HISTÓRIA

Nome: Botafogo de Futebol e Regatas

Fundação: 8 de dezembro de 1942

Endereço: Av. Venceslau Braz,72 - Rio de Janeiro - RJ

CEP: 22.290/140

Tel: (021) 295-3297

Estádio: Caio Martins, Niterói

Capacidade: 12.000 pessoas

Mascotes: Manequinho e Pato Donald

  

Numa manhã de agôsto de 1904, Flávio Ramos, 14 anos, não resistiu e, em plena aula de álgebra, escreveu um bilhete e passou a Emanoel Sodré sem que o professor, o general Júlio Noronha, percebesse:

"Itamar Tavares tem um clube de futebol que joga na Rua Martins Ferreira. Vamos fundar outro, no Largo dos Leões? Podemos falar com Arthur César, Vicente, Jacques e os irmãos Werneck. O que é que você acha?"

Emanoel Sodré deixou a resposta para o final da aula, mas, a partir daquele momento, a vida dos alunos do Alfredo Gomes e de todos os vizinhos do Largo dos Leões não seria mais a mesma.

O Rio de Janeiro não estava bem. Eram frequentes os casos de febre amarela, varíola e até peste bubônica. O presidente da República, Rodrigues Alves, auxiliado pelo sanitarista Osvaldo Cruz e o prefeito Pereira Passos, além dos engenheiros Paulo de Frontin e Francisco Bicalho, iniciara o trabalho de demolição de velhos pardieiros para abrir espaços e facilitar o saneamento e a construção de esgotos. A vacinação obrigatória levantou o povo contra Rodrigues Alves.

Mas os jovens do Largo dos Leões estavam mais preocupados em fundar um clube. Deixaram de lado os domingos de regatas na Praia das Virtudes, onde hoje fica o Aeroporto Santos Dumont, e trataram de executar o plano. Na tarde de 12 de agôsto, uma sexta-feira, reuniram-se no casarão do conselheiro Gonzaga, na esquina de Humaitá com Largo dos Leões - antiga estação dos bondes puxados a burro. Um dos jovens levou à reunião um talão de recibos do extinto Eletro, clube de pedestrianismo, para cobrar os 2 mil-réis da primeira mensalidade, e este foi o nome escolhido. Aí, Itamar Tavares, que estudara alguns anos na Itália, admirador da Juventus, sugeriu as cores branca e preta, as camisas com listras verticais, iguais às do clube italiano, e calções brancos.

Antes da segunda reunião, no dia 18 de setembro, a avó de Flávio Ramos, Francisca Teixeira de Oliveira, dona Chiquitota, perguntou pelo nome do clube: "Eletro Clube? Que falta de imaginação, meninos! Aqui neste bairro o clube só pode se chamar Botafogo".

A troca de nomes aprovada por unanimidade, o grupo decidiu-se por Botafogo Football Club. Homenagem ao bairro, assim batizado por João Pereira de Souza Botafogo, lugar-tenente do governador-geral Antônio Salema. Por Ter sido ajudante de Salema, Pereira de Souza ganhou duas semarias, a de Francisco Velho e a de Inhaúma. A primeira na bela enseada que hoje leva seu nome, adotado por seus ancestrais, pela fama do galeão São João Batista, mandado construir pelo rei Dom João II, em 1519. O galeão tinha poder de fogo de 200 peças de artilharia pesada e ganhou o apelido de Botafogo. Os feitos do galeão foram tantos que os nobres portugueses tiraram carta de brasão e armas com o título de Botafogo.

