajudar, podemos ser úteis e, em caso de emergência, somos já bastante treinados para prestar serviços aos que necessitam de nós e das nossas modestas estações.

Colaboração de Ivan Dorneles Rodrigues - PY3IDR
e-mail: ivanr@cpovo.net  


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Publicado em 02 de julho de 2006
Atualizado em 02 de julho de 2006