Colunas de som e a potência dos seus altifalantes.


São normalmente conhecidas por colunas de som as caixas contendo um ou mais altifalantes, iguais ou diferentes por onde os equipamentos de som (vulgo aparelhagens) convertem a energia eléctrica correspondente ao sinal sonoro em som.

Essas colunas podem ter vários altifalantes mas consideremos estar na presença de uma coluna de som de três vias, com três altifalantes.

Ressalvando o caso de alguns fabricantes que inventam as mais mirabolantes histórias para vender material, cada um destes altifalantes é suposto ficar encarregue de reproduzir determinado grupo de frequências de som. Para que isso possa acontecer é suposto haver algum dispositivo que separe os sinais correspondentes às frequências com que é suposto operar cada altifalante (bandas). Este processo pode conseguir-se de várias formas mas esse assunto está, de momento, fora de contexto.

Esses três altifalantes, um maior, outro mais pequeno e outro ainda mais pequeno, são o que corresponde às chamadas três vias ou três bandas (banda de graves, de médios e de agudos).

Porque se observa facilmente o movimento do altifalante de graves mas não o de agudos? De facto o que se passa é que o ouvido humano não é linear em muitos aspectos, sendo um deles a resposta em frequência.

Por linearidade em função da frequência entende-se a diferença da intensidade do estímulo que sentimos na presença de duas frequências diferentes de igual amplitude.

Vamos decompor a palavra amplitude. Imaginemos dois instrumentos: um bombo e uma campainha. Se um bombo for percutido, a respectiva membrana move-se claramente, talvez 1cm para cada lado. Se o mesmo se fizer a uma campainha é claro que o som resultante não é originado num movimento da superfície da campainha de amplitude sequer semelhante ao movimento da membrana do bombo.

Claro que se pode argumentar que o bombo dará um som mais forte. No entanto é possível colocar uma audiência perante os dois instrumentos e procurar qual a força com que ambos os instrumentos devem ser percutidos de forma a obter de ambos a mesma intensidade, do ponto de vista humano. Por mais voltas que se dêem, a amplitude do movimento da superfície de ambos os instrumentos é sempre radicalmente diferente. O bombo terá uma muito maior amplitude.

Pode perguntar-se porque é assim, e a resposta pode ser ‘porque é assim que o mundo está feito’. Este tema está claramente fora deste contexto. Na natureza os ruídos graves implicam sempre uma muito maior amplitude de movimento da superfície de onde eles saem que os ruídos agudos. Talvez por esse facto o nosso ouvido reage de forma algo contrária, sendo muito mais sensível às frequências altas que às baixas.

Não parece agora estranho que não se observe facilmente o movimento do altifalante de agudos. Ele tem uma amplitude muito pequena.

Quanto à relação entre a potência do sinal eléctrico entregue a cada um destes altifalantes? A relação será aproximadamente a mesma. As potências entregues aos altifalantes de agudos são muito mais baixas que as entregues aos altifalantes de graves.

Evidentemente que esses altifalantes não trabalham com uma só frequência, trabalham com bandas, que são, todas as frequências entre dois valores, mínimo e máximo. Essas bandas variam de fabricante para fabricante de acordo com a sua perspectiva de construção da coluna. No entanto, se imaginarmos uma coluna de 100 watt de três vias, poderemos dizer que, tipicamente, o altifalante de graves terá 100 watt, o de médios 20 watt e o de agudos 5 watt.

Na generalidade dos casos, a potência da coluna é determinada pela valor do altifalante de graves.

Quando se refere que um altifalante de agudos tem 100 watt, embora muitas vezes tal esteja marcado no altifalante, ele não tem semelhante potência. Simplesmente terá a potência necessária para ser instalado numa coluna de 100 watt. Se a um altifalante de agudos marcado como de 100 watt lhe forem aplicada tal potência ele avaria em poucos segundos. Atenção que 100W aplicados durante poucos segundos a um altifalante de agudos provoca tal ruído que pode causar sérios danos aos ouvidos do experimentador. Cuidado, portanto, com este tipo de testes.

Pergunta-se então para onde vão os 100 watts entregues a uma coluna de som? À volta de metade vai para o altifalante de graves e a maior parte do restante para o de médios.
 

Copyright © Raúl Ferreira; 1997
ver 1.00w - 97.05.30



Caso tenha sugestões ou comentários dirija-os para raul_ferreira@oocities.com