Indiferentes à história, os meninos escolheram sua primeira diretoria: presidente, Alfredo Guedes de Mello; vice, Itamar Tavares; secretário, Mário Figueiredo; e tesoureiro, Alfredo Chaves. O primeiro amistoso foi a 2 de outubro de 1904 contra o Fooball and Athletic Club, na Tijuca. Vitória por 3 x 0. O primeiro campo era no próprio Largo dos Leões, entre as palmeiras imperiais que serviam de balizas; o segundo, na Rua Conde de Irajá, que em 1905 já não servia por falta de espaço para uma arquibancada. Tentou-se alugar um terreno na Rua Humaitá, 52, mas o clube foi enganado porque o imóvel já estava alugado a um português dono de quase 30 burros de carga, que não ia ser fácil enxotar. A solucão foi voltar à Conde de Irajá. Em 1906, a sede era na casa do benemerito Alfredo Chaves, na Rua São Clemente, 182, e o campo, na Rua Real Grandeza, 11, alugado por 150 mil-réis. Inscrito para disputar o Campeonato Carioca, o Botafogo inaugurou o campo da Rua Voluntários da Pátria, 209, no dia 31 de maio de 1908. No ano anterior, o Botafogo havia terminado o campeonato em primeiro lugar ao lado do Fluminense. O regulamento previa um jogo desempate, mas o Fluminense não topou, virou a mesa e o campeão não ficou definido. Em 1990, o Tribunal da Federação deu razão ao Botafogo, mas o Flu recorreu e o título continua dividido.

Vice-campeão em 1908 e 1909, o Botafogo conseguiu seu primeiro título em 1910. Um campeonato que ficou para a história: "Botafogo, Botafogo, campeão desde 1910..." lembra o hino composto por Lamartine Babo. Infelizmente, o dono do terreno onde o clube armou sua primeira arquibancada social não renovou contrato e o Botafogo se viu de novo sem campo. Magoados com o diz-que-diz "o Botafogo morreu", Alfredo Couto, Paulo Martins, Eduardo Alexandre, Antônio Mota Júnior e Luís Rebelo foram à procura de um terreno para a nova sede. Encontraram a área abandonada onde seria construída a Universidade do Brasil. Com a interferência de famílias ilustres, o Ministério da Justiça concordou em alugar o terreno por 300 mil-réis mensais e, entre 1912 e 1924, o Botafogo, renovando o aluguel, permaneceu em General Severiano. Em 2 de janeiro de 1925, o presidente da República Artur Bernardes sancionou projeto do Congresso Nacional autorizando aforamento do imóvel ao Botafogo. Os projetos dos arquitetos Couchet e Memória foram obedecidos e, no dia 15 de dezembro de 1928, o Botafogo inaugurou sua sede colonial. A construção do estádio demorou dez anos, por falta de verba. A obra, projetada pelo arquiteto Rafael Galvão, só foi inaugurada na tarde de 28 de agôsto de 1938, em jogo contra o Fluminense. Vitória do Botafogo por 3 x 2, gols de Patesko (2) e Perácio. O time: Aimoré Moreira; Bibi e Nariz; Zezé Moreira, Martim e Canalli; Teo, Pascoal, Carvalho Leite, Perácio e Patesko. O Fluminense: Batatais; Moisés e Guimarães; Santamaria, Brant e Orosimbo; Bioró, Romeu, Sandro, Tim e Hércules.

Em 1942, 8 de dezembro, veio a fusão com o Clube de Regatas Botafogo, fundado em 1º de julho de 1894, sediado também em Botafogo e alvinegro. Primeiro no prédio onde hoje está o Colégio Andrews, depois no Mourisco.

Enquanto esteve em General Severiano, o Botafogo acumulou glórias, títulos memoráveis como o de 1948, interrompendo a hegemonia do famoso Expresso da Vitória do Vasco; o de 1957, goleando impiedosamente o Fluminense por 6 x 2 na decisão; os bicampeonatos de 1961 e 1962 e de 1967 e 1968. Mas, a partir do dia 12 de agôsto de 1977, quando o clube completou 73 anos, envolveu-se em seguidas crises políticas.

A diretoria vendeu a sede de General Severiano à Companhia Vale do Rio Doce para saldar dívidas com a Previdência, negócio iniciado pelo ex-presidente Rivadávia Correia Meyer e consumado na primeira administração do ex-presidente Charles Borer.

A volta dos títulos começou em 21 de junho de 1989, na histórica vitória de 1 x 0 sobre o Flamengo, quebrando o jejum de 21 anos com uma campanha invicta. No ano seguinte veio o bi, em 1993 a Copa Conmebol e 1995 o Campeonato Brasileiro, comandado por Túlio, Gonçalves e Donizete. No mesmo ano o clube voltou à antiga sede, onde a torcida comemorou a Taça Guanabara (com 100% de aproveitamento) e o Campeonato Estadual de 1997.