Este texto pretende clarificar o que significam os valores indicados
de potência em amplificadores de som.
É algo normalmente empolado pelos fabricantes de equipamentos dúbios.
Na opinião do autor, equipamentos especificados em potência musical são equipamentos a evitar.
Se não estivéssemos num campo em que o "marketing" faz aparecer unidades de medida bizarras e o termo RMS não seria necessário porque estaria implícito.
O apuramento do valor de potência RMS não é feito normalmente directamente mas através da medição da tensão (voltagem) aplicada a uma carga conhecida (resistência, por exemplo).
O que se pretende, ao fim e ao cabo, é saber qual seria a potência necessária, em corrente contínua, para gerar a mesma quantidade de calor na carga aplicando corrente alternada (caso do som).
No caso dos amplificadores traduz a potência máxima que o equipamento pode entregar à carga (as colunas de altifalantes) por período prolongado de tempo (horas, por exemplo) sem se danificar.
Qualquer amplificador pode debitar potências superiores por curtos espaços de tempo desde que esse período de excesso seja seguido por equivalente período de defeito. Exemplificando, determinada peça musical pode fazer com que um amplificador debite potência instantânea superior ao indicado RMS no ponto em que um bombo é percutido, mas, entre duas batidas de bombo, a potência requerida deverá ser inferior à RMS.
A potência RMS é normalmente medida aplicando um sinal sinosoidal ao amplificador e fazendo-se medições apropriadas na saída.
Chama-se a atenção que a generalidade dos voltímetros capazes de medir tensões alternadas não medem tensões RMS mas tensões médias. Esses multímetros estão construídos de forma a exibirem valores que no caso de formas de onda sinosoidais coincidem com os valores RMS.
A medição deve ser feita usando uma carga resistiva. Colunas
de som têm uma impedância muito longe de ser uniforme e este
tipos de testes usando como cargas as colunas de altifalantes podem ter
consequências desastrosas além de muito imprecisas.
A potência máxima de pico é a potência instantânea (medida num muito curto espaço de tempo) que um amplificador consegue debitar sobre uma carga. Essa potência é quase somente função da tensão de alimentação interna do amplificador e do valor da carga.
A potência de pico (por si só) pode ser ou a anterior,
ou a variante da anterior mas aplicando um pico na presença de uma
sinosoide à máxima potência RMS. Naturalmente que a
potência de pico é inferior à potência máxima
de pico para um dado amplificador porque a fonte de alimentação
já não está tão ‘folgada’ quanto o estaria
nas condições de teste da potência máxima de
pico. Se o fabricante não explicar exactamente a que se refere não
há forma de o saber muito embora tenda a usar a potência máxima
de pico porque é sempre superior.
Aplicando um sinal sinosoidal de forma a colocar o amplificador no regime acima, podemos, se tivermos para isso equipamento, fazer uma série de medições. Alternativamente podem calcular-se os valores esperados recorrendo de equações relativamente simples mas que estão fora de contexto.
No caso escolhido para exemplo temos:
Tensão RMS aplicada na carga - 28.28V
Corrente aplicada na carga - 3.54A
Potência resultante - 100W
Obs. Os valores de tensão e corrente foram arredondados.
Se o fabricante anunciar que a potência de pico desse amplificador
é de 200W é o mínimo a esperar porque a potência
instantânea do pico dessa mesma sinosoide de teste já é,
naturalmente, de 200W.
Copyright © Raúl Ferreira; 1997
ver 1.00c - 97.05.